Há 460 anos, este foi um dia de esperança em Lisboa pois nascia D. Sebastião. O desafortunado rei foi desejado antes de nascer, por falecimento do seu pai o príncipe herdeiro João Manuel a 2 de Janeiro de 1554: desejava-se que fosse rapaz e que sobrevivesse! Foi ainda mais desejado depois do seu trágico desaparecimento a 4 de Agosto de 1578 na batalha de Alcácer Quibir sem deixar descendencia e deixando o país na maior crise dinástica da sua história: desejava-se, ou esperava-se, que regressasse numa manhã de nevoeiro montado num cavalo branco.
O impacto do sebastianismo foi muito além do amarfanhado espírito nacional que viria a ser parcialmente restabelecido com a restauranção da independência em 1640. Portugal tornou-se melancólico de um passado não distante em que tudo era melhor, mas também de um futuro, por demais utópico, que nunca se viria a concretizar.
Fica o retrato do jovem rei na Mensagem de Fernando Pessoa.
_______________
D. Sebastião
Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?
Sem comentários:
Enviar um comentário