Como é, doutor, falta muito para que esse cara do Hitler comece a guerra? – impacientava-se “seu” Aguinaldo.
Aguinaldo repetia a pergunta quase todos os dias, ansioso por tambores de guerra.
- Não sou doutor, Aguinaldo! Pela milésima vez: sou engenheiro.
- Eu lhe explico mais uma vez, doutor Diogo: não tem engenheiro no Brasil! Aqui, quem estudou é doutor, quem não estudou é sinhô: não existe nada mais! Mas esse tal de Hitler, o que ele está esperando para começar essa guerra na Europa, que vai fazer a gente ficar rico?
E Diogo respondia, embaraçado:
- Bem, esperemos que, contra todas as minhas expectativas, não haja guerra.
- Como não haja guerra, doutor? Sem guerra, a Atlântica não pula adiante! Todo esse negócio do feijão e carne precisa de uma guerra feia e bem demorada! O sinhô mesmo me explicou.
- Vá seu Aguinaldo, traga-me a lista dos navios carregando para a Europa, no Rio e Santos, no próximo mês.
- É pra já, doutor. Tomara mesmo que o cara se decida logo!
(págs. 400 e 401)
30 janeiro, 2008
Palavras lidas # 37
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