Perguntou-me se queria ir a um funeral importante, mas sem me dizer de quem era. Eu disse que sim, e só percebi a importância do que estava a presenciar quando lá cheguei. No carro funerário estava pousada uma enorme coroa de cravos vermelhos, com uma fita da mesma cor, que tinha escrito nas habituais letras douradas: "De seu filho Álvaro Cunhal". Durante todo o funeral, os agentes da polícia, com toda a certeza da PIDE, viravam a inscrição da fita para baixo, para não se ver. Logo a seguir, umas mãos, mais desafiadoras que discretas, viravam a fita para cima.
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