30 abril, 2011

Caprichos #168


The Met's new production of Il Trovatore by David McVicar is truly spectacular: the four main singers in flawless performances, the rotating stage reducing the intermissions and making the whole play more fluid, and the fantastic (huge) chorus hammering heavily and shouting:

Chi del gitano i giorni abbella?

But the arias follow one another in seamless effort, making it all look so easy. In my head, out of the theatre, yet another one:

Di tale amor, che dirsi 
mal può dalla parola, 
d'amor che intendo io sola, 
il cor il cor il cor s'inebriò. 
Il mio destino compiersi 
non può che a lui dappresso...
S'io non vivrò per esso, 
per esso morirò! 
S'io non vivrò per esso, 
per esso io morirò, ah sì, 
per esso morirò, 
per esso morirò, morirò.

Primavera #10

Por aqui as certamente últimas flores, porque já tudo floriu...

parecidas, mas de formato bem diferente.

Enquanto dizem que em Boston começam as magnólias!

29 abril, 2011

Pormenores # 65

Muito barulho por nada ...

Numa sala perto de mim #152

Des Hommes et des Dieux (2010). Slow. Moving. Humbling. A story of courage and faith under the most auspicious circumstances. As a reader I have been addressed by the narrator in rare books. But I had never before been addressed by the true (non-fictional) caracter of a movie based on a true story. Remarkable!
_________

Christian: [Voice-over] Should it ever befall me, and it could happen today, to be a victim of the terrorism swallowing up all foreigners here, I would like my community, my church, my family, to remember that my life was given to God and to his country. That the Unique Master of all life was no stranger to this brutal departure. And that my death is the same as so many other violent ones, consigned to the apathy of oblivion. I've lived enough to know, I am complicit in the evil that, alas, prevails over the world and the evil that will smite me blindly. I could never desire such a death. I could never feel gladdened that these people I love be accused randomly of my murder. I know the contempt felt for the people here, indiscriminately. And I know how Islam is distorted by a certain Islamism. This country, and Islam, for me are something different. They're a body and a soul. My death, of course, will quickly vindicate those who call me naïve or idealistic, but they must know that I will be freed of a burning curiosity and, God willing, will immerse my gaze in the Father's and contemplate with him his children of Islam as he sees them. This thank you which encompasses my entire life includes you, of course, friends of yesterday and today, and you too, friend of last minute, who knew not what you were doing. Yes, to you as well I address this thank you and this farewell which you envisaged. May we meet again, happy thieves in Paradise, if it pleases God the Father of us both. Amen. Insha'Allah.

28 abril, 2011

Numa sala perto de mim #151

My Blueberry Nights (2007). Stories of derailed lives, by choice. How it all makes sense even if you realize it's not the best outcome. Makes you think about your own (less drastic) choices. Great cast. Calm and mellow soundtrack. One word: fantastic!

Sem título #20

"Monarchy, you see, is a hereditary disease that can only be cured by fresh outbreaks of itself." From the sanest article I have read on the absurd royal wedding frenzy.

27 abril, 2011

Coisas que não mudam #161

O título é assustador: "Mais de Um Bilião de Pessoas Passa Fome no Mundo." Já o artigo, embora longo, não segue o mesmo padrão e desmistifica alguns assuntos.

Para começar, 1 bilião de pessoas é quase 1/7 (~14.3%) da população mundial de acordo com este counter (clique em refresh e vê que para os 7 biliões caminhamos a passos largos). Em cada 7 pessoas uma passar fome é um número que dá que pensar a qualquer um!

Nos últimos dez anos têm-se multiplicado os estudos sobre desenvolvimento económico com ênfase na fome e ciclos de pobreza. Esta realidade perpetua a má sorte de muitos que não escolheram nascer em lugares onde as perspectivas nunca deixarão de ser negras. Em particular, desde 2003 com a fundação do Laboratório de Acção Contra a Pobreza Abdul Latif Jameel (J-PAL), os economistas saíram do gabinete e foram aos locais onde a pobreza grassa para entender melhor os fenómenos que levam às chamadas "armadilhas de pobreza" ou poverty traps. É um trabalho gigantesco de concepção de projectos inicialmente, depois de procura, recolha e tratamento de dados e finalmente de análise, estudo e interpretação de resultados.

Para além disso é trabalho que nunca acaba porque depois de um estudo vem sempre outro; qualquer resultado que se observe é parcial porque há sempre fenómenos que não se conseguem observar e que podem ter influência no resultado, pelo que há que pensar novos métodos que ultrapassem essas deficiências. Afinal de contas é de investigação que se trata e se a solução para o problema da fome e da pobreza fosse fácil, certamente não haveria tantos pobres a passar fome.

O artigo é da autoria de Abhijit Banerjee e Esther Duflo does economistas do MIT directores do J-PAL Global, daí que o artigo seja ainda mais marcante. Não se nega a existência das armadilhas de pobreza, mas colocam-se em causa as escolhas daqueles que passam fome: aumentar o dinheiro disponível não aumenta necessariamente o consumo de calorias, ou de comida em geral podendo outros tipos de consumo (televisão ou festas) ser preferidos. Daí que o número 1,000,000,000 de pobres a passar fome seja pouco credível porque poderemos estar a contar pessoas que contribuem para essa situação e que poderiam perfeitamente estar fora das armadilhas de pobreza.

Aqui ficam alguns excertos:

Studies have shown that when very poor people get a chance to spend a little bit more on food, they don't put everything into getting more calories. Instead, they buy better-tasting, more expensive calories.

(...)

In one study conducted in two regions of China, researchers offered randomly selected poor households a large subsidy on the price of the basic staple (wheat noodles in one region, rice in the other). We usually expect that when the price of something goes down, people buy more of it. The opposite happened. Households that received subsidies for rice or wheat consumed less of those two foods and ate more shrimp and meat, even though their staples now cost less. Overall, the caloric intake of those who received the subsidy did not increase (and may even have decreased), despite the fact that their purchasing power had increased. Nor did the nutritional content improve in any other sense. The likely reason is that because the rice and wheat noodles were cheap but not particularly tasty, feeling richer might actually have made them consume less of those staples. This reasoning suggests that at least among these very poor urban households, getting more calories was not a priority: Getting better-tasting ones was.

(...)

The poor often resist the wonderful plans we think up for them because they do not share our faith that those plans work, or work as well as we claim. We shouldn't forget, too, that other things may be more important in their lives than food. Poor people in the developing world spend large amounts on weddings, dowries, and christenings. Part of the reason is probably that they don't want to lose face, when the social custom is to spend a lot on those occasions. In South Africa, poor families often spend so lavishly on funerals that they skimp on food for months afterward.

(...)

We asked Oucha Mbarbk what he would do if he had more money. He said he would buy more food. Then we asked him what he would do if he had even more money. He said he would buy better-tasting food. We were starting to feel very bad for him and his family, when we noticed the TV and other high-tech gadgets. Why had he bought all these things if he felt the family did not have enough to eat? He laughed, and said, "Oh, but television is more important than food!"

25 abril, 2011

Parece que estou a ouvir #109

(Carlinhos Brown & Mikael Mutti)

Já passou meia hora
Coração fica aqui
(Fica aqui)
Tá chegando a hora
Quem não samba, não chora
Não deixe o sapo cair

Tem no chão as estrelas
Pois o sol quer subir
(Quer subir)
A poeira se espalha
O meu samba batalha
Quando o povo sorri

Hoje eu sou seu amor
E não tem despedida,
Pois o samba tá quente,
Venha com a gente,
Minha querida

Mestre-sala ensinou
Que sambar nos dá vida
Pois cantar a natureza
Traz a beleza
Para a avenida

Piuí, Piuí, Piuí, Piuí, Piuí, Piuí
Balança a cadeira mulata não deixe o sapo cair*
Piuí, Piuí, Piuí, Piuí, Piuí, Piuí
Balança a cadeira mulata não deixe o sapo cair
_____________

*que é como quem diz: "rebola garota... RE-BOO-LAAAAA!"

Espantos #290


A companhia aérea Nepalesa sacrificou duas cabras como oferta ao deus Hindu da protecção dos céus. Tudo aconteceu no aeroporto de Kathmandu em frente a um dos aviões da companhia que tinha manifestado uma série de problemas técnicos no passado recente levando ao adiamento sucessivo de voos. Depois da cerimónia o avião completou com sucesso uma viagem até Hong Kong. Esperemos que esta ecléctica forma de manutenção de aviões não seja adoptada por mais companhias aéreas!

Na leva fui saber mais sobre o Nepal e deparei-me com outro facto curioso: a bandeira deste país é a única no mundo que não apresenta formato rectangular.

24 abril, 2011

Numa sala perto de mim #150

Young Victoria (2009). An excellent portray of the way politics and power work. The importance of control (by whoever can exert it: monarchs, counselors, potential regents, ladies in waiting, relatives, politicians) should not be underestimated. Either there are capable institutions to curb crazy whims and wishes or the outcome won't be too bright.

Numa sala perto de mim #149

Hereafter (2010) is a touching story about near death experiences. A slow movie, that seems to aim senselessly at first, but then little by little it reaches its goal. There's something about Clint Eastwood movies... they can't really go wrong. Wonderful soundtrack!

20 abril, 2011

Pedaços de Chicago

Chicago tem:

o rio, com muitas muitas pontes

um bonito skyline

momentos doces...

e salgados!

It also has the BEAN,

a corn heritage

and artsy buildings.

In one word... style!

17 abril, 2011

Numa sala perto de mim #148

Rio (2011). Divertido, colorido e com muitas imagens que deixam saudades!

14 abril, 2011

Numa sala perto de mim #147


For the ones who like flowers and say odd things

Numa sala perto de mim #146

Cairo Time (2009). A slow movie, wonderfully framed in the streets of Cairo, where the colors and sounds come out magnified. Beautiful soundtrack!

13 abril, 2011

Num país a fingir #47

"Reivindica-se, como se fosse possível, um empréstimo intercalar, quando ainda nem sequer é seguro que consigamos o ansiado resgate. Sugerimos imaginação, em que somos especialistas, àqueles a cuja porta vamos bater, expondo-nos ao ridículo. Sorte a nossa que o comissário Olli Rehn não nos tenha perguntado "por qué no se callan?""

Parece que a loucura do quero, posso, mando e exijo se apoderou da classe política Portuguesa que certamente ainda pensa que pode empurrar o mal com a barriga à la PEC 1, 2, 3 e 4. Gente ignorante e petulante não nos falta. Até parece que temos o rei na barriga e podemos negociar!

09 abril, 2011

Palavras lidas #169

MANDAR

Nascido para mandar Os homens dividem-se, na vida prática, em três categorias: os que nasceram para mandar, os que nasceram para obedecer e os que não nasceram nem para uma coisa nem para outra. Estes últimos julgam sempre que nasceram para mandar; julgam-no mesmo mais frequentemente que os que efectivamente nasceram para o mando.

O característico principal do homem que nasceu para mandar é que sabe mandar em si mesmo.

O característico distintivo do homem que nasceu para obedecer é que sabe mandar só nos outros, sabendo obedecer também. O homem que não nasceu nem para uma coisa nem para outra distingue-se por saber mandar nos outros mas não saber obedecer.

O homem que nasceu para mandar é o homem uqe impõe deveres a si mesmo. O homem que nasceu para obedecer é incapaz de se impor deveres, mas é capaz de executar os deveres que lhe são impostos (seja por superiores, seja por fórmulas sociais), e de transmitir aos outros a sua obediência; manda não porque mande, mas porque é um transmissor de obediência. O homem que não nasceu nem para mandar nem para obedecer sabe só mandar, mas, como nem manda por índole nem por transmissão de obediência, só é obedecido por qualquer circunstância externa - o cargo que exerce, a posição social que ocupa, a fortuna que tem...

Teoria e Prática do Comércio

(p. 108)

07 abril, 2011

05 abril, 2011

Ditto #181


Economic history is a long record of government policies that failed because they were designed with a bold disregard of the laws of economics.

--Ludwig von Mises

02 abril, 2011

Num país a fingir #46

Num país onde o primeiro ministro mente acerca da legitimidade da sua licenciatura, não surpreende que outras pessoas em altos cargos também o façam. Este facto é já de si triste. O que me surpreendeu nesta notícia foram mesmo as declarações da pessoa em causa, um administrador dos CTT, que levantam o véu sobre o tipo de pessoas que temos em cargos chave:

"Devo referir que sempre estive convencido que o meu percurso académico com oito anos de frequência universitária e elevado número de cadeiras concluídas, em mais do que um plano de estudos curriculares, correspondesse a um curso superior à luz das equivalências automáticas do processo de Bolonha"

Oito anos de frequência universitária... como se isso fosse um percurso louvável! Qualquer pessoa que tenha passado pelo ensino superior conhece bem esses pseudo-estudantes que demoravam 8 anos (e alguns mais) a fazer o curso. Eram os mesmos que passavam mais tempo no bar a beber cervejas e a jogar às cartas que nas aulas. Os mesmos que organizavam as festas de início, meio e fim de semestre. Os veteranos das tunas. Os mesmos que ano após ano se candidatavam nas listas para a associação de estudantes... verdadeiros profissionais da associação estudantil. Os mesmos que organizavam as manifestações do "Não Pagamos".

Com o descalabro de compadrios os jobs for the boys vão para esta gente que sempre provou incompetência e nulidade. Ainda nos admiramos do estado a que o país chegou?

Caprichos #166

Technology driven...

Juntaram-se os três à esquina

01 abril, 2011

Primavera #8

Can't wait to see these open

Parece que estou a ouvir #108

O cultivo da ignorância
__________

Carlos Tê, Rui Veloso

Ai senhor das furnas
Que escuro vai dentro de nós
Rezar o terço ao fim da tarde
Só para espantar a solidão
E rogar a Deus que nos guarde
Confiar-Lhe o destino na mão

Que adianta saber as marés
Os frutos e as sementeiras
Tratar por tu os ofícios
Entender o suão e os animais
Falar o dialecto da terra
Conhecer-lhe o corpo pelos sinais

E do resto entender mal
Soletrar ASSINAR EM CRUZ
Não ver os vultos furtivos
Que nos tramam por trás da luz

Ai senhor das furnas
Que escuro vai dentro de nós
A gente morre logo ao nascer
Com olhos rasos de lezíria
De boca em boca passar o saber
Com os provérbios que ficam na gíria

Que nos vale esta pureza
Sem ler fica-se pederneira
Agita-se a solidão cá no fundo
Fica-se sentado à soleira
A ouvir os ruídos do mundo
E a entendê-los à nossa maneira

Carregar a superstição
De ser pequeno ser ninguém
E não quebrar a tradição
Que dos nossos avós já vem