Fez na sexta feira passada uma semana que tive a minha primeira experiência musical na cidade da música. A Cathy, uma das secretárias do departamento, toca viola e canta com um grupo de amigos. Naquele dia iam actuar no Brown's diner. É bom dizer que o tal do Brown's diner tem um aspecto diferente de um diner normal. Por fora parece um barracão pronto a ser levado pelos ares no próximo tornado. Por dentro tem assim o aspecto de carruagem de comboio - estreito, em madeira do chão ao tecto, escuro como os bares irlandeses em Boston, com tv's pregadas no tecto (e a parecer que vão cair a qualquer momento) uma nos olímpicos e a outra no futebol americano, e neons nas janelas a dizer "open" e a anunciar marcas de cerveja.
A localização para mim é perfeita pois fica mesmo a meio caminho entre a minha casa e o supermercado, ficando este a dois minutos. Obviamente que já lá tinha passado à frente numa das minhas muitas idas ao spermercado, mas nem tinha reparado... e se tivesse, teria talvez pensado que se tratava de casa abandonada: de dia está fechado e sem movimento. À noite no entanto é outra história.
Ora naquela sexta feira, estava eu sentada ao computador, como de costume, quando me telefonaram uns amigos a dizer que eu tinha de ir porque era basicamente na porta ao lado. E lá fui. Como ainda não tinha jantado fiquei contente por ver que havia menu e disse-me o meu amigo "they say these guys serve the best burgers in Nashville" e diz logo o barman "and they're damn right!" Olhei para cima e vi um placard já velhote que dizia "Brown's diner serving burgers since 1927..." seja, então vamos nisso: um hamburger com batatas fritas e tudo a que tenho direito, só os molhos é que não se faz favor. Diz logo o barman, para aí com 60 anos, "com certeza menina e o meu nome é Gordi, qualquer coisa é só dizer". Parecia que estava no Cheers... as pessoas que entravam e íam cumprimentar o Gordi tratando-o pelo nome :)
Ora a Cathy (tem página no myspace e tudo!) lá começou a cantar pelas oito e meia. Ao princípio era só ela e um cantor, ela guitarra acústica ele no baixo e lá cantavam ora ela, ora ele no estilo do sul. Mas depois lá vieram mais duas raparigas (irmãs) bem mais novas, nos seus 20 e poucos, uma no o violino e a outra no o banjo.
E aí começou uma sequência de músicas que eu conhecia bem, desde Beatles a Alanis Morissette, passando claro por Bob Dylan, Johnny Cash, Pink Floyd, e Janis Joplin, tudo com um som bem country/bluegrass... muito muito bom! Hey you got to hide your love away, Norwegian wood, Me and Bobby McGee, Linger, Singing hallelujah, Highway 61, Wish you were here, Folsom prison blues, Hand in my pocket. Eram umas atrás das outras como nunca as tinha ouvido antes! E cantam bem! Nem parecem amadores!
Outra que me espantou foi a audiência. Não eram muitos, mas alguns vinham mesmo vestidos a rigor: calça de ganga, camisa de xadrez, botas e chapéu de cowboy... mesmo daqueles com as abas reviradas de lado! E eu a pensar que as pessoas só se vestiam assim lá para andar com o gado e assim. Mas não! Uma experiência mesmo!
As canções duraram umas boas duas horas e ao falar com a Cathy para a cumprimentar no final, perguntei quando ela cantaria ali outra vez. Ela disse que só lá para Dezembro. Embora seja convidada com frequência, o Brown's diner tem música ao vivo todas as noites! No calendário pendurado na parede (decente senhores, decente!) estava tudo preenchido e todos os dias com um nome diferente... quem diria! E parece que bares como este (talvez não tão a cair aos bocados) há aos montes em downtown Nashville. Por isso já sabem, se estiverem numa de música country, ou pelo menos do som, é só dizer!
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