Ao sol, ao vento, à música, levanto
Esta voz que não tenho. A Deus imponho
Esta voz que não tenho. A Deus imponho
A obrigação de me escutar o canto
E entender o que digo e o que sonho.
A mim me desafio. Aos outros ponho
A mim me desafio. Aos outros ponho
A condição de me odiarem tanto
Que não descubram nunca o que suponho
O meu secreto e decisivo encanto.
Contra o que sou me guardo e quando oiço
Contra o que sou me guardo e quando oiço
Falar do que pareço, posso então
Encher o peito de desprezo e riso.Pois só eu me conheço e só eu posso
Subir até àquela solidão
Onde me incenso, amo e realizo.
(José Carlos Ary dos Santos)
Sem comentários:
Enviar um comentário