A batalha legal pelos ecritos e cartas de Ted Kaczynski (também conhecido como Unabomber) está ao rubro. Nove anos depois de começar a cumprir a sua pena perpétua numa prisão de alta segurança no Colorado, Ted vem agora reclamar em tribunal a custódia dos seus manuscritos e correspondência, que pretende doar para a Universidade do Michigan. O governo federal está a pensar levar os escritos a leilão para assim conseguir o dinheiro que as familias das vítimas devem receber em indemnização, mas que nunca foi pago.
Os escritos contêm pormenores relacionados com as bombas enviadas por correio entre 1978 e 1995, assim como o seu manifesto contra a tecnologia e ainda cartas da familia.
O conflito legal está cheio de pormenores interessantes: primeiro foi preciso pôr as vítimas de acordo em levar o processo para tribunal, apenas quatro das cinco aceitaram; depois, David Kackzynski, irmão de Ted, não quer que cartas de família sejam vendidas a coleccionadores da arte do crime; finalmente o próprio Kackzynski cita a primeira emenda à constituição ao dizer que o governo federal não tem direito aos seus escritos nem a alterá-los.
Conflitos de justiça à parte, não deixa de ser triste que sejam as próprias familias das vítimas a colocar o processo em tribunal, como que vendendo a sua própria dor aos jornais e coleccionadores. A única vítima que se demarcou da questão (David Gelernter, professor de informática em Yale) fez saber, numa carta dirigida ao tribunal, que espera que o espólio do criminoso seja destruído ou se necessário selado durante pelo menos 100 anos, periodo após o qual deverá ficar gratuitamente disponível a investigadores dedicados à depravação. Fica o excerto em que expressa mais veementemente a sua opinião:
"'My wife and I are outraged that the court has decided to turn the sale of this criminal’s property into a circus — or (more accurately) into a P.R. bonanza, starring the criminal himself,' Mr. Gelernter wrote. 'Why have you decided to help vicious misfits with cash to burn lionize this evil murderer?'
In a recent e-mail message to The New York Times, Mr. Gelernter said he had nothing but pity and contempt for anyone who would bid on Mr. Kaczynski’s items unless 'they’re acting for a police agency or some serious research project that seeks to rid the world of (not ‘understand’) such vicious cowardly thugs.'
But he emphasized that the other victims had the right to 'call their own moral shots' and that he hoped that they received everything they wanted .
'God knows they deserve it,' Mr. Gelernter said."
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