02 fevereiro, 2010

No Times de hoje #112


Ontem, há vinte anos atrás, o McDonalds abriu a sua primeira loja em Moscovo, ainda na antiga União Soviética. Numa economia comunista, todos os produtos necessários para fazer a loja funcionar eram produzidos na própria loja, ou importados. Em 1990 80% dos inputs eram importados, hoje a situação inverteu-se com 80% dos inputs a serem fornecidos por empresas privadas locais. O artigo mostra o desenvolvimento de uma economia de mercado onde empresas privadas geram emprego e valor. As pequenas fábricas colectivas que forneciam alface em 1990, tornaram-se grandes empresas que fornecem todo o tipo de saladas para o McDonalds e para outros restaurantes ocidentais que chegaram a Moscovo desde então; é semelhante a história de um pequeno produtor de pepinos em 1990 que agora domina o mercado Russo dos pickles.
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Para contrastar, um artigo sobre a grave situação financeira da Grécia, que coloca em perigo a frágil estabilidade económica da zona euro. Uma economia sem posses nem capacidade para pagar, conseguiu endividar-se até ao absurdo sob o escudo de uma moeda forte. Na altura de pagar é que chegam as dificuldades: angariar $76b até ao fim do ano, dos quais $50b já até Junho. Os outros países que partilham a mesma moeda e que têm finanças sólidas encaram o seguinte dilema:

(1) deixar caír a Grécia significa deixar caír outras economias da zona euro como Espanha, Irlanda e Portugal. Para além destes, uma moeda única fragilizada irá afectar países de leste como a Polónia, a Hungria e a República Checa que, apesar de ainda não partilharem o euro, têm as suas economias bastante dependentes das ocidentais. O peso de todas estas economias combinadas começa já a ser significativo e vai muito para além do problema da pequena e irresponsável a Grécia;

(2) salvar a Grécia, à la Obama com a indústria automóvel, cria incentivos para que quem não se sabe governar continue a alimentar os mesmos vícios de poder e as mesmas más escolhas que levaram à situação actual.

É como na escola: um mau aluno sozinho numa turma pode servir de exemplo aos outros, se se impuserem medidas de correcção, podendo até esperar-se melhoramento; havendo vários maus alunos na turma o problema é mais difícil de resolver. Se o mau comportamento é recompensado então, nada de bom pode esperar-se.

For years, Greece fiddled its figures. In flusher times, too few questions were asked. Now the truth, and its consequences, must be faced: Corruption and tax evasion hobble the Greek economy. Millions work off the books. The private sector generates too few jobs and tax revenues, and one in four Greeks works for the state. It is a system designed to produce deficits.

Soa familiar? Em Portugal, como de costume, assobia-se para o lado e o primeiro ministro afirma que "o TGV é um projecto essencial". Para quem não paga tudo é essencial! Em Portugal, nos últimos anos pensa-se que todos podem ter tudo, mesmo que quem pague por isso sejam os outros. Sempre ouvi dizer que quem não tem dinheiro não tem vícios, ao que acrescento quem não se sabe governar deve ser governado. Que venham os outros: os Franceses e os Alemães que, por agora, ponderam pagar a factura da nossa corrupção e da nossa incompetência!

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