Ouvir Francisco Louçã na Grande entrevista com Judite de Sousa ontem foi uma experiência estranha. Sempre tive o maior respeito pelo meu antigo professor, a quem muito tenho de agradecer o apoio e a motivação que foram tão importantes para mim no passado. Mas ao vê-lo em entrevista ontem, apercebi-me que quem estava a falar não era o meu professor de economia, mas um político oportunista. Não tenho muita simpatia por políticos, de qualquer partido ou país. Tenho admiração por alguns, muito poucos (Thatcher, Mandela, Cavaco, Obama). Pela grande maioria tenho desprezo ou indiferença, mas mesmo quando algum me surpreende, tento nunca me esquecer de que são/foram políticos e que a classe política, em geral, não é das mais confiáveis.
Nada do que Louçã disse ontem se baseia nos princípios de economia. Mas ao falar que "... o que faz o progresso de um país... a diferença entre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento é o trabalho, é a qualificação, é o respeito pelos direitos das pessoas..." e "aquilo que valoriza, aquilo que cria riqueza é o trabalho", até parece que fala com propriedade!
Quem o ouve, não sendo economista mas sabendo que ele o é, fica bem impressionado e pensa assim: até que enfim que há um político, ainda por cima economista, que entende o lado do Zé Povinho! Depois vem o populismo barato das frases "Américo Amorim... NÃO PODE despedir aqueles 193 trabalhadores... é uma medida TOTALMENTE errada e indecente...", ou em relação aos funcionários do BPN "...essas pessoas não estão despedidas, estão ameaçadas de despedimento, e EU NÃO QUERO de forma nenhuma ACEITAR que isso possa acontecer". É o que as pessoas, em dificuldade, querem ouvir mesmo que a afirmação não tenha qualquer fundamento!
Como a qualquer político, a Louçã interessa-lhe acima de tudo ganhar votos (atenção aos últimos minutos da entrevista) e esta altura de crise é a sorte grande para o Bloco de Esquerda. O discurso de Louçã não é diferente do discurso habitual de Chavez e sabemos bem no que isso dá.
Para demagogia prefiro ler o Manifesto, que no seu cenário teórico até faz algum sentido sem abusar de chavões, como por exemplo clareza, para tentar convencer a audiência de que eu sim, eu sou claro, eu sou honesto e justo, confiem em mim, porque eu é que sei e não vos quero enganar. Asco!
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