Quando
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta,
continuará o jardim, o céu e o mar,
e como hoje igualmente hão-de bailar
as quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
em que tantas vezes passei,
haverá longos poentes sobre o mar,
outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho, a mesma festa,
será o mesmo jardim à minha porta
e os cabelos doirados da floresta,
como se eu não estivesse morta.
Sophia de Mello Breyner (1919-2004), Dia do Mar, 1ª edição, 1947
_________________
Lembro-me claramente daquela manhã de Agosto de 1984 no Algarve, quando entrou disparado pela cozinha em passo de corrida dizendo compassadamente "O Car-los Lo-pes ga-nhou a me-da-lha d'ouro, o Car-los Lo-pes ga-nhou a me-da-lha d'ouro..." :-)
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta,
continuará o jardim, o céu e o mar,
e como hoje igualmente hão-de bailar
as quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
em que tantas vezes passei,
haverá longos poentes sobre o mar,
outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho, a mesma festa,
será o mesmo jardim à minha porta
e os cabelos doirados da floresta,
como se eu não estivesse morta.
Sophia de Mello Breyner (1919-2004), Dia do Mar, 1ª edição, 1947
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Lembro-me claramente daquela manhã de Agosto de 1984 no Algarve, quando entrou disparado pela cozinha em passo de corrida dizendo compassadamente "O Car-los Lo-pes ga-nhou a me-da-lha d'ouro, o Car-los Lo-pes ga-nhou a me-da-lha d'ouro..." :-)
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