A edição de hoje do New York Times traz dois artigos merecedores de destaque de tão desconcertantes que são.
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Primeiro, um artigo sobre a mudança do padrão de abortos na China. O aborto tem vindo a ser utilizado por casais que querem cumprir com a lei Um filho por casal em vigor na China desde finais dos anos 70. Hoje em dia, o aborto é utilizado como meio contraceptivo geral não só por mulheres casadas, mas também, e cada vez mais, por solteiras que recorrem sucessivamente a este tipo de método, num país em que não existe investimento na educação ou informação sobre a saúde sexual. Um artigo verdadeiramente deprimente a fazer lembrar a conversa que tive com um casal russo aqui há tempos: na ex-URSS o aborto era também um popular meio de contracepção, não por falta de informação sobre outros meios, mas por falta de acesso -- as pessoas tinham dinheiro para comprar pilulas ou preservativos, mas estes produtos pura e simplesmente não se encontravam disponíveis no mercado... outra coisa não seria de esperar numa economia de planeamento central, onde faltava TUDO e onde as pessoas só obtiam o que pretendiam comprar por duas vias: 1) ou por ficarem horas numa fila, ou 2) por conhecerem alguém que, com antecedência, lhes dava a informação de qual a fila para onde se deviam dirigir e serem os primeiros a lá chegar. Quando o Estado se substitui aos agentes individuais na produção acontecem estas situações, no mínimo caricatas... as consequências podem ser mais ou menos perturbadoras.
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