13 maio, 2007

No Times de hoje # 33

A edição de hoje do New York Times traz dois artigos merecedores de destaque de tão desconcertantes que são.
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Primeiro, um artigo sobre a mudança do padrão de abortos na China. O aborto tem vindo a ser utilizado por casais que querem cumprir com a lei Um filho por casal em vigor na China desde finais dos anos 70. Hoje em dia, o aborto é utilizado como meio contraceptivo geral não só por mulheres casadas, mas também, e cada vez mais, por solteiras que recorrem sucessivamente a este tipo de método, num país em que não existe investimento na educação ou informação sobre a saúde sexual. Um artigo verdadeiramente deprimente a fazer lembrar a conversa que tive com um casal russo aqui há tempos: na ex-URSS o aborto era também um popular meio de contracepção, não por falta de informação sobre outros meios, mas por falta de acesso -- as pessoas tinham dinheiro para comprar pilulas ou preservativos, mas estes produtos pura e simplesmente não se encontravam disponíveis no mercado... outra coisa não seria de esperar numa economia de planeamento central, onde faltava TUDO e onde as pessoas só obtiam o que pretendiam comprar por duas vias: 1) ou por ficarem horas numa fila, ou 2) por conhecerem alguém que, com antecedência, lhes dava a informação de qual a fila para onde se deviam dirigir e serem os primeiros a lá chegar. Quando o Estado se substitui aos agentes individuais na produção acontecem estas situações, no mínimo caricatas... as consequências podem ser mais ou menos perturbadoras.

O segundo artigo, fala de um soldado criança, que conseguiu escapar aos horrores da Guerra na Costa do Marfim. Embarcou num avião para os EUA, onde chegou em Novembro passado sabendo apenas dizer o seu nome e a seguinte frase “I want to make refugee."

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