03 julho, 2013

Espantos #364

A leitura de documentos antigos sempre me fascinou. A dificuldade não é a linguagem arcaica, mas antes compreender a forma como se escrevia em cada época. Até determinada altura a escrita era monopólio dos conventos e mosteiros onde os frades escreviam e copiavam documentos todos com o mesmo estilo gráfico. Não é fácil de ler, mas o olho treinado consegue. A partir dos séculos XIII-XIV a escrita saltou para fora dos muros dos mosteiros passando de frades para escrivães e notários. Nos séculos seguintes, as grafias alteraram-se drasticamente e as abreviaturas multiplicaram-se. O XV e o XVI exibem as piores grafias (o último tem a fama de ser o século do "esparguete") que voltam a convergir por volta dos finais do século XVIII parecendo-se já com a maneira como se escreve hoje em script.

Este curto documento é de 1389:
é difícil ler o que diz, mas felizmente há gente especializada na leitura deste tipo de escrita.
Ora aí está a transliteração em português arcaico: trata-se da ordem do rei D. João I para a fundação de uma entidade incumbida de processar e liquidar as contas dos administradores das rendas reais. Era o princípio da contabilidade nacional com a criação dos contos reais.
E como ainda assim, às vezes, é difícil de compreender segue-se a leitura modernizada.
 Resumindo e concluindo: se não fizeres como te digo, assumes as perdas!
(clicar nas fotos para ampliar)

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