31 dezembro, 2010

Palavras lidas #157

Penso que nunca vi o teu rosto
Num dia de chuva, quando as sombrias artérias do céu
Pulsam junto às árvores, e no teu coração
A água corre. Nunca te vi chorar
Com o monólogo da noite, com a tua mente resistindo ao silêncio.

Chegará o dia em que as linhas do céu
Se desprenderão das torres
E em que tu, que tremes pela noite
Partirás para os lugares sombrios ao lado de um desconhecido.

1935

Paul Bowles (1910-1999)
Poemas

30 dezembro, 2010

Coisas que não mudam #143

Confusões linguísticas:

Nos últimos dias tenho ido bastante ao aki e ao ikea. O aki eu só conheço em Portugal. O ikea conheci inicialmente nos EUA onde se diz aikia e depois em Portugal onde é ikêa. Por estes dias já misturo tudo: aki, akia, aiki, aikia, ikêa, aikêa, aikêia, akêia.

29 dezembro, 2010

Palavras lidas #156

Vale a pena ler a última crónica do comandante Pedro Proença Mendes ao comando da Sagres. Depois da penúltima crónica e dos contratempos que se seguiram na segunda metade do Mediterrâneo e da viragem a Norte, que alívio e alegria deve ter sido ver o Bugio na manhã do dia 24. Para mim foi uma enorme sensação de contentamento ver a Sagres da (antiga) praia de Algés.

26 dezembro, 2010

Ditto #167


Make happy those who are near, and those who are far will come.


--Chinese proverb

25 dezembro, 2010

Coisas que não mudam #142

Que bela manhã
O carvão crepita
De bom humor

Issa Kobayashi (1763-1827)
Primeira Neve [haikus]

24 dezembro, 2010

Espantos #278

A Sagres regressa ao Tejo depois de ver o mundo
24/12/2010, 9.03.43am

22 dezembro, 2010

Retirado do contexto #119

After 1 and 1/2 years... delivered at last!

Espantos #277

A Sagres já está no Mar Mediterrâneo. A última paragem foi Alexandria e a próxima (e última) é Lisboa. A data prevista de chegada é agora dia 23 (sujeito a confirmação). Na última crónica, para além das aventuras no Egipto, relatam-se também as dificuldades acrescidas devido a uma tempestade na primeira metade do Mare Nostrum.



As imagens falam por si, mas segue um parágrafo da crónica do Comandante Pedro Proença Mendes:

"Nós por cá estávamos cansadíssimos por não conseguirmos repousar devido aos saltos e ao balanço do navio e ao esforço para estar de pé nestas condições. Nestas alturas só se conseguem fazer as tarefas básicas e fundamentais, o resto da energia é para "sobreviver". Ler ou trabalhar num computador rapidamente dão dor de cabeça, passa-se mais tempo deitado, isto para quem pode. Comemos um prego no pão e uma tigela de sopa ao almoço. Ao jantar já deu para comer à mesa uma sopa e carne estufada com arroz. Estes cozinheiros são uns heróis! A nossa prioridade era ir aguentando o navio na zona, o mais estável possível, e deixar a tempestade passar por nós, fazer uma capa seguida. Às 22:00 já o barómetro tinha subido 4 hpa, o que significa o afastamento da depressão mas o vento ainda estava nos 50 nós e o mar desfeito. As equipas do leme, agora constituídas por cinco homens, governavam com todo o leme a um e outro bordo - incansáveis num esforço sobre-humano para manter o mar na amura, debaixo de chuva, com um vento que dói e encarando um mar angustiante. Não é nada fácil a vida deste pessoal debaixo destas condições, revezam-se de 2 em 2 horas, chefiados pelo oficial de quarto que ali permanece 4 sofridas horas, sem o peso do leme nas mãos, mas com a grande responsabilidade de conduzir o navio de acordo com as ordens do comandante, não permitindo que se atrevesse ao mar ou vento, o que se torna mais complexo durante a noite ou quando não são coincidentes na direcção. De vez em quando passava-nos uma onda por cima e o poço, fazendo jus ao outro significado da palavra, enchia-se de água parecendo uma piscina, dando serventia às portas de mar que existem exactamente para escoar a água que entra pela borda."

Esta crónica foi publicada a 15 de Dezembro. Parece que havia ainda uma outra tempestade à espera da Sagres na segunda metade do Mar Mediterrâneo. É nos momentos difíceis que os grandes valores se revelam. Mais um esforço rapazes... cá vos esperamos! Bem hajam e que Deus vos proteja!

Sem título #17

Bon Nadal i un Bon Any Nou
Sretan Bozic
Glædelig Jul
Merry Christmas and a Happy New Year
Joyeux Noël et Bonne Année
Frohliche Weihnachten und ein glückliches Neues Jahr
Shub Naya Baras
Buon Natale e Felice Anno Nuovo
Shinnen omedeto. Kurisumasu Omedeto
Sung Tan Chuk Ha
Bon Pasco y un Feliz Aña Nobo
Boas Festas e um Feliz Ano Novo
Pozdravlyau s prazdnikom Rozhdestva i c Novym Godom
Hristos se rodi
Feliz Navidad y Próspero Año Nuevo
Rehus Baal Lidet
Noeliniz Ve Yeni Yiliniz Kutlu Olsun

(in alphabetical order according to language name)

21 dezembro, 2010

Palavras lidas #155

My sister's bringing up had made me sensitive. In the little world in which children have their existence whosoever brings them up, there is nothing so finely perceived and so finely felt, as injustice. It may be only small injustice that the child can be exposed to; but the child is small, and its world is small, and its rocking-horse stands as many hands high, according to scale, as a big-boned Irish hunter. Within myself, I had sustained, from my babyhood, a perpetual conflict with injustice. I had known from the time when I could speak, that my sister, in her capricious and violent coercion, was unjust to me. I had cherished a profound conviction that her bringing me up by hand, gave her no right to bring me up by jerks. Through all my punishments, disgraces, fasts and vigils, and other penitential performances, I had nursed this assurance; and to my communing so much with it, in a solitary and unprotected way, I in great part refer the fact that I was morally timid and very sensitive.

Charles Dickens, Great Expectations, p. 71

Caprichos #151


A Madrid nueve meses de invierno y tres de infierno

e estava tanto inverno que tive e comprar um chapéu...

qual joquéi!

20 dezembro, 2010

Numa sala perto de mim #136

Fair Game / Jogo Limpo (2010) retrata a história verídica do desencadeamento da Guerra do Iraque: os falsos pressupostos, a paranóia terrorista, a adulteração dos factos, a completa desconsideração de serviços prestados quando não convêm à situação que se quer fazer acreditar. Uma muito má imagem dos bastidores da política externa americana, mesmo antes da era wikileaks.

Caprichos #150

Tienda Desigual, a Madrid

19 dezembro, 2010

Pedaços de Madrid

Nas duas tardes (uma delas, tarde/noite) que andei pela cidade, vi que Madrid tem...

O enorme Paseo de la Castellana

à beira do qual surge o Estádo Santiago Barnabéu

com visitas guiadas e tudo (onde é que eu já vi isto?)

a fazer lembrar uma gigantesca Liberdade, o Paseo desce

com casas apalaçadas

e prédios com estátuas de bronze no topo

menos, ou mais modernos

até chegar à Plaza Colón

bem perto da sumptuosa Biblioteca Nacional.

Madrid tem ainda muitas fontes


a monumental catedral de Almudena

Puerta de Alcalá

de dia e de noite

Plaza del Sol

com o Tio Pepe, de dia e de noite

com as suas lojas de compra e venda de ouro

e apregoam na rua (quais ardinas) COMPRO ORO!

de dia ou de noite

excentricidades loucas a fazer lembrar as americanas
(fachada de um dos muitos El Corte Inglés)

chegada à Plaza Mayor, de dia

e de noite

Plaza Mayor, uma verdadeira feira/disneylandia de natal, apinhada de bancas de venda de souvenirs de natal de toda a espécie e feitio. A praça é encantadora e bem diferente de qualquer que alguma vez vi. É apenas acessivel por arcadas e dá a sensação de estarmos num enorme pátio interno de edifícios antigos e uniformes. No entanto, fiquei um pouco desiludida... diga-se que estupidamente. Ex post, a tontice foi assumir que pelo nome Plaza Mayor se tratava de uma praça GRANDE. Não esperava propriamente uma Tiananmen, mas quem sabe um Terreiro do Paço ou um Rossio... no final de contas sai-me uma praça bem mais pequena, que ainda mais pequena parece de atulhada que está. De qualquer forma, realço o meu engano: o nome não é Plaza Grande, mas Plaza Mayor.

de dia e de noite

E por todo o lado, nesta altura do ano, se vê a venda das cautelas do El Gordo

e apregoam gritando, quais ardinas (outra vez!)

¡YO TENGO EL PREMIO!

e há filas e filas de gente para comprar cautelas nas lojas de lotarias e apostas do Estado.

Nesta época Madrid tem também muitas luzes, presépios

e montras a outras glórias nacionais
(ainda que internacionais)

e muita, mas mesmo muita gente nas ruas

qual Times Square ou Rambla nos seus dias mais loucos!