11 março, 2010

Memórias #40


P: ¿Conocéis la baraja española?
R: ¿Qué es la baraja española?

Só depois de ver as cartas é que me lembrei que sim, que as conhecia e há tantos anos que as não via.

Lembro-me de quando as vi pela primeira vez... eram esquisitas: muito mais vistosas e coloridas que as nossas, com os símbolos a encher quase toda a superfície da carta. De certa forma eram mais intuitivas uma vez que as copas eram copos e não corações, os ouros eram moedas de ouro e não losangos, as espadas eram mesmo espadas e não um coração invertido com um pé, e os paus não se pareciam com flores, mas eram mesmo paus embora mais parecidos com marretas ou bastões, de acordo com a palavra bastos em espanhol. No entanto, o hábito dos símbolos clássicos fazia-me sempre pensar duas vezes qual seria o naipe correspondente nestes. Lá teriam vindo de Espanha com uns caramelos quaisquer que sempre me interessaram muito mais.

Já não me lembro de quem eram as cartas, talvez de um tio que adorava a jogatana, mas que quando jogava se exaltava quase sempre... então se calhava a não ganhar, caía o carmo e a trindade. Mas era divertido vê-lo jogar com os outros tios já velhotes que comunicavam com expressões faciais se tinham muitos trunfos ou de que naipe estavam a corte. Ao fim de cada jogo criticavam-se uns aos outros por deixarem passar vasas imperdoáveis e discutiam complicadas questões de estratégia. Por vezes, durante o jogo, faziam comentários em forma de pista para o parceiro, até que o tal tio lembrava a todos, já exaltado, que o jogo tinha sido inventado por surdos mudos!

Fiquei ontem a saber que o aeroporto de Barajas em Madrid, mais não é que o aeroporto dos baralhos :-)

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