"Vim com gente conhecida. Como vinham para os mesmos lados..."
"E como vieste? A pé?!"
"Não. Vim de automóvel."
"Essa é boa! Não ouvi."
"Não até à porta", disse ela sem hesitação. "Passaram ali à esquina, e eu pedi que me não trouxessem até aqui, porque queria andar este bocado de rua com este luar tão lindo. E está lindo... Olha, vou-me deitar. Boa noite..."
E foi, sorrindo, mas sem lhe dar um beijo -- o do costume, que ninguém ao dar sabe se é costume se é beijo.
Nenhum deles reparou que se não tinham beijado.
Fernando Pessoa, A Hora do Diabo
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