31 julho, 2019

Foi neste dia #334 (1750)

Há 269 anos morria D. João V, com 60 anos, no Paço da Ribeira em Lisboa, o mesmo local onde tinha nascido. Do rei magnânimo sabemos essencialmente o legado físico e documental que ficou do seu reinado: magestosos palácios (Mafra) e igrejas (São Roque), prestígio internacional (com opulentas embaixadas a Paris e a Roma para onde enviou um elefante e um rinoceronte entre outros animais exóticos) e a grande fortuna que veio do Brasil ganha e gasta.

O que é menos conhecido é que João tinha saúde frágil, com episódios de melancolia e paralisia que levaram sua mulher, Maria Ana da Áustria (seis anos mais velha), a ser regente do trono por duas vezes. João teria durado muito menos tempo se vivesse como os homens do seu tempo, sem acesso a banhos nas Caldas e outros cuidados médicos e paliativos. Mas disso não reza a história que regista um longo e magnânimo reinado de 43 anos para D. João V.

Coisas que não mudam #511

Gerações... coisas que mudam muito lentamente. Quem já não viu artigos que falam da Geração Milénio, constituída por aqueles que chegaram à maioridade por volta do ano 2000. Há agora artigos que falam da Geração Z, aqueles que nasceram já no novo milénio e que estão agora a chegar à idade adulta. Fui por isso ver como se caracterizou a minha geração (logo antes dos millenials) e as anteriores. Esta classificação geracional parece  ser coisa do século XX (pelo menos não vi nada acerca de gerações anteriores) e de origem americana. Com o fenómeno da globalização a cimentar-se ao longo do século XX é natural que as primeiras gerações pouco nos digam, mas que as últimas talvez sejam mais reconhecíveis até no nosso contexto. Segue então a lista com a inevitável sobreposição de datas:

- Geração Perdida: pessoas que nasceram entre inícios da década de 80 do século XIX e o virar do século. Esta geração viveu a Primeira Guerra Mundial, os loucos anos 20 e a Grande Depressão. Conhecida por perdida pela falta de direcção devido a tantos eventos marcantes que firmaram um clima de incerteza.

- Geração Grandiosa: refere-se aos nascidos entre o princípio do século XX e meados dos anos 20. Estes indivíduos cresceram durante a Grande Depressão nos anos 30 e participaram largamente na Segunda Guerra Mundial, gozando depois da fase de franco crescimento económico que se seguiu.

- Geração Silenciosa: nascidos entre meados ou tardios anos 20 até meados dos anos 40. Era uma geração mais pequena que a anterior devido às incertezas financeiras da época em que nasceram. Estes indivíduos, que já não participaram na grande guerra, ficaram conhecidos como trabalhadores mas pouco activistas (certamente em comparação com a geração seguinte) numa época em que isso poderia trazer problemas. Vem daqui o termo maioria silenciosa.

- Geração Baby Boom: nascidos entre 1945 e 1964 quando o mundo ocidental registou um forte aumento da natalidade. Esta foi a primeira geração a crescer com televisão e em clima de prosperidade com subsídios governamentais para habitação e educação enquadrados no estabelecido estado social que os protegeria. Foram os primeiros a beneficiar de comida e roupa em abundância, programas de reforma, mas também a sofrer de "crises de meia idade" e críticas de consumismo.

- Geração X: nascidos entre princípios-meados dos anos 60 e finais dos anos 70, estes indivíduos cresceram em pleno periodo de alteração de valores sociais e culturais com o aumento da taxa de divórcios e da participação das mulheres na força de trabalho, mas também a proliferação de infantários e creches. Estes factores resultaram em menor supervisão parental quando comparada com gerações anteriores. Na adolescência estes indivíduos foram a geração da MTV e do crack. Politicamente foi a última geração a crescer durante o comunismo e o apartheid. Nos Estados Unidos foi a primeira geração a usufruir de uma escola pública não segregada.

- Geração Y (millenials): nascidos entre inícios dos anos 80 e o virar do século, cresceram já na Idade da Informação com computadores em casa, mas não necessariamente com internet. Esta é a primeira geração a usar em força a tecnologia digital e as redes sociais. Esta geração é também conhecida por viver até mais tarde com os pais, casar mais tarde, mas também por ser mais progressista relativamente a assuntos ambientais, sociais e animais.

- Geração Z (nome ainda por definir): são indivíduos que estão agora a chegar à idade adulta, já cresceram com internet em casa e não têm memória do 11 de Setembro mas sempre conheceram um clima de terrorismo latente (sempre viram os Estados Unidos como um país em guerra). Estudos recentes (e não necessariamente estabelecidos) revelam uma geração competitiva, obcecada com exames, deprimida e insegura correndo menos riscos que qualquer outra (bebe menos, usa menos drogas, tem menos incidência de gravidez na adolescência). Parece também ser uma geração mais conservadora que a imediatamente anterior.

30 julho, 2019

Palavras lidas #424

Gray
by Philip F. Deaver

This was our pretty gray kitten,
hence her name; who was born
in our garage and stayed nearby
her whole life. There were allergies;
so she was, as they say,
an outside cat.
But she loved us. For years,
she was at our window.
Sometimes, a paw on the screen
as if to want in, as if
to be with us
the best she could.
She would be on the deck,
at the sliding door.
She would be on the small
sill of the window in the bathroom.
She would be at the kitchen
window above the sink.
We’d go to the living room;
anticipating that she’d be there, too,
hop up, look in.
She’d be on the roof,
she’d be in a nearby tree.
She’d be listening
through the wall to our family life.
She knew where we were,
and she knew where we were going
and would meet us there.
Little spark of consciousness,
calm kitty eyes staring
through the window.

After the family broke,
and when the house was about to sell,
I walked around it for a last look.
Under the eaves, on the ground,
there was a path worn in the dirt,
tight against the foundation —
small padded feet, year after year,
window to window.

When we moved, we left her
to be fed by the people next door.
Months after we were gone,
they found her in the bushes
and buried her by the fence.
So many years after,
I can’t get her out of my mind.

Palavras lidas #423

The More Loving One
by W.H. Auden

Looking up at the stars, I know quite well
That, for all they care, I can go to hell,
But on earth indifference is the least
We have to dread from man or beast.

How should we like it were stars to burn
With a passion for us we could not return?
If equal affection cannot be,
Let the more loving one be me.

Admirer as I think I am
Of stars that do not give a damn,
I cannot, now I see them, say
I missed one terribly all day.

Were all stars to disappear or die,
I should learn to look at an empty sky
And feel its total dark sublime,
Though this might take me a little time.

29 julho, 2019

Palavras lidas #422

Hon or We have both traveled from the other side of some hill, one side of which we may wish we could forget
by Anis Mojgani

Love me stupid.
Love me terrible.
And when I am no
mountain but rather
a monsoon of imperfect
thunder love me. When
I am blue in my face
from swallowing myself
yet wearing my best heart
even if my best heart
is a century of hunger
an angry mule breathing
hard or perhaps even
hopeful. A small sun.
Little & bright.

26 julho, 2019

Caprichos #552

Rins, bolas de berlim e sumos de laranja

25 julho, 2019

Verão #17

Lisbon...
escaping the heat wave.

24 julho, 2019

Retirado do contexto #268

On the strangeness of British politics these days...
Larry the cat, has a word

23 julho, 2019

Verão #16

O verão vai ameno em Lisboa... a latitude já não é o que era.

22 julho, 2019

Verão #15

Mais flores que só vejo no verão

21 julho, 2019

20 julho, 2019

Foi neste dia #333 (1969)

Há 50 anos o homem chegou à lua
Fifty years ago man arrived on the moon

19 julho, 2019

18 julho, 2019

Caprichos #551

Comida portuguesa que lembra ao emigrante fora:
bitoque
jaquinzinhos com arroz de grelos
o inevitável pastel de nata
e as donas amélias... da Terceira!

17 julho, 2019

Pormenores #157

No Campo Grande,
há um viaduto
cheio de gatos!

16 julho, 2019

Ditto #413

To see takes time, like to have a friend takes time.

--Georgia O'Keeffe

15 julho, 2019

Foi neste dia #332 (2006)

Twitter was launched 13 years ago
O twitter foi lançado há 13 anos

14 julho, 2019

Foi neste dia #331 (1789)

230 years ago in France, from The Writer's Almanac:

It was on this day in 1789 that an angry French mob stormed the Bastille prison in Paris, an event that launched the French Revolution. The Bastille was a medieval fortress, built in the 14th century, with eight towers, each 80 feet tall. It was used as a prison, and it had a reputation as a place where political prisoners and enemies of the royal family would rot away in miserable dungeons without a proper trial. By 1789, under the rein of Louis XVI, the Bastille didn’t have many prisoners, and the conditions were relatively comfortable — some wealthy prisoners even brought their own servants. Nonetheless, regular people considered the Bastille a symbol of royal oppression.

In June, the National Assembly had formed, a political body representing the common people of France. Rumors flew that King Louis XVI was trying to overthrow the National Assembly. At the same time, Parisians were starving, and the nation was on the brink of economic collapse. A few days before the storming of the Bastille, King Louis XVI abruptly dismissed his Minister of Finance, a man who had wide popular support. Angry citizens took to the streets — there was widespread looting, with food and weapons stolen. They gathered thousands of guns but needed gunpowder, and the Bastille was known to contain a large store of ammunition. By midmorning, thousands of people had gathered outside the Bastille, demanding gunpowder and the release of prisoners. They soon grew tired of negotiating and attacked. The fighting lasted several hours. Almost 100 attackers were killed and just one guard. But the mob was successful, and flooded into the prison. There turned out to be only seven prisoners to liberate: four forgers, two lunatics, and an aristocrat accused of incest. The mob killed the governor of the Bastille and paraded around the city with his head on a pike.

When King Louis XVI returned that evening from a day of hunting, one of his noblemen recounted the day’s events at the Bastille. Louis is said to have asked, “So this is a revolt?” to which his duke replied: “No, Sire, this is a revolution!”
___________

Há 230 anos em França, fonte aqui:

Foi neste dia de 1789 que uma multidão furiosa invadiu a prisão da Bastilha em Paris, um evento que lançou a Revolução Francesa. A Bastilha era uma fortaleza medieval, construída no século XIV, com oito torres, cada uma com 20 metros de altura. O edifício era usado como prisão e tinha a reputação de ser um lugar onde prisioneiros políticos e inimigos da família real apodreceriam em calabouços miseráveis ​​sem um julgamento apropriado. Em 1789, no reinado de Luís XVI, a Bastilha não tinha muitos prisioneiros e as condições eram relativamente confortáveis ​​- alguns prisioneiros ricos até traziam os seus próprios criados. No entanto, pessoas comuns consideravam a Bastilha um símbolo da opressão real.

Em junho, depois da formação da Assembleia Nacional, um corpo político representando o povo comum da França, surgiram rumores que o rei Luís XVI a estaria tentando derrubar. Ao mesmo tempo, os parisienses morriam de fome e a nação estava à beira do colapso económico. Poucos dias antes da tomada da Bastilha, o rei Luís XVI demitiu abruptamente seu ministro das finanças, um homem que tinha amplo apoio popular. Cidadãos irados tomaram as ruas com houve saques generalizados de comida e armas. Eles reuniram milhares de armas, mas precisavam de pólvora. A Bastilha era conhecida por conter um grande armazenamento de munições. No meio da manhã, milhares de pessoas reuniram-se do lado de fora da Bastilha, exigindo pólvora e a libertação de prisioneiros, mas logo se cansaram de negociar e lançaram um ataque. A luta durou várias horas. Quase 100 atacantes foram mortos e apenas um guarda. Mas a multidão foi bem sucedida e invadiu a prisão. Haviam apenas sete prisioneiros para libertar: quatro falsários, dois lunáticos e um aristocrata acusado de incesto. A multidão matou o governador da Bastilha e desfilou pela cidade com a cabeça dele enfiada numa lança.

Quando o rei Luís XVI voltou naquela noite após um dia de caça, um de seus nobres contou-lhe os acontecimentos do dia na Bastilha. Dizem que Luís perguntou: "Então, isso é uma revolta?", ao que seu duque respondeu: "Não, senhor, isso é uma revolução!"

13 julho, 2019

Palavras lidas #421

Florence, Kentucky
by Adam Scheffler

So what if the old man
on the bus is trying and
failing to remember his dead
mom’s face, as if the past were
not a cartoon tunnel scratched
on a wall?

He’s still trying,
and when did we forget our
cattle-shoes and feather-parkas,
how we carry with us a lowing
sadness, an extinguished memory
of flight?

Today I’m going to count all the
blackbirds between the prison
and the Walmart where, right
now, in its galloping sadness
a bald man who sounds like
a car horn is hector-lecturing
his infant-hushing
girlfriend—as her unhappiness,
radiant as a cleat, sharp as an ice
skate, sprays to a sudden stop.

Right now, at the emergency
crisis center right next to the
gun store, the nurse feels entombed
in hours like a fly in amber
as the waiting room TVs
spin despair’s golden honey—

and I think of the ice I waded out
on as a kid, of how often the world
seems like it’s going to shatter,
but then, miraculously,
mercilessly, does not.

12 julho, 2019

Coisas que não mudam #509

Round here lately

Palavras lidas #

Modern Declaration
by Edna St. Vincent Millay

I, having loved ever since I was a child a few things, never
having wavered
In these affections; never through shyness in the houses of the
rich or in the presence of clergymen· having denied these
loves;
Never when worked upon by cynics like chiropractors having
grunted or clicked a vertebra to the discredit of these
loves;
Never when anxious to land a job having diminished them by
a conniving smile; or when befuddled by drink
Jeered at them through heartache or lazily fondled the fingers
of their alert enemies; declare

That I shall love you always.
No matter what party is in power;
No matter what temporarily expedient combination of allied
interests wins the war;
Shall love you always.

11 julho, 2019

Ditto #412

To be a good human being is to have a kind of openness to the world, an ability to trust uncertain things beyond your own control.

--Martha Nussbaum

10 julho, 2019

Ficava tão bem lá em casa #50

De Pianoles (The Piano Lesson), by Henriëtte Ronner-Knip, 1897

09 julho, 2019

Espantos #585

11 gatos...
E um que olha para mim intencionalmente...

08 julho, 2019

Palavras lidas #420

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta
Alberto Caeiro

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.

Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?

Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.

Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!

07 julho, 2019

Espantos #584

No caminho de Nisa para Vila Velha de Ródão, a localização é a mesma de há décadas, mas a paisagem completamente aberta, despida de árvores, deixa à vista as antenas do Penedo Gordo a mais de 20km de distância já do outro lado do Tejo.

06 julho, 2019

Parece que estou a ouvir #294

Adeus João Gilberto
João Gilberto

Vai minha tristeza
E diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece
Que ela regresse
Por que eu não posso mais sofrer
Chega de saudade
A realidade
É que sem ela não há paz
Não há beleza
É só tristeza
E a melancolia
Que não sai de mim
Não sai de mim, não sai

Mas se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos
Que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços
Os abraços
Hão de ser milhões de abraços
Apertado assim
Colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos
E carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio
De você viver sem mim
Não quero mais esse negócio
De você viver sem mim

05 julho, 2019

Verão #14

Vibrant summer colors, flowers, and grasshoppers! /
Vibrantes cores, flores e gafanhotos de verão!

04 julho, 2019

Parece que estou a ouvir #293

A moda do meu chapéu
Letra e música de João Monge

Cante pelo Rancho de Cantadores da Aldeia Nova de São Bento

Aldeia Nova de S. Bento,
Plantada no meio do trigo.
Teu cantar é um lamento,
Gosto de cantar contigo.

Se passares à minha aldeia
Não vás de cabeça ao léu
Quando o sol mais almareia
Podes pôr o meu chapéu

Podes pôr o meu chapéu
A mais valiosa herança
Já foi de quem está no céu
E não me sai da lembrança

Quando nos faltar a voz
Há-de haver uma mão-cheia
A cantar por todos nós
Tenho cá na minha ideia

Tenho cá na minha ideia
Que o cante se ouve no céu
Se passares à minha aldeia
Não vás de cabeça ao léu

Quando eu ouço bem cantar,
Paro e tiro o meu chapéu.
Não se me dava morrer,
Se houvesse cante no céu.

03 julho, 2019

Coisas bonitas #24

Os mais relaxantes 9km de Portugal