Há 83 anos morreu o Alves e a cidade mudou...
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Cruz na porta da tabacaria!
Quem morreu? O próprio Alves? Dou
Ao diabo o bem-estar que trazia.
Desde ontem a cidade mudou.
Quem era? Ora, era quem eu via.
Todos os dias o via. Estou
Agora sem essa monotonia.
Desde ontem a cidade mudou.
Ele era o dono da tabacaria.
Um ponto de referência de quem sou
Eu passava ali de noite e de dia.
Desde ontem a cidade mudou.
Meu coração tem pouca alegria,
E isto diz que é morte aquilo onde estou.
Horror fechado da tabacaria!
Desde ontem a cidade mudou.
Mas ao menos a ele alguém o via,
Ele era fixo, eu, o que vou,
Se morrer, não falto, e ninguém diria.
Desde ontem a cidade mudou.
Álvaro de Campos, 14-10-1930
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A cross? on the tobacco shop door?
Who's dead? Can it be Alves himself?
Damn this morning's high spirits.
Since yesterday the city has changed.
Who was he? Well, he was the one I saw.
I saw him every day. Now I have
lost that source of my daily monotony.
Since yesterday the city has changed.
He owned the tobacco shop. He was
a reference point for the I that I am.
Days, nights I walked past his shop.
Since yesterday the city has changed.
In my heart there's little joy, and this
tells me that where I stand there's death.
The shut-up horror of the tobacco shop!
The city has changed since yesterday.
Álvaro de Campos, 10-14-1930
(translation from here)
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