O Norte vai para o sul... até já.
26 dezembro, 2009
25 dezembro, 2009
21 dezembro, 2009
20 dezembro, 2009
Caprichos #120
Been in a (varied) gospelly mood lately...
Picture of Jesus
Ben Harper
Ben Harper
It hangs above my altar
Like they hung him from the cross
Like they hung him from the cross
I keep one in my wallet
For the times that I feel lost
In a wooden frame with splinters
Where my family kneels to pray
And if you listen close
You'll hear the words he used to say (...)
Jack Johnson
I don't care if it rains or freezes
As long as I have my plastic Jesus
Sitting on the dashboard of my car
It comes in colors pink and pleasant
It glows in the dark cause it's iridescent
I'll take it with me whenever I go far
So give me my lady Madonna
Dressed in rhinestones and sitting on a
Pedestal of abalone shells
Driving 90 but I'm not scared
Because I've got my Virgin Mary
Assuring me that I will never go to hell (...)
Old negro spiritual
In the morning, when I rise
In the morning, when I rise
In the morning, when I rise
Give me Jesus.
Give me Jesus,
Give me Jesus.
You can have all this world,
Just give me Jesus. (...)
19 dezembro, 2009
Coisas que não mudam #114
O Natal em Espanha é uma festa muito regional e as tradições variam conforme as comunidades autónomas. Na Catalunha as tradições são um bocadinho esquisitas. Tal como no resto de Espanha, os presentes individuais e importantes são trazidos pelos Reyes a 6 de Janeiro. Na noite de natal (Nochebuena) ou no dia de Natal o Tió de Nadal (ou Caga tió) traz doces, nozes e torrão. Trata-se de um tronco de árvore, com uma cara desenhada sorridente. Desde o dia 8 de Dezembro que se deixa comida ao tal do tió (forma normal de tratar as outras pessoas) todas as noites para que traga (cague) bons presentes (regalos) no Natal. Também se põe um pequeno cobertor por cima do tronco para que não tenha frio. Na noite esperada, bate-se no tronco sucessivamente com paus (para que cague regalos bem grandes) enquanto se cantam várias canções, todas mais ou menos deste género:
caga tió,
caga torró,
avellanes i mató,
si no cagues bé
et daré un cop de bastó.
caga tió!
Mas as tradições estranhas não acabam aqui. Em todos os presépios para além das figuras tradicionais, há também o caganer (ou caganet) um homem agachado de calças baixas a defecar. Geralmente está por trás de um arbusto e tem a tradicional barretina catalana. Quem nunca tal coisa viu, pergunta aos locais qual a razão do caganet. Com um sorriso dizem "é para ser real..." como se isso explicasse alguma coisa. Sorrir, chorar, beber água, caír e tantas outras coisas são reais, mas o que põem no presépio (e não noutra qualquer representação publica) é o caganet e os miudos então gostam imenso dele, se calhar nem se interessam pelo presépio se não encontrarem o homem agachado.
Perceber não vale a pena... tolera-se. Mas que é estranho é!
Etiquetas:
Coisas que não mudam,
Cronica
18 dezembro, 2009
Memórias # 37
18 de Dezembro, para 25 falta pouco.
Apesar de ser Natal há já algum tempo cá em casa, o frio chegou, a chuva veio com força, as luzes acenderam-se nos passeios, os presépios apareceram e há laços e sacos coloridos nas mãos de quem passa apressado.
Recordo os dias que antecediam a grande noite.
Por esta altura já havia pinheiro (verdadeiro) lá em casa, por baixo os presentes cujos nomes não chamavam a minha atenção (só esses) e cantavam-se repetidamente e, por vezes, monocordicamente as canções da época que haviam de animar a festa de Natal.
Havia ainda as festas de natal das empresas dos pais onde, e não me perguntem porquê, chegávamos sistematicamente atrasados mas com a promessa de no ano seguinte tal não voltar a acontecer.
Ao ver hoje na televisão uma reportagem de crianças numa festa de natal com a assistência dos pais de tudo isto me lembrei. No sketch que apresentaram todas elas, mais ou menos organizadas, com gestos mais ou menos harmoniosos, lá iam cantando o aprendido, todas à excepção de uma que, sem aparente explicação mas sem sair do seu lugar, chorava até mais não poder enquanto os "companheiros de jornada" lá se iam alinhando para mais um refrão.
17 dezembro, 2009
Ditto #137
16 dezembro, 2009
Palavras lidas #106
Pelas 7 esta manhã, como todas as manhãs, as notícias breves na radio* terminaram com o tempo para hoje em Barcelona e todo o país, como dizem aqui na Catalunha. As temperaturas eram de 3 graus em Barcelona, -7, -4 e -3 em Lleida, Girona e Tarragona, respectivamente. -2 em Madrid. "Com um bocado de azar ainda neva," pensei. Mas não, está sol. Lembrei-me, de dias de sol e calor aqui em Barcelona. E lembrei-me do belo poema de Pessoa. Disse comigo antes de me levantar "I'll take whatever comes"... e sorri com a música que passou logo de seguida: Rocket man por David Fonseca. Ain't life great?!
__________
Se eu pudesse trincar a terra toda
Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe o paladar,
E se a terra fosse uma cousa para trincar
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade,
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...
Alberto Caeiro, Poesia
_______________
* o rádio desperta sintonizado numa estação catalã para a língua estranha me ir entrando todas as manhãs pelos ouvidos, na esperança de que o cérebro a processe, mais ou menos por osmose. Já percebo o trânsito e o tempo sem dificuldade. Nas notícias escapa-me muita coisa em média. Geralmente percebo o tema geral, mas algumas vezes entendo tudo... a proximidade com o português é por vezes surpreendente!
_______________
* o rádio desperta sintonizado numa estação catalã para a língua estranha me ir entrando todas as manhãs pelos ouvidos, na esperança de que o cérebro a processe, mais ou menos por osmose. Já percebo o trânsito e o tempo sem dificuldade. Nas notícias escapa-me muita coisa em média. Geralmente percebo o tema geral, mas algumas vezes entendo tudo... a proximidade com o português é por vezes surpreendente!
Etiquetas:
Cronica,
Palavras lidas,
Poesia-Poetry
15 dezembro, 2009
14 dezembro, 2009
Ditto #136
13 dezembro, 2009
No Times de hoje #110
Dois artigos de interesse no Times.
O primeiro fala das complexidades legais em alguns processos de fertilização assistida. Em particular, um caso de dois gémeos cujo processo de fabricação foi o seguinte: o casal que queria engravidar mas não pôde escolheu a dadora do óvulo, o anónimo dador do esperma, a gestadora (dadora da barriga) – tudo online – e finalmente a clinica de fertilização que colocou tudo junto em Dezembro passado. As crianças nasceram no final de Julho e foram para casa da mãe adoptiva no princípio de Agosto. Um mês depois as crianças foram entregues sob ordem policial à gestadora (mãe de quatro filhos), que teve conhecimento de que a mãe adoptiva estava a receber tratamento relacionado com problemas mentais. Aparentemente o caso testa os limites legais da área. Todos os anos nascem nos EUA 750 crianças em situações de gestação assistida... dá que pensar.
______________________
______________________
O outro anuncia o falecimento de Paul Samuelson com 94 anos. Vi-o apenas uma vez, numa palestra que deu na Boston University, há talvez cinco ou seis anos. Não me lembro do tema da palestra. Talvez não o tivesse. Lembro-me que falou essencialmente da sua vida e percurso académico, com realce para a época em que estudava economia na Universidade de Chicago durante os anos da Grande Depressão. Disse que era interessado pela matéria que estudava, mas que tinha tido sorte por ter estudado numa altura em que aprendeu muito com a situação que o mundo atravessava. Com oitenta e miutos anos que tinha na altura, impressionou-me a sua lucidez e clareza de ideias. Do artigo ficou-me a frase “I was born as an economist on Jan. 2, 1932.”
Etiquetas:
Economics,
Imprensa-Press
Parece que estou a ouvir #90
Esta manhã à saida do metro, um acordeão tocava (mal) o conhecido tema d'O Padrinho... quando pude ligar o computador tive de ouvir a versão original (por diós!). Agora não me sai da cabeça.
______________
Speak softly, love and hold me warm against your heart
I feel your words, the tender trembling moments start
We're in a world, our very own
Sharing a love that only few have ever known
Wine-colored days warmed by the sun
Deep velvet nights when we are one
Speak softly, love so no one hears us but the sky
The vows of love we make will live until we die
My life is yours and all because
You came into my world with love so softly love
Wine-colored days warmed by the sun
Deep velvet nights when we are one
Speak softly, love so no one hears us but the sky
The vows of love we make will live until we die
My life is yours and all because
You came into my world with love so softly love
I feel your words, the tender trembling moments start
We're in a world, our very own
Sharing a love that only few have ever known
Wine-colored days warmed by the sun
Deep velvet nights when we are one
Speak softly, love so no one hears us but the sky
The vows of love we make will live until we die
My life is yours and all because
You came into my world with love so softly love
Wine-colored days warmed by the sun
Deep velvet nights when we are one
Speak softly, love so no one hears us but the sky
The vows of love we make will live until we die
My life is yours and all because
You came into my world with love so softly love
12 dezembro, 2009
Caprichos #119
Rever Hable con Ella (2002). Na minha sala, com amigos. Legendado em espanhol, para praticar.
11 dezembro, 2009
Palavras lidas #105
07 dezembro, 2009
Ditto #135
Español #4
A proximidade entre as línguas portuguesa e espanhola é notável ao ponto de certas palavras serem exactamente as mesmas, por vezes com um ditongo do lado espanhol, como é o caso de nariz e ponte/puente. A razão de mudança de género é que não se compreende lá muito bem:
o nariz / la nariz
a ponte / el puente
Mas a proximidade depressa se esbate quando temos exactamente as mesmas palavras a significar coisas completamente diferentes... os tais dos falsos amigos, como por exemplo cola: em português algo que se usa para juntar uma coisa à outra; em espanhol para além desse significado, quer também dizer fila. A frase:
hay mucha cola en la cafeteria
para um português não faz lá muito sentido :-)
06 dezembro, 2009
Palavras lidas #104
Aqui não neva (assim espero) mas estas palavras lembraram-me manhãs de neve, em Boston... não tenho saudades da neve, mas gosto de lhe reservar algumas boas memórias :-)
________
A neve pôs uma toalha calada sobre tudo.
Não se sente senão o que se passa dentro de casa.
Embrulho-me num cobertor e não penso sequer em pensar.
Sinto um gozo de animal e vagamente penso,
E adormeço sem menos utilidade que todas as acções do mundo.
Alberto Caeiro, Poesia
Etiquetas:
Memórias,
Palavras lidas
05 dezembro, 2009
No Times de hoje #109
O artigo sobre o estranho resultado do referendo suiço dos minaretes, mostra como o liberal país se revelou tão intolerante. À Suiça não associamos normalmente uma imagem de intolerância por isso as notícias surpreenderam tanto. Ao que parece, o referendo proposto por um pequeno partido radical, nunca foi levado a sério pelo resto do espectro político que nunca fez campanha pelo não. Num país altamente tolerante em que existem apenas quatro mesquitas, era esperada uma derrota massiva como as propostas absurdas geralmente observam. No entanto, o pequeno partido publicitou em força a sua facção e aí temos o incómodo resultado a fazer lembrar que as democracias por si não atingem necessariamente os melhores objectivos.
Produtividade
Na Economist desta semana dois breves artigos da seccção daily chart, em que, como de costume, o gráfico dispensa as palavras.
O primeiro compara a dimensão dos bancos centrais (em termos do número de empregados) em vários países relativamente à população desses mesmos países. O mais importante banco central do mundo (o federal reserve) não é o que emprega mais gente e os vários bancos centrais Europeus (pertencentes ao BCE) continuam com dimensões semelhantes a quando tinham políticas monetárias independentes... produtividade e eficiência variando no mesmo sentido.
O segundo mostra a produtividade do factor trabalho. Tomando o preço de um DVD em vários países (as diferenças são óbvias e esperadas), o objectivo é ver quantas horas o trabalhador médio tem de trabalhar para comprar o mesmo DVD. Claro que o DVD é mais caro na Alemanha que no México, mas os Mexicanos têm de trabalhar duas horas mais que os Alemães para sonseguirem comprar o DVD. Claro que estamos a falar de trabalhadores de qualificação média, que na Alemanha certamente será superior ao México. De qualquer forma... food for thought!
Num país a fingir #39
Uma casa portuguesa no Poblenou em Barcelona, a cinco minutos de casa. Promove produtos nacionais (vinhos, azeites, pastelaria, doces, souvenirs e produtos artesanais... que mais se produz no rectângulo a não ser produtos agrícolas?), turismo, música e artistas de língua portuguesa. Hoje cantavam música brasileira de Vinicios a Caetano.
Gostei do ambiente e dos pasteis de nata, mas fiquei com a ideia que se tratava de investimento público (que empresário quer, ao mesmo tempo, vender o turismo nacional e pasteis de nata?). Se assim for, bela forma de gastar dinheiro dos contribuintes! Com a economia mundial em fanicos, os bancos vendem casas e os governos gerem bancos (ou companhias de automóveis)... que mais distorsões iremos presenciar, senhores?
Etiquetas:
Economics,
País a fingir
04 dezembro, 2009
Politeness #8
02 dezembro, 2009
Parece que estou a ouvir #89
Antes do fim do mês lá estaremos para ver...
__________
__________
Ben Harper
Corcovado parted the sky
And through the darkness
On us he shined
Crucified in stone
Still his blood is my own
Glory behold all my eyes have seen
Have seen
I am blessed
I am blessed
I am blessed
I am blessed
I am blessed to be a witness
Some have flown away
And can't be with us here today
Like the hills of my home
Some have crumbled and now are gone
Gather around for today won't come again
Won't come again
I am blessed
I am blessed
I am blessed
I am blessed
I am blessed
I am blessed
I am blessed to be a witness
So much sorrow and pain
Still I will not live in vain
Like good questions never asked
Is wisdom wasted on the past
Only by the grace of God go I
Go I
I am blessed
I am blessed
I am blessed
I am blessed
I am blessed
I am blessed
I am blessed to be a witness
I am blessed
I am blessed
I am blessed
I am blessed
I am blessed
I am blessed
I am blessed to be a witness
30 novembro, 2009
Foi neste dia #125 (1935)
É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei dizendo-lhe adeus.
Fiz sinal de gostar de o ver ainda, mais nada.*
Alberto Caeiro, Poesia
*ditado pelo poeta no dia da sua morte, há 74 anos
Etiquetas:
Histórico,
Palavras lidas
29 novembro, 2009
28 novembro, 2009
Español #3
{Ainda a propósito dos perús do Thanksgiving e dos associados tons laranja}
Na cantina da universidade, não há legendas junto às travessas da comida. Para saber o que se vai comer há que perguntar à senhora que serve.
Eu ¿Qué es eso?
Ela Pavo.
Eu (sem a mínima ideia do que tal seja) Puede ser (para os meus botões, se os tivesse, teria dito: se não gostares comes na mesma).
Já com o tal do pavo no prato, a caminho da caixa registadora encontrei a minha amiga Rosa, espanhola, que, entre outras coisas, serve de meu dicionário ambulante.
Eu Hola Rosa. Qué es pavo?
Rosa hmmm, it's turkey.
Eu Really? We have a completely different word for it in Portuguese.
Rosa How do you say it then?
Eu Perú.
Ela ficou tão surpreendida com o perú como eu com o pavo. Mais tarde decidi investigar se nas outras línguas latinas a dita palavra tem uma raiz comum. Se o tradutor do google não engana, as formas são completamente diferentes nas cinco línguas:
perú em português
pavo em espanhol
dindon em francês
tacchino em italiano
turcia em romeno
Certamente nos tempos romanos não havia pelo império tais aves. Mais tarde, quando os animais chegaram aos diferentes sítios ou terão adoptado nomes mais ou menos aleatórios (por exemplo semelhantes às designações de animais com características parecidas, como os pavões), ou então palavras associadas aos lugares de proveniência (por exemplo China ou Turquia). Se bem me recordo, uma amiga turca, disse-me uma vez que na Turquia o animal toma o nome de india.
A título de curiosidade, laranja em turco diz-se portekiz que, naquela língua, também significa português.
A título de curiosidade, laranja em turco diz-se portekiz que, naquela língua, também significa português.
Espantos #227
27 novembro, 2009
Memórias #36
A propósito do Thanksgiving, lembrei-me de agradecer os avós, que tantas boas recordações deixaram e deixam. Ao ver este texto, aqui há dias, vieram-me à lembrança memórias únicas, parecidas com as ali descritas. Era uma altura em que o tempo passava de vagar, mas não custava a passar.
26 novembro, 2009
Este é o dia...
Mais uma última quinta feira de Novembro... este é o dia que a América passa a cozinhar para se sentar à mesa pelas três da tarde, comer perú e agradecer. Esta é a primeira quinta feira do género, nos ultimos dez anos, em que não participo na tradição. No resto do mundo é uma quinta feira de trabalho como qualquer outra. Mas nesta quinta feira, vêm-me à memória nove perús assados inteiros, conversas à volta da mesa, jantares às três da tarde, e semanas a meio gas, tão raras por aqueles lados... HAPPY THANKSGIVING!
25 novembro, 2009
24 novembro, 2009
Palavras lidas #103
Duck River, Short Springs, Tennessee
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento de mais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento --
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
[...]
Ricardo Reis, Poesia
Etiquetas:
Palavras lidas,
Poesia-Poetry
23 novembro, 2009
Ditto #134
22 novembro, 2009
A um amigo
Há um tamanho do homem que se mede
Na sepultura:
Cabe ou não cabe no caixão da morte?
Mas quando o porte
Da criatura
Excede o próprio excesso consentido,
Leva tempo a tornar-se natural
Que uma grandeza tal
Tenha existido.
Na sepultura:
Cabe ou não cabe no caixão da morte?
Mas quando o porte
Da criatura
Excede o próprio excesso consentido,
Leva tempo a tornar-se natural
Que uma grandeza tal
Tenha existido.
Miguel Torga
Etiquetas:
Memórias,
Poesia-Poetry
21 novembro, 2009
Memórias # 35
Recordo o sentido crítico e de justiça, a escrita clara corajosa e acutilante, o humor refinado sobre a actualidade.
Encontrámo-nos profissionalmente e ficámos amigos.
Aprendi consigo a desmistificar a política e a ver nela aquilo que os jornais não dizem, e não esqueço que foi voluntariamente, e com gosto, o meu primeiro cliente na advocacia :)
Vou ter saudades dos nossos muitos muitos cafés, dos cozidos à portuguesa, das nossas conversas mas sobretudo, de Si...
Obrigada Dr Jorge!
20 novembro, 2009
19 novembro, 2009
18 novembro, 2009
Palavras lidas #102
Prece
Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá o sopro, a aragem -- ou desgraça ou ânsia --,
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistemos a Distância --
Do mar ou outra, mas que seja nossa!
Fernando Pessoa, Mensagem
Etiquetas:
Palavras lidas,
Poesia-Poetry
16 novembro, 2009
Numa sala perto de mim #117
Great expectations (1998) baseado no romance de Charles Dickens, conta a história de grandes decepções. Por explicar ficou o facto de ela aparecer quase sempre de verde.
Ditto #133
Palavras lidas #101
Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior.
Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado
E a minha poesia é natural como o levantar-se o vento...
Alberto Caeiro, Poesia
Etiquetas:
Palavras lidas,
Poesia-Poetry
Subscrever:
Mensagens (Atom)