24 outubro, 2008

No Times de hoje #72

O New York Times de hoje traz um artigo que faz uma interessante ligação entre a campanha eleitoral e os telemarketers. Quando um telemarketer se demite do seu emprego porque se recusa a passar a mensagem associada a determinada campanha algo vai mal. Mas não foi bem por isso que o artigo me chamou a atenção. Foi antes pelo facto de, num post aqui há dias, não ter pensado um pouco em quem está do outro lado do telefone a incomodar as pessoas do lado de cá. Pensando em termos económicos, o custo de oportunidade daquela pessoa deve ser bastante baixo para se entregar àquele tipo de trabalho chato... ficou-me esta passagem:

(...) I once worked as a telemarketer (...) I woke up people on the overnight shift who had just managed to fall asleep for the first time in six days. Sometimes, when there was clearly nobody at home, I would just let the phone ring and ring in order to avoid having to call anybody else. Once after about 30 rings, I heard the breathless voice of a man who had climbed down off the roof in hopes that this was the critical business call he had been waiting for all year, the one that was going to change his life forever. Imagine his joy when he discovered that it was, instead, an exciting opportunity to purchase an entire packet of portrait photographs of his loved ones at a special discount price. (...)
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Eu não dou muita importância ao halloween, mas por aqui é coisa que provoca bastante adesão. A Economist desta semana traz um pequeno artigo sobre a capacidade de previsão das vendas dos disfarces dos candidatos no resultado das eleições. Faz sentido, uma vez que os dois eventos acontecem numa janela muito restrita de tempo pelo que é quase como fazer uma sondagem à boca das urnas: o halloween é sempre no ultimo dia de Outubro e as eleições sempre na terça feira que se segue à primeira segunda feira do mês de Novembro. Parece que o Barack vende mais que o John, mas a Sarah vende mais que a Hillary. Veremos...
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Ainda na Economist, um artigo sobre a nacionalização dos fundos privados de pensões na Argentina. Estes fundos tinham sido criados em meados dos anos 90 para que as pessoas conseguissem juntar poupanças de forma alternativa ao sistema público, em que poucos tinham confiança por estar aliado a governos instáveis e arbitrarios. O sistema teve tanto sucesso que em pouco mais de 10 anos se tornou na verdadeira alternativa dos trabalhadores Argentinos que nele confiavam para guardar as suas futuras pensões. Com os planos de salvamento dos bancos à beira do colapso financeiro um pouco por todo o mundo, a presidente Kirchner decidiu nacionalizar talvez o único sistema saudável da economia argentina, com a desculpa de "estar proteger as reformas dos trabalhadores e reformados". Protegidas estavam elas antes! Agora, está apenas assegurada a não falência do governo argentino, pelo menos para já. A medida teve já efeitos imediatos sobre os investimentos estrangeiros no país pelo menos nos mercados financeiros, pois que no sector industrial e de serviços já pouco estrangeiro se atreve a investir naquele país. Como diz o jornal La Nación, trata-se de um "roubo legalizado"... valha ao menos a liberdade de imprensa.

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