A terceira filha, a mais nova, Sancha Peralta Perestrêllo, narrou-me resignado d. Bartolomeu, não era nada, nada fazia na vida e pouco interesse manifestava sobre o que fosse excepto em alguns domínios da arte, mais de modo diletante do que empenhado, vagueava na vida, experimentando o momento e a oportunidade, ora uma actividade (pintar, por exemplo), ora outra (praticar olaria artesanal nos anexos do solar), ora buscava um sentido para a vida (budista, espiritual, de profunda austeridade), ora outro (gastar numa tarde 5000 euros em roupas no El Corte Inglés, alegando que nada tinha para vestir), ora se tornava vegetariana, ora mais do que carnívora, totalmente omnívora, ora crudivorista, vivendo exclusivamente de alimentos crus, ora se dedicava à ciência, comprando todos os jogos Science4you e acumulando dezenas de revistas científicas, ora à filosofia, inscrevendo-se nos cursos livres do professor Paulo Borges da Faculdade de Letras de Lisboa, ora se interessava pelos costumes primitivos dos portugueses frequentando seminários de antropologia.
09 julho, 2018
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