Utrecht, leia-se Utrrekrrt, ficou-me na lembrança como uma cidade em que só o nome destoa na harmonia, simplicidade e organização que lá se vive. De origens pré-romanas, Utrecht foi sede de bispado desde o século oitavo. Por um lado cresceu em volta da catedral gótica, por outro em volta dos canais do Reno por onde os mercadores levavam e traziam os produtos que faziam da cidade importante centro comercial medieval.
O rio Reno sempre passou por Utrecht, mas como as relações entre bispos e mercadores nunca foram famosas, na idade média um dos bispos mandou construir um dique a sul da cidade para que as suas terras não fossem inudadas por cheias, cortando assim a via fluvial da cidade. Os mercadores por seu lado depressa encomentaram a construção de um canal para Ligar Utrecht ao Reno. Heranças históricas que ainda hoje se podem ver nas ruas de Utrecht, elevadas por causa das frequentes cheias que em tempos idos a ameaçavam, ou mais abaixo mesmo junto ao Oudegracht (velho canal) com as largas portas dos antigos armazéns, hoje quase todos restaurantes.
Curioso em Utrecht é o facto de a gigantesca torre (de 112 metros de altura) onde os sinos repicam de 15 em 15 minutos (às horas certas com uma longa melodia lindissima que entra no ouvido) não pertencer ao edifício da catedral (Domkerk) também ela gótica. Ora nem sempre foi assim. Reza a história que em 1647 um furacão/tornado/tufão passou pelo centro de Utrecht, destruindo parte da catedral e separando-a efectivamente da torre. Os destroços eram de tal ordem que demoraram mais de um século para ser removidos. Os dois efifícios estão hoje separados cerca de 50 metros, é só atravessar a estrada, mas no alto da catedral são ainda visíveis as paredes destruídas que ligavam à torre apenas assente em cima de um alto arco gótico, igual aos da catedral, por baixo do qual se passa para a Servetstraat uma das mais movimentadas e comerciais ruas da cidade.
Hoje Utrecht preserva a sua herança histórica de forma visível. No centro antigo da cidade não circulam veículos automóveis particulares nem transportes públicos, mas bicicletas vêm-se por todo o lado. Mesmo saindo do centro, as bicicletas são de longe o meio de transporte mais permente. As ruas têm faixas próprias para velocípedes. Os semaforos são individuais para carros, transportes públicos, bicicletas e pessoas. Por esta altura do ano em Utrecht faz-se noite bem depois das 10. Pelas 8-9pm é vê-las a circular descontraidamente pelas ruas aos grupos de três ou quatro com os ciclistas à conversa, como se de passeata a pé se tratasse. De manhã cedo também circulam, mas mais aplicadas com o objectivo de levar ao trabalho quem as conduz, por vezes vestido a rigor com a mochila do computador às costas. Também se vêm muitas bicicletas com cadeirinhas para crianças que, algumas apenas com idade de se segurarem sentadas, lá seguem de vento na cara apontando para tudo e sorrindo a quem passa.
Estive há dias em Utrecht... que bonito que é!
1 comentário:
Confesso que nunca tinha ouvido falar em tal cidade... obr pela descrição!
E pensava eu que Amesterdão tinha muitas bicicletas...
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