28 dezembro, 2005

26 dezembro, 2005

Presentes no sapatinho

Norma, com Maria Callas e Mario del Monaco
(A ouvir com urgência)

23 dezembro, 2005

Pérolas...

Disse Soares dia 22 num almoço em Angra do Heroísmo: "Cavaco Silva é um político de sucesso porque fui eu que lhe dei a estabilidade política para ter sucesso. Eu é que sou o pai do sucesso de Cavaco Silva".

Disse Soares no debate contra Cavaco no dia 20: "Cavaco Silva é o único responsável pelo problema défice... ele é o pai do défice!"

Para as coisas boas é pai, mas para as más, nem o enteado Guterres tem qualquer responsabilidade. Enfim, mais pérolas de Soares neste tempo de pré-campanha.

Uma questão de grandeza

22 dezembro, 2005

Em tempo de Boas Festas

















Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.

Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai que era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
colhe as flores e gosta delas e esquece-as,
Atira pedra aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as pilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas.
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo co -se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que ele as criou, do que duvido" -
"Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres."
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.

....................

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a eterna criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção de meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo um universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me teus sonhos para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

....................

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?

(Fernando Pessoa)

20 dezembro, 2005

Rotação

The Kiss, Auguste Rodin
ROTAÇÃO
É nos teus olhos que o mundo inteiro cabe,
mesmo quando as suas voltas me levam para longe de ti;
e se outras voltas me fazem ver nos teus
os meus olhos, não é porque o mundo parou, mas
porque esse breve olhar nos fez imaginar que
só nós é que o fazemos andar.
Nuno Júdice

19 dezembro, 2005

16 dezembro, 2005

A Season to be jolly falalalalala


"I'll be home for Christmas
You can count on me
Please have snow and mistletoe
and presents on the tree (...)"

15 dezembro, 2005

Reminiscências de outros tempos


- Perguntei-lhe (àquele que considera o seu adversário) o que é a cooperação estratégica e ele não soube responder
- Eu também ainda não entendi o que é o pensamento estratégico
- (instado pelo jornalista se tinha ouvido a provocação) O quê? pensamento estratégico?

- Sim, você é que fala nisso
- Eu nunca disse que o Presidente da República deve ter um pensamento estratégico ... o que eu disse foi ...

13 dezembro, 2005

Vista de cima...

É nas alturas de mau tempo que temos de recordar que o mar parece tão calminho noutras ocasiões.

10 dezembro, 2005

Padrão

O esforço é grande e o homem é pequeno.
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do areal moreno
E para diante naveguei.
A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão sinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus.
E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português.
E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.

Fernando Pessoa

08 dezembro, 2005

Foi neste dia... #3 (1980)

Faz hoje 25 anos que John Lennon "jaz morto e apodrece..."

07 dezembro, 2005

05 dezembro, 2005

Numa sala perto de mim * 5

Os Edukadores, de Hans Weingartner
A história de um grupo de três jovens, que no calor da juventude, se entretêm criteriosamente a seleccionar residências para tentar intimidar as consciências dos seus abastados proprietários com frases como “os dias de abundância estão contados” ou “têm dinheiro demais”.
Fica o espírito rebelde, o não conformismo e o alerta para determinados aspectos que diariamente tentamos afastar quando somos coniventes com determinados abusos.
“Quem não é liberal aos 30 anos não tem coração, mas não tem cabeça quem o é depois disso”.

The boys are back in town...

04 dezembro, 2005

Caíu levemente...

... e pintou o mundo de branco lá fora esta manhã.

02 dezembro, 2005

Ficava tão bem lá em casa * 3

Shade and Darkness- the Evening of the Deluge, William Turner

01 dezembro, 2005

Foi neste dia... #2 (1984)

Editado a 1 Dezembro de 1984... ainda assim tão actual!
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(Paul Young)
It's Christmas time
There's no need to be afraid
At Christmas time
We let in light and we banish shade

(Boy George)
And in our world of plenty
We can spread a smile of joy
Throw your arms around the world
At Christmas time

(George Michael)
But say a prayer
Pray for the other ones
At Christmas time it's hard
(Simon LeBon)
But when you're having fun
There's a world outside your window
(Sting)
And it's a world of dread and fear
Where the only water flowing is
(Bono joins in)
The bitter sting of tears

And the Christmas bells that are ringing
Are clanging chimes of doom
(Bono only)
Well, tonight thank God it's them instead of you.

(Everyone)
And there won't be snow in Africa this Christmas time.
The greatest gift they'll get this year is life
Where nothing ever grows
No rain or rivers flow
Do they know it's Christmas time at all?

Feed the world
Let them know it's Christmas time
Feed the world
Do they know it's Christmas time at all?

(Paul Young)
Here's to you
raise a glass for everyone
Here's to them
underneath that burning sun
Do they know it's Christmas time at all?

Chorus (Everyone)
Feed the world
Feed the world
Feed the world
Let them know it's Christmas time again
Feed the world
Let them know it's Christmas time again
Feed the world
Let them know it's Christmas time again