25 agosto, 2010

No Times de hoje #118

Mozart morreu há mais de duzentos anos em Viena, mas ainda hoje se publicam estudos em jornais académicos que investigam as possíveis causas da morte do compositor. A causa oficial declarada nos registos do arquivo da catedral de Santo Estefano em Viena foi febre dermatoide, ou seja eczema. Ora esta causa nunca foi tida por convincente, começando a especular-se publicamente sobre as possíveis alternativas cerca de um mês depois da morte de Mozart em 5 de Dezembro de 1791. Dois séculos depois já não se pretende apurar responsabilidades (até porque a tese do envenenamento foi há muito abandonada), mas tão só averiguar as verdadeiras causas de factos passados, tantas vezes mal explicados nas páginas da história. O recente artigo académico (no jornal Medical Problems of Performing Artists) organiza as várias teorias da morte de Mozart aventadas ao longo dos anos e conclui que a controvérsia irá continuar, uma vez que existem 118 causas plausíveis. Como exercício académico é um trabalho de notável investigação arquivística. No entanto, dado que o corpo foi sepultado em vala comum (como era costume para a classe média de Viena da altura), é também um trabalho inglório visto que a solução do enigma permanecerá para sempre incógnita. E com isto penso na validade de tanta investigação académica, toda ela com interesse e propósito, mas muitas vezes sem aplicação.
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Nova Iorque vota este mês uma proposta de um arranha céus da altura do Empire State Building e não muito longe deste. A apenas dois blocos na 33rd com a Sétima Avenida, o novo prédio (o tal do Vornado building) irá ocultar o Empire do skyline de Manhattan quando visto a partir de New Jersey. Apesar dos cuidados e exageros americanos nestas circunstâncias, não deixa de ser curioso o facto de vir a proposta a construção de um arranha-céus gigantesco em altura de crise imobiliária e quem sabe da maior crise desde a grande depressão. Foi também durante aquela altura que o Empire State foi construído.

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