O mar era a antítese do de há dois dias, quando ali estivera: era calmo e lânguido. O barco, um semi-rígido, arrancou rumo ao mar alto levando sete de nós, todos equipados com máquinas digitais e coletes salva-vidas cor de laranja. O piloto, o skipper, tinha um aspecto muito profissional; atrás dele, numa estrutura de alumínio, o ex-baleeiro foi pendurado durante as três horas da viagem. Nós, os passageiros, íamos na proa: olhos franzidos e pele amarrotada pelo vento, num esforço para detectar, primeiro que todos, o bafo característico das baleias. Mas o momento alto da expedição é quando a baleia se cansa de ser centro das atenções e vira o rabo à malta: "Vai virar, vai virar!" grita o ex-baleeiro habituado àquelas andanças. Colamos instantaneamente as máquinas à testa e... "bangue!" soam no ar os "pipips" próprios do universo digital, conforme a grande cauda, a cinquenta metros do barco, desaparece na água.
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