A palavra não me assustou, nem me aguçou a curiosidade, ouvira abundantemente esta palavra na boca do pai e da mãe, fora o sonho dos pais até 1989, ano da queda do muro de Berlim quando, segundo eles, a revolução findara de vez, o pai chorou ao ver aquelas imagens na televisão, contou-me a mãe, o "homem novo" comunista a fugir para o lado capitalista, esburacando e derruindo o Muro, a mãe roçou uma depressão, amaciada por umas férias em Cancun, México, a fazer de europeia rica, o pai regressado de Cancun, decidiu que a revolução terminada de vez, começara em 1917, em Moscovo, e findara em Berlim em 1989, 72 anos de falso comunismo, a ilusão do século, disse ele, uma utopia para a qual dei a minha contribuição, entreguei-lhe mais de 20 anos de vida, chegou a Lisboa e foi à Soeiro Pereira Gomes, sede do Partido Comunista Português, depositou o cartão de militante nas mãos do funcionário da secretaria e deixou escrito, pela sua própria mão que não mais o chamassem, nem mesmo para rubricar aqueles abaixo-assinados subscritos pelos eternos compagnyons de route.
10 julho, 2018
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