30 abril, 2014

Parece que estou a ouvir #177

Duas letras do fado corrido gravadas por Amália Rodrigues, ambas polvilhadas de despeito, desacatos e lições de moral. Eu desconhecia a primeira.
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Fado corrido

A barra da minha saia
Foi você que ma queimou
Com a ponta do cigarro
Quando comigo dançou!

Mal de amor raro se perde
É como a nódoa d'amora
Só com outra amora verde
A nódoa se vai embora

Ó minha moça trigueira
Quem te fez tão trigueirinha
Foi o calor da braseira
Que me aquecia à noitinha

Chamaste-me preta, preta
Que eu sou preta bem o sei
Também a azeitona é preta
E vai à mesa do rei

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Fado Corrido

Lá porque tens cinco pedras
Num anel de estimação
Agora falas comigo
Com cinco pedras na mão!

Enquanto nesses brilhantes
Tens soberba e tens vaidade,
Eu tenho as pedras da rua
P'ra passear à vontade!

Mas não passas sorridente
A alardear satisfeito
Pois hei de chamar-te à pedra
Pelo mal que me tens feito!

E hás de ficar convencido
Da afirmação consagrada:
"Quem tem telhados de vidro
Não deve andar à pedrada"

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