Há trinta anos o Reino Unido reconhecia a independência da Rodésia e nascia um novo país num clima de optimismo expectante: Zimbabwe.
Nos arquivos online da Economist, encontrei este artigo de 8 de Março de 1980 que relata o processo limpo e democrático (à Inglesa) de transição de poder. O vencedor destacado das eleições livres dava pelo nome de Robert Mugabe. O artigo colocava algumas reservas relativas às tendencias Marxistas de Mugabe, mas no geral exalava esperança para uma nação com um passado colonial racista e marcadamente opressor. Ilusão. É possível que tenha havido alguma razão para optimismo inicialmente (quiçá devido à moratória de dez anos impedindo alterações constitucionais), mas como todos os líderes que se habituam à cadeira do poder, Mugabe esqueceu as promessas de paz e conduziu o seu Zimbabwe à espiral de decadência que parece não ter fim e que piora com o passar dos anos. A farsa das eleições de 2008 nem sequer atingiu o limiar mínimo da credibilidade necessário para convencer o país daquilo que o estrangeiro já há muito desacreditou... a perseguição a jornalistas internacionais não ajuda.
Há duas semanas, a sequência de artigos de Nicholas Kristof no New York Times mostrava uma alarmante saudade nostalgica do antigo regime e uma população jovem que sobrevive dia a dia.
Finalmente um artigo com uma perspectiva distinta e porventura animadora. Em todos os países com antecedentes coloniais mais ou menos racistas emergiram sociedades bastante divididas, com o expoente máximo no apartheid em África do Sul. Como a situação actual do Zimbabwe não poderia ser pior, brancos e pretos, destituídos e desalentados, unem-se em torno de um objectivo comum contra o regime que deixou o país em farrapos. Ironicamente e sem o desejar, Mugabe gerou a união racial no Zimbabwe... mas a que preço!
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