31 janeiro, 2009

No Times de hoje #91

It's Theirs And They're Not Apologizing, o artigo do Times de hoje que fala dos bonus pagos aos executivos financeiros em Wall Street no final de 2008. O valor terá rondado os $18 biliões, numa altura em que os mercados já andavam pelas ruas da amargura. Claro que os políticos (aqui e em todo o lugar) se aproveitam da situação chamando-a imoral e perversa e que estamos a falar de uma cambada de ladrões... afinal de contas é isso que vende jornais e os políticos, acima de tudo, querem melhorar os seus índices de popularidade. Por seu lado, os ditos executivos dizem que para o cidadão comum (Main Street) bonus significa prémio ou prenda, enquanto que nos mercados financeiros (Wall Street) é parte da compensação laboral pelo que eles não estão a roubar nada a ninguém. Até podem ter razão, se bem que eu não acredito que seja tudo apenas uma questão de semântica. Trata-se de saber como são os contratos destes individuos, porque no fim de contas é tudo uma questão de incentivos. Há duas hipóteses: #1 os bonus estão ligados ao resultado dos fundos de investimento geridos, pelo que correctamente são chamados bonus; #2 os bonus são ligados a uma medida subjectiva dos resultados (por exemplo, expectativas de resultados em determinada altura do ano), pelo que são pagos irrespectivamente do resultado, devendo por isso ser chamados salários e não bonus. O problema é que ninguém tem acesso a estes contratos. Fica a foto da semana, não do New York Times mas circulada por email, acompanhada da legenda desde que veio a crise financeira já não consigo dormir bem :-)
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Mais um exemplo de incentivos a funcionar. As autoridades da California já há anos que tentam convencer os seus habitantes a consumir menos energia, oferecendo descontos a consumidores que investissem em electrodomésticos de baixo consumo. Em vão. Desde Abril, 35,000 consumidores seleccionados aleatoriamente receberam a factura mensal não só com o consumo próprio, mas também com o consumo relativo dos vizinhos (com casas e agregados familiares semelhantes) e ainda a comparação do seu consumo com o dos 20 consumidores mais eficientes na poupança energética. E não é que resultou?!

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