23 junho, 2006

Efeito Scolari

"Onze homens em campo. Décimo segundo jogador nas bancadas. Mas quando tudo dá certo para Portugal há que agradecer a este homem - Luiz Felipe Scolari. (...)

Na verdade, os Portugueses sempre produziram jogadores com qualidade para bater os melhores. Paulo Futre, Vitor Baía, Fernando Couto, Rui Costa, Sérgio Conceição e João Pinto são a nata. Mas Portugal sempre implodiu na pior altura. Perdendo a cabeça contra a França no Euro 2000 e perdendo as estribeiras frente à Coreia há quatro anos, Portugal nunca colheu os benefícios que a geração de ouro prometera. Depois veio Luiz Felipe Scolari.
(...)

Através da sua cuidadosa utilização do plantel (...) Scolari conseguiu levar os 23 até aos oitavos sem nenhuma suspensão, apesar de 4 deles terem visto cartões amarelos na noite passada.

Se Sven-Goran Eriksson recebe 5 milhões de libras ($15m) por ano por tomar más decisões, quanto é que Scolari vale?

Provavelmente não tem preço.

Porque se decisões difíceis teem de ser tomadas, Felipão é homem para dar um murro na mesa e fazer o necessário para tudo dar certo.

Ele não é sentimental como o Sueco. Contrariamente ao Sueco, é resoluto. E é um vencedor, batendo o Sueco duas vezes nas duas últimas altas competições.

Este é o homem que não hesita em responder torto a jornalistas, tomando inclusivé as arriscadas decisões de deixar jogadores importantes fora dos convocados.

Antes do Euro 2004, ele foi criticado por chamar Deco, brasileiro que obteve a cidadania Portuguesa apressadamente.

Agora, a peça central do Barcelona é indispensável à selecção nacional. Para a sua missão na Alemanha, deixou de fora Ricardo Quaresma apesar da sua excelente forma no Futebol Club do Porto. Há quatro anos atrás, criou ainda maior escândalo ao não convocar Romário apesar de uma campanha pública para a inclusão do craque no escrete.

Será que Eriksson faria o mesmo com David Beckham ou Rio Ferdinand?

Enquanto o treinador de Inglaterra está a enfrentar uma crise no ataque, perdendo Michael Owen e apenas com três pontas de lança ao seu dispor, Scolari não tem tais problemas, pois trouxe consigo não menos de sete avançados numa clara indicação de que está na Alemanha para atacar, atacar, atacar.

Nem irá arriscar embaraços no campeonato do mundo pela totalmente desnecessária presença de mulheres e namoradas. Enquanto a Inglaterra continua a entreter-se nos seus dias de folga com as suas mulheres, o Sargentão não concede tal privilégio aos seus homens, tendo levado o Brasil ao título em 2002 depois de 60 dias de celibato.

Vénia para Luiz Felipe Scolari. Os seus métodos poderão não ser terrivelmente refinados. Mas funcionam. É metódico, estóico, calculista, frio, matador e finalmente vencedor. Tal como disse uma vez: 'Chegar em segundo lugar é como chegar em último.'

Não há prémio para adivinhar o que Scolari quer na Alemanha."
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Passagens do artigo Big Phil is Portugal's lethal weapon, in The Electric New Paper

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