As reacções à morte de Gorbachev sucedem-se e não é de espantar que venham de polos opostos. Se para uns foi o líder que implementou perestroika e glasnost (curiosamente ideias originais de Brezhnev) que ditaram o princípio do fim da União Soviética, da Guerra Fria e de um mundo constantemente em receio de um conflito nuclear, para outros, Gorbachev não foi mais que um traidor ao regime que devia ter liderado, reformado e protegido.
A meu ver, as reacções do ocidente que o apontam como visionário homem de coragem que não teve medo de terminar com um sistema político repressor e ineficiente, são tão descabidas como aquelas que o apontam como um inimigo da paz Europeia e mundial.
A intenção de Gorbachev era reformar e não derrubar a União Soviética*. Consciente disso sempre esteve a China que viu nas políticas de Gorbachev uma advertência clara ao que não se deve fazer num regime totalitário. Por isso o regime Chinês lá continua firme, embora bem diferente daquele que Mao idealizou. Ainda assim totalitário e sem eleições livres nem em Hong Kong nem em Macau e por Taiwan aguarda-se que deixem de as ter.
Mas voltando a Gorbachev. Dado que o seu legado histórico inegável é o da implosão soviética, obviamente que há muitos países que lhe estão agradecidos e com razão. Toda a Europa de leste (cortina de ferro e ex-republicas soviéticas agora independentes) pode hoje ser senhora de si e escolher quem quer que a lidere (embora a Ucrânia actualmente pague bem caro por isso). Não é coisa pouca!
Quanto ao Partido Comunista Português e semelhantes vozes dissonantes, acho salutar que assim falem em público. É que fazer parte de geringonças e organizar festas de música pop esconde radicalismos e engana o eleitorado. Assim se vê a força do PC já dizia o slogan que deveria ser actualizado para Assim se vê quem eles são e quanto valem. Aguardemos as próximas eleições para ver a ripada que levam.