31 julho, 2008
Falou e disse
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Devo, no entanto, comunicar aos portugueses que outras normas me suscitam sérias reservas de natureza político-institucional. (...)"
29 julho, 2008
Espantos #124
28 julho, 2008
27 julho, 2008
26 julho, 2008
Coisas que não mudam #50
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Pega-se em metade do oceano
e juntam-se-lhe terras desconhecidas
deixa-se marinar alguns anos
e tapa-se com um manto de neblina.
Lavam-se as saudades em lágrimas
e põe-se a glória em banho maria,
e juntam-se-lhe terras desconhecidas
deixa-se marinar alguns anos
e tapa-se com um manto de neblina.
Lavam-se as saudades em lágrimas
e põe-se a glória em banho maria,
para voltar a usar um dia.
À parte coloca-se o fado, bem apurado,
o futebol bem jogado,
e um ou outro pregão das entranhas gritado.
Desfaz-se a língua em poemas, odes e cantigas,
ou então canta-se à desgarrada, rima improvisada.
Numa grande forma de barro escalda-se o Algarve e o Alentejo,
salgam-se as Beiras e desfaz-se em água o Douro e o Ribatejo.
Para terminar, abanam-se as oliveiras
À parte coloca-se o fado, bem apurado,
o futebol bem jogado,
e um ou outro pregão das entranhas gritado.
Desfaz-se a língua em poemas, odes e cantigas,
ou então canta-se à desgarrada, rima improvisada.
Numa grande forma de barro escalda-se o Algarve e o Alentejo,
salgam-se as Beiras e desfaz-se em água o Douro e o Ribatejo.
Para terminar, abanam-se as oliveiras
com sabedoria ancestral,
rega-se tudo com um fio dourado,
e serve-se assim Portugal como prato principal.
e serve-se assim Portugal como prato principal.
azeite gallo a cantar desde 1919
18 julho, 2008
17 julho, 2008
16 julho, 2008
Num país a fingir # 20
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A Procuradoria-Geral da República promete "uma solução" para o mediático caso da menina desaparecida no Algarve o ano passado. Cof cof cof terei lido mal? Bem, por dever de ofício quero acreditar que tenha sido um lapsus linguae
15 julho, 2008
No Times de hoje #63
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___________
Eduardo Lourenço is perhaps Portugal’s most distinguished literary critic. Pessoa is “an exception, being a great writer,” he said the other afternoon. “But he had a way of being that is distinctly Portuguese.” He paused to find the right words. “It has to do with everything and nothing — that we Portuguese can have everything, but still feel we have nothing.”
Portugal, he explained, had discovered half the world by the 16th century but still felt itself a failure for having not discovered the rest. The national mind-set, Mr. Lourenço said, is “a combination of megalomania and humility.”
“Also Pessoa was a loner,” he went on, “one of the great poets to express absolute loneliness — some of his poems are so sad they are difficult to read, which is very Portuguese. Listen to fado.” He was referring to the music that here connotes “saudade,” a nearly untranslatable word meaning homesickness but also something more, something, he suggested, like paradise lost.
Portugal, he explained, had discovered half the world by the 16th century but still felt itself a failure for having not discovered the rest. The national mind-set, Mr. Lourenço said, is “a combination of megalomania and humility.”
“Also Pessoa was a loner,” he went on, “one of the great poets to express absolute loneliness — some of his poems are so sad they are difficult to read, which is very Portuguese. Listen to fado.” He was referring to the music that here connotes “saudade,” a nearly untranslatable word meaning homesickness but also something more, something, he suggested, like paradise lost.
(...)
Pessoa also wrote as Alexander Search, a Scottish engineer; Alberto Caeiro (Pessoa often called this invented character “my master”); Ricardo Reis; and Álvaro de Campos, a retired, bisexual naval engineer and melancholic with an addiction to drugs.
(...)
As Campos, he also wrote: “Fernando Pessoa, strictly speaking, doesn’t exist.”
(...)
Mr. Lourenço gathered his thoughts one more time. “He is the most tragic of the Portuguese poets,” he said. “The pleasure of unhappiness is particularly Portuguese.”
13 julho, 2008
Palavras lidas # 53
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- Oh Doutor, o senhor sofre mesmo de poesias: então chove nos sonhos?
- Eu, poesias?
- Não é de agora. O senhor já anda poetando há muito tempo. Por exemplo, quando o senhor me aconselha a cortar nas bebidas...
- Acha que isso é poesia?
- Então não é? Cortar-se na bebida? A gente pode cortar nas árvores, cortar na roupa, cortar sei lá onde, mas diga lá, Doutor, que faca corta um líquido? Só a faca da poesia.
- Você é que anda muito inspirado nestes dias, meu caro Bartolomeu.
- Ah, é verdade! Há ainda mais outra: o senhor diz que beber me faz gota. Sabendo os litros que bebo, Doutor, é preciso muita poesia para falar em gota...
Pág. 64, 65
12 julho, 2008
Parece que estou a ouvir #63
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Delfins
Eu não quero estar parado
fico velho
vou marchar até ao fim
isolado
nesta marcha solitária
dou o corpo, ao avançar
neste campo aberto ao céu
ninguém sabe
para onde eu vou
ninguém manda
em quem eu sou
sem cor nem deus nem fado
eu estou desalinhado
por tudo o que eu lutei
ser sincero?
por tanto que arrisquei
ainda espero
...esta marcha imaginária
quantas baixas vai deixar
neste sonho desperto?
____
* traz memórias ;-)
* traz memórias ;-)
Ai a paciência que é preciso
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"(...) Tendo-me deparado com quatro Governos - Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e Sócrates - este último ganha aos pontos na "lenga-lenga". É preciso paciência...".
Nascimento Rodrigues, na hora da partida, hoje, no Expresso
10 julho, 2008
Palavras lidas # 52
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Explicaram-nos como funcionavam os médicos cirurgiões, por exemplo. Recebiam o seu ordenado-base e depois tinham metas para o ano seguinte, de acordo com a planificação socialista. Se tinham operado cem apendicites, tinham no ano seguinte que operar mais umas quantas para poderem ser compensados por atingirem as metas da planificação socialista. E em todas as especialidades os médicos eram avaliados assim, integrados em planos quinquenais. Na televisão vi a mesma fórmula aplicada a uma agência funerária, que, quando se aproximava o final do ano, se via obrigada a roubar os mortos à área do vizinho. Nos últimos dias do ano chegava a ser perigoso andar na rua, porque a polícia acusava qualquer transeunte de alcoolismo e prendia-o para cumprir também ela a sua meta. (...) Vi sapatarias cheias de pares de sapatos todos do mesmo número e o José Milhazes dizia-me: "Quando aparecem sapatos para o nosso número, compramos cinco ou seis pares porque nunca se sabe quantos anos depois voltaremos a ter essa sorte." Como as lojas e as fábricas eram do Estado e a economia funcionava em planos quinquenais, à direcção de uma empresa de sapatos apenas interessava cumprir um determinado objectivo de produção. Acontece que era mais rápido fazer os sapatos todos do mesmo número e variar de modelo o menos possível. Realmente, todos eles tinham sapatos iguais e que nem sempre eram do número indicado para o pé.
Págs. 426, 427
09 julho, 2008
Retirado do contexto #56
Oceanário de Lisboa
Ando numa de aquários gigantes...
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Retirado do contexto
Parece que estou a ouvir # 62
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Maria Rita
defumei o corredor,
perfumei o elevador
pra tirar de vez o mau olhado
a saudade me esquentou
consertei o ventilador
pro teu corpo não ficar suado
nessa onda de calor
eu até peguei uma cor
tô com o corpo todo bronzeado
seja do jeito que for
eu te juro meu amor
se quiser voltar, tá perdoado
fui a pé a salvador
de joelho ao redentor
pra ver nosso amor abençoado
nosso lar se enfeitou
a esperança germinou
ah, tem muita flor pra todo lado
pra curar a minha dor
procurei um bom doutor
me mandou beijar teu beijo
mais molhado
seja do jeito que for
eu te juro, meu amor,
se quiser voltar, tá perdoado
e se voltar te dou café
preliminar com cafuné
pra deixar teu dia mais gostoso
pode almoçar o que quiser,
e repetir,
te dou colher
faz daquele jeito carinhoso
deixa pintar o entardecer
e o sol brincar de se esconder
tarde e chuva
eu fico mais fogosa
e vai ficando pro jantar
tu vai ver só,
pode esperar
que a noite será maravilhosa
08 julho, 2008
Palavras lidas # 51
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A primeira coisa para a qual me chamaram a atenção, e que era muito elucidativa daquela sociedade, foi o facto de nenhuma torneira de água fechar. Desde a revolução de Outubro que a água era grátis, não se pagava um copeque por ter água em casa, nem pelo seu consumo, não havia sequer contadores. Como era um bem essencial de primeira necessidade, a água não podia ser negada a ninguém. Assim, quando uma torneira se avariava, ninguém a mandava arranjar, porque aí teria de pagar o arranjo e meter-se num sarilho que implicava ir a um canalizador privado no mercado negro e pagar uma quantia imensa em rublos (o que seria um absurdo, uma vez que a água era grátis). A alternativa era ir para a fila da cooperativa dos canalizadores e aguardar meses ou anos que lá fossem a casa. Assim sendo, toda a gente tinha as torneiras avariadas e a água a pingar ou a correr em casa, no local de trabalho ou nos hotéis. Cheguei à noite ao meu hotel de cinco estrelas na Praça Vermelha e lá estavam as torneiras do quarto-de-banho, mais o autoclismo, a pingar ou mesmo completamente avariadas, a verter rios de água. Os custos sociais deste desperdício eram incalculáveis, não sei se alguma vez foram contabilizados.
Pág. 410
Palavras lidas #50
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Ela responde: «Olharei a tua sombra se não queres que te olhe a ti».
E ele responde: «quero estar onde a minha sombra esteja, se ali é onde estão os teus olhos».
«Guarderò la tua ombra, se non vuoi che guardi te» gli disse, e lui rispose «Voglio essere ovunque sia la mia ombra, se là saranno i tuoi occhi».
«Guarderò la tua ombra, se non vuoi che guardi te» gli disse, e lui rispose «Voglio essere ovunque sia la mia ombra, se là saranno i tuoi occhi».
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Evangelho Segundo Jesus Cristo, José Saramago
Evangelho Segundo Jesus Cristo, José Saramago
(lembrado por um amigo que o leu em italiano)
Parece que estou a ouvir #61
Tempo Perdido
Pink Martini
Mesmo derramando lágrimas
Eu não te posso perdoar
Mesmo que tenha sofrido
Todo o meu tempo perdido
Nunca mais te quero amar
Mesmo derramando lágrimas
Eu não te posso perdoar
Mesmo que tenha sofrido
Todo o meu tempo perdido
Nunca mais te quero amar
Por ti fico procurando
A esquecer sua maldade
Conviver no abandono
Pra fazer sua vontade
Apesar de ser sincera
Tu é quem me fez chorar
Não faz mal, segue o destino
Que o mundo vai te ensinar
Mas mesmo assim
Mesmo derramando lágrimas
Eu não te posso perdoar
Mesmo que tenha sofrido
Todo o meu tempo perdido
Nunca mais te quero amar
Por ti fico procurando
A esquecer sua maldade
Conviver no abandono
Pra fazer sua vontade
Apesar de ser sincera
Tu é quem me fez chorar
Não faz mal, segue o destino
Que o mundo vai te ensinar
Mas mesmo assim
Mesmo derramando lágrimas
Eu não te posso perdoar
Mesmo que tenha sofrido
Todo o meu tempo perdido
Nunca mais te quero amar
07 julho, 2008
No Times de hoje #62
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Etiquetas:
Economics,
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Coisas que não mudam # 49
Mas e aquilo que é flagrande? Que salta à vista de todos? Quase 20 anos depois, os armazéns do Chiado e do Grandela vieram à memória de muita gente esta noite... (oxalá que dos responsáveis pelas políticas de urbanismo da cidade também)
Etiquetas:
Coisas que não mudam,
Imprensa-Press
06 julho, 2008
05 julho, 2008
04 julho, 2008
02 julho, 2008
Num país a fingir #19
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no Diário Económico de hoje (p. 46) ou o vídeo do youtube aqui
Ainda alguém duvida que está senil e caduco? Seria bom que na cimeira da UA os líderes africanos fizessem ver a Mugabe o que o resto do mundo tem já tentado. Tirem-no de lá e depressa!
01 julho, 2008
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