(...) Quantos filhos tinha ele não o diz claramente a história: a única coisa que ressalta é que destinara ao claustro todos os mais novos, de um e de outro sexo, a fim de deixar a sua fortuna inteira ao mais velho, o qual estava destinado a perpetuar a família, isto é, a procriar filhos para atormentar-se e atormentá-los da mesma maneira.
Estava a nossa desafortunada ainda no ventre materno e já o seu destino estava irrevogavelmente assente. Só restava decidir-se se seria monge ou freira, decisão para a qual era necessário a sua presença no mundo. Quando nasceu, querendo o príncipe seu pai dar-lhe um nome que fizesse imediatamente lembrar a ideia do claustro, que houvesse sido usado por uma santa de alta linhagem, chamou-lhe Gertrudes. Os primeiros brinquedos que lhe puseram na mão foram bonecas vestidas de freiras e, mais tarde, estampa sem traje de freiras, acompanhando sempre a oferta com a recomendação de ter muito cuidado com ela e com esta interrogação afirmativa:
- Muito linda, não é verdade?
Quando o príncipe, a princesa ou ainda o principezinho, único filho varão criado em casa, queriam elogiar a carinha bonita da menina, não achavam maneira mais própria de bem exprimir a sua ideia que esta: "Que bela madre abadessa!" (...)
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