23 março, 2012

Coisas que não mudam #179

{English below}

De vez em quando acontecem situações que nos obrigam a parar, mas que nos mostram a bondade das pessoas que nos rodeiam. Há pouco mais de três semanas, numa cama de hospital, veio-me ao pensamento a expressão tão portuguesa, o Natal é quando um homem quiser, que se pode aplicar a qualquer feriado… porque não o dia de Acção de Graças?
Tudo isto a propósito de algo que muito provavelmente terá nascido comigo, mas que só me levou ao médico há umas semanas. Vários exames, indicaram a existência de uma massa, quase de certeza benigna, que pela sua dimensão teria de ser extraída cirurgicamente. Não sendo grave, tratava-se se um problema sério devido ao perigo de ruptura. A cirurgia deveria por isso ser marcada brevemente, mas não com carácter de urgência. Correu tudo como planeado e é caso para dizer que entre as coisas que ninguém quer ter, esta é provavelmente a melhor que se pode ter. Ainda assim a fragilidade acontece, tanto depois como antes da operação. E foi mesmo antes que surgiram as amáveis reacções.
Não tendo anunciado a quatro ventos, falei com um total de quinze pessoas: família; amigos próximos com quem falo quase diariamente, incluindo colegas mais chegados; amigos próximos com quem não falo diariamente, mas que por acaso me falaram na semana entre o diagnóstico e a cirurgia; e colegas que precisavam saber por questões de trabalho. Não tenho palavras para agradecer o carinho que demonstraram.
Uma ofereceu-se para dormir em minha casa quando eu saísse do hospital para me apoiar logo nos primeiros dias. Outros ofereceram-se para eu passar todo o período de recuperação em casa deles. Outros disseram que estavam à minha disposição para levar-me de carro às consultas, fazer compras de supermercado, ou mesmo cozinhar para mim. Um outro casal decidiu que eu não devia estar sozinha e que devia ir a casa deles jantar, sentar no sofá e ver televisão... não resolve nada, mas dá companhia.
Dos que estão longe, alguns ofereceram o seu conhecimento médico, outros palavras de conforto ao partilharem semelhantes situações superadas, vários disseram que poderiam viajar até Nashville por uns dias para me acompanhar no internamento e nos primeiros dias de recuperação em casa. Isto acabou por não ser necessário porque a família atravessou o oceano para cá estar... como disse uma amiga brasileira: claro, família que é Família está lá! De perto e de longe chegaram visitas, emails, telefonemas, flores (uma delas para plantar e observar), bolinhos, uma colecção de DVDs, e ainda ontem um livro!
Eu cá estou, bem melhor que há três semanas. Entretida, com boa leitura e televisão e alegres vistas de flores. Já quase não me canso e estou praticamente pronta para regressar à sala de aula, mas sentadinha. Acima de tudo, estou muito agradecida!

__________

At times there are situations in life that force us to stop but that reveal the kindness of those around us. A little over three weeks ago at the hospital, I thought of the very Portuguese expression Christmas is whenever we want it to be, which applies to any holiday really... why not Thanksgiving?
All of this because of something that most likely was born with me but only took me to the doctor’s office some weeks ago. A few exams indicated the existence of a mass, most likely benign, but sufficiently large that had to be extracted by surgery. The risk of rupture was serious enough to schedule the surgery soon, but it was not an emergency. Everything went exactly as expected and it’s fair to say that among the things you don’t want to have, this is probably the best you can have. Even so, fragility occurs both after and before the operation. And it was before that the kind reactions started to happen.
I didn’t announce it widely, but I ended up telling a total of fifteen people: family; close friends with whom I talk almost every day, including the closest colleagues; close friends with whom I don’t speak every day, but by chance emailed me the week between diagnostic and surgery; and colleagues who needed to know because of work. I have no words to thank the kindness they showed.
One offered to sleep at my place when I came out of the hospital to help me in the days right after surgery. Others offered that I spent the recovery time at their place. Others offered to drive me to and from doctors’ appointments, go grocery shopping or cook for me. Another couple decided I should not be alone and should go to their place whenever I wanted for dinner, sitting in the sofa and watch tv... solves nothing, but keeps you company.
Of those that are far, some offered their medical knowledge, others comforting words while sharing similar situations overcome in the past, many offered to travel to Nashville for a few days to help me with the internment and right afterwards at home. This ended up not being necessary as my family crossed the ocean to be here... as a Brazilian friend said: of course, a real family is there! From near and far came visits, emails, phone calls, flowers (one of which to plant and watch), cookies, a collection of DVDs, and yesterday a book!

And here I am, certainly better than three weeks ago. Entertained with good reading, tv and pretty flowers around. I almost don’t get tired anymore and I am practically ready to start teaching, seating down though. Above all, I am
very thankful!

3 comentários:

JR disse...

Essas demonstrações têm um significado: TU MERECES!

Anónimo disse...

Ah Mulher valente! Agora bola para a frente mas nada de exageros... step by step:) Bjs!
Sandra

Unknown disse...

É mesmo isso querida amiga. Tu mereces todas as preocupações. Um grande beijinho e espero que a recuperação seja rápida e completa.