30 novembro, 2009

Foi neste dia #125 (1935)

É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei dizendo-lhe adeus.
Fiz sinal de gostar de o ver ainda, mais nada.*

Alberto Caeiro, Poesia

*ditado pelo poeta no dia da sua morte, há 74 anos

29 novembro, 2009

Barça vs Real

Que el joc comenci!

Coisas que não mudam #112

Barcelona at dusk:

sea side,

mountains side.

Caprichos #117

Chocolate cigarettes, from the Chocolat Factory...
need to buy more soon!

28 novembro, 2009

Español #3


{Ainda a propósito dos perús do Thanksgiving e dos associados tons laranja}

Na cantina da universidade, não há legendas junto às travessas da comida. Para saber o que se vai comer há que perguntar à senhora que serve.
Eu ¿Qué es eso?

Ela Pavo.
Eu (sem a mínima ideia do que tal seja) Puede ser (para os meus botões, se os tivesse, teria dito: se não gostares comes na mesma).

Já com o tal do pavo no prato, a caminho da caixa registadora encontrei a minha amiga Rosa, espanhola, que, entre outras coisas, serve de meu dicionário ambulante.

Eu Hola Rosa. Qué es pavo?
Rosa hmmm, it's turkey.
Eu Really? We have a completely different word for it in Portuguese.
Rosa How do you say it then?
Eu Perú.

Ela ficou tão surpreendida com o perú como eu com o pavo. Mais tarde decidi investigar se nas outras línguas latinas a dita palavra tem uma raiz comum. Se o tradutor do google não engana, as formas são completamente diferentes nas cinco línguas:

perú em português
pavo em espanhol
dindon em francês
tacchino em italiano
turcia em romeno

Certamente nos tempos romanos não havia pelo império tais aves. Mais tarde, quando os animais chegaram aos diferentes sítios ou terão adoptado nomes mais ou menos aleatórios (por exemplo semelhantes às designações de animais com características parecidas, como os pavões), ou então palavras associadas aos lugares de proveniência (por exemplo China ou Turquia). Se bem me recordo, uma amiga turca, disse-me uma vez que na Turquia o animal toma o nome de india.

A título de curiosidade, laranja em turco diz-se portekiz que, naquela língua, também significa português.

Espantos #227

Barcelona, Badalona, Girona, Tarragona, Urquinaona, Solsona, Osona, Cardona, Guissona, Ulldecona. ¿Qué passa con los nombres de las tierras catalanas? Em português soa tudo forte e feio.

27 novembro, 2009

Memórias #36

A propósito do Thanksgiving, lembrei-me de agradecer os avós, que tantas boas recordações deixaram e deixam. Ao ver este texto, aqui há dias, vieram-me à lembrança memórias únicas, parecidas com as ali descritas. Era uma altura em que o tempo passava de vagar, mas não custava a passar.

26 novembro, 2009

Este é o dia...

Mais uma última quinta feira de Novembro... este é o dia que a América passa a cozinhar para se sentar à mesa pelas três da tarde, comer perú e agradecer. Esta é a primeira quinta feira do género, nos ultimos dez anos, em que não participo na tradição. No resto do mundo é uma quinta feira de trabalho como qualquer outra. Mas nesta quinta feira, vêm-me à memória nove perús assados inteiros, conversas à volta da mesa, jantares às três da tarde, e semanas a meio gas, tão raras por aqueles lados... HAPPY THANKSGIVING!

25 novembro, 2009

Foi neste dia #124 (1975)


Há 34 anos pararam os devaneios revolucionários* que durante mais de ano e meio levaram o inebriado país na deriva comunista... ainda hoje tentamos corrigir os graves erros cometidos nesse periodo.

* A revolução era necessária, os devaneios não.

24 novembro, 2009

Caprichos #116

Posters: Mont Blanc & vinho do porto Ramos Pinto

Palavras lidas #103

Duck River, Short Springs, Tennessee

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento de mais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento --
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.

[...]

Ricardo Reis, Poesia

23 novembro, 2009

Ditto #134

Happiness is an imaginary condition, formerly attributed by the living to the dead, now usually attributed by adults to children, and by children to adults.

-- Thomas Szasz

22 novembro, 2009

A um amigo

Há um tamanho do homem que se mede
Na sepultura:
Cabe ou não cabe no caixão da morte?
Mas quando o porte
Da criatura
Excede o próprio excesso consentido,
Leva tempo a tornar-se natural
Que uma grandeza tal
Tenha existido.

Miguel Torga

21 novembro, 2009

Memórias # 35

Recordo o sentido crítico e de justiça, a escrita clara corajosa e acutilante, o humor refinado sobre a actualidade.
Encontrámo-nos profissionalmente e ficámos amigos.
Aprendi consigo a desmistificar a política e a ver nela aquilo que os jornais não dizem, e não esqueço que foi voluntariamente, e com gosto, o meu primeiro cliente na advocacia :)
Vou ter saudades dos nossos muitos muitos cafés, dos cozidos à portuguesa, das nossas conversas mas sobretudo, de Si...
Obrigada Dr Jorge!

20 novembro, 2009

Foi neste dia #123 (1945)

Há 64 anos começavam em Nuremberga os julgamentos dos criminosos de guerra nazis.

19 novembro, 2009

18 novembro, 2009

Palavras lidas #102

Prece

Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.

Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.

Dá o sopro, a aragem -- ou desgraça ou ânsia --,
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistemos a Distância --
Do mar ou outra, mas que seja nossa!

Fernando Pessoa, Mensagem

16 novembro, 2009

Numa sala perto de mim #117

Great expectations (1998) baseado no romance de Charles Dickens, conta a história de grandes decepções. Por explicar ficou o facto de ela aparecer quase sempre de verde.

Ditto #133

Não ensines nada, pois ainda tens tudo que aprender.

-- Barão de Teive (Fernando Pessoa, Aforismos e Afins)

Palavras lidas #101

Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior.
Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado
E a minha poesia é natural como o levantar-se o vento...

Alberto Caeiro, Poesia

15 novembro, 2009

13 novembro, 2009

Memórias #34

Feijoada de marisco. Porto, Cervejaria Galiza na rua do Campo Alegre. Já lá vão uns anos, mas a feijoada continua excelente... óptima altura para visitar:

Entre o leite creme e o abacaxi quase pedi os dois!

12 novembro, 2009

Caprichos #114


Imperdivel no terminal 1 do aeroporto de Barcelona
junto à porta B52

11 novembro, 2009

Numa sala perto de mim #116

Mi vecino Totoro (1988) desenho animado japonês, com legendas em espanhol, para praticar... e não me escapou muita coisa! Ficou a terna história de duas irmãs e a música to-torooo toto-roooo...

09 novembro, 2009

Español #1

Comecei hoje a ter aulas de Espanhol. Como era esperado a dificuldade não é entender, mas falar... e fazê-lo correctamente. Coisas simples como os números, por exemplo, tive de repetir três vezes até sair certo:

diecinueve, mas noventa y nueve; siete, mas setenta; veinte e não vinte; treinta e não trinta; e por aí fora.

Para praticar a professora fez-nos dizer números de telefone (de casa, do escritório, de estabelecimentos públicos... tudo inventado) à espanhola, ou seja, agrupados da seguinte forma 12.3.45.67.89. Os erros nos ii e nos ee eram tantos que dava vontade de rir... já para não falar na incorrecta pronunciação do c e do z (que se diz seta, mas com um s bem mais forte que o Português), qualquer um deles mais forte que o s ou os dois ss portugueses, mas o segundo ainda mais forte que o primeiro... chega a parecer que o objectivo é cuspir.

Entre as muitas palavras novas de hoje ficaram-me na cabeça azafata (hospedeira em Português, ou aeromoça no Brasil) e zurdo (canhoto), diferente de sordo (surdo). Vai ser lindo vai...

Foi neste dia #122 (1989)

Foi há vinte anos que caiu o muro de Berlim, vinte e oito anos depois de erguido. Como alguém escreveu hoje, o dia 9 de Novembro deveria ser feriado em todo o mundo ocidental por marcar o fim da Guerra Fria com a vitória dos regimes democráticos sobre os regimes totalitários.

05 novembro, 2009

No Times de hoje #108

O mais inesperado artigo (slideshow) que apareceu nos feeds desta manhã Next stop: Alto Alentejo, Unsung but Not for Long. Marvão, Estremoz, Crato, Campo Maior, Évora, Nisa, Alandroal, Elvas, Castelo de Vide, Vila Viçosa vêm todas neste artigo da secção de viagens do New York Times, que realça o calmo estilo de vida da região. A comida, o vinho e a paisagem lembram os genuínos aspectos de um turismo perdido no tempo, comparável à Provença Francesa, ou à Toscana Italiana há cinquenta anos atrás.

03 novembro, 2009

Retirado do contexto #108

Inesperadamente... vou pr'ó Porto, vooou pr'óóó Poooortoooo
lai-la-rai la-rai-la-rai-laaaaa...

No Times de hoje #107

No Times de hoje o artigo Happy Ending, elabora argumentos sobre a necessidade da existência da morte para valorização da vida vivida. Deixou-me sem palavras, mas deu-me que pensar. Fica um excerto:

And when there is always time for everything, there is no urgency for anything. It may well be that life is not long enough. But it is equally true that a life without limits would lose the beauty of its moments. It would become boring, but more deeply it would become shapeless. Just one damn thing after another.

01 novembro, 2009

Ditto #132

If you would be a real seeker after truth, it is necessary that at least once in your life you doubt, as far as possible, all things.

-- René Descartes