Havia um Portugal adormecido e alguns portugueses terrivelmente acordados. Tudo apontava para uma história convulsa, e Portugal conheceu-a: a mais longa ditadura da história europeia, filha deste Portugal bloqueado e triste. O homem que a exerceu foi um ex-seminarista, professor de Finanças de Coimbra (...). Temia que o frágil Portugal se dilacerasse face aos fortes da Europa e por isso fechou-o num casulo. Odiava a desordem e o progresso, era hábil, astuto, manhoso e autista. A ele se opuseram os políticos e os generais da República (...) mas não foram capazes de o vencer.
Quem o conseguiu, ou quem mais se aproximou, sozinho, de o conseguir, foi um jovem estudante vindo do mesmo Portugal central, que nasceu no mesmo Portugal de Salazar e que escolheu para si uma vida totalmente diferente da vida da esmagadora maioria dos portugueses do seu tempo. (...) No fim do século, ambos representam as duas faces do Portugal do século XX e a sua história contraditória.
(pág. 5)
20 fevereiro, 2008
Palavras lidas # 41
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