Para ser sincera, não me espanta o espanto #46... não acho louvável, mas também não me choca: não se tratava de uma apresentação de um programa dedicado às escolas em altura de paragem do ano lectivo? Não há agências publicitárias que recrutam crianças? Porque é que só agora se levanta o carmo e a trindade a clamar "aqui d'el rei que isto é exploração infantil"? Quando aparecem na tv os miúdos (bem engraçados por acaso) do ecoponto a incentivar à reciclagem por parte dos adultos, aí já ninguém se indigna com o trabalho infantil. Mas enfim, deixemo-nos de debates estéreis... faz lembrar a especulação à volta da existência ou não de cravo na lapela do presidente nas vésperas das primeiras cerimónias do 25 de abril a que presidiu... onde levou exactamente esse debate? Pois... a lado nenhum: o costume.
"Perto do tribunal encontravam-se várias dezenas de populares que ao assistir à chegada de Jaime Jiménez Arbe, de 51 anos, num carro da Polícia Judiciária, começaram a gritar insultos em português, gerando uma grande confusão para se aproximar do assaltante de bancos. Cerca de 200 pessoas, entre curiosos e jornalistas, esperavam há várias horas (...) não existindo qualquer medida de segurança especial nas imediações: nenhuma rua foi cortada e ninguém foi impedido de se aproximar da porta do Tribunal."
E com notícias destas me pergunto: o que é que fazem na vida estas "dezenas de pessoas"? Estarão elas por demais indignadas com os assaltos que nem sequer se verificaram em Portugal? Não trabalham? Como podem esperar "há várias horas" à porta do tribunal para ver entrar uma pessoa que vai ser interrogada? Se se tratasse de um suspeito de crime violento (tipo o caso Joana) ou do suspeito do mais falado rapto de todos os tempos, percebia-se (embora não se justificasse) a revolta da população, mas por um sujeito que foi preso em Portugal por acaso?
Só consigo explicar isto de uma maneira: trata-se de gente desocupada, com mentalidade retrograda e predilecções a castings televisivos! Com a cultura de reality show a que descemos, é bem provável que vistam as melhores fatiotas para virem a aumentar a probabilidade de serem chamados para assistência de concursos, se derem uns gritos de vez em quando talvez tenham mais sorte. Depois ainda nos espanta que o governo entre na cultura do casting...
Só consigo explicar isto de uma maneira: trata-se de gente desocupada, com mentalidade retrograda e predilecções a castings televisivos! Com a cultura de reality show a que descemos, é bem provável que vistam as melhores fatiotas para virem a aumentar a probabilidade de serem chamados para assistência de concursos, se derem uns gritos de vez em quando talvez tenham mais sorte. Depois ainda nos espanta que o governo entre na cultura do casting...
3 comentários:
Pois espanta e também me intriga o que move esta gente. Não acredito que seja um momento de holofote, não posso crer nisso!
É "a vida dos outros" e "as vidas dos outros". Lembro-me há vários anos, que meia dúzia de pessoas ía para uma das salas do Tribunal da Boa-Hora (o Tribunal Criminal de Lisboa, por excelência) e que seguia, religiosamente, as sessões dos julgamentos mais escabrosos (como se de novela se tratasse), com direito a agenda e tudo.
No final de cada sessão marcava (tal como os juízes e advogados) o dia do "próximo episódio". Quem lá vai por dever de ofício não percebe isso e quem lá está para se sujeitar ao julgamento acredito que também não.
Mas quem lá vai para assistir à "vida dos outros" pontualmente à hora marcada, vai comentando o que aconteceu na semana anterior, faz prognósticos para aquela sessão e já adivinha o "castigo" comparando com outras "novelas" a que assistiu com este ou aquele juíz, ali mesmo, naquele Tribunal.
São esses mesmos que lá estão para bater palmas em caso de apreço e insultar e vaiar em caso de discordância.
Concordamos portanto que se trata de gente desocupada e interessada na coscuvilhice. E ainda há resistência ao aumento da idade da reforma!
Episódios destes fazem-me sentir desconfortável em relação às ideias radicais que se me passam pela cabeça...
Ainda acerca da cultura do casting faço referência a este artigo, passo a citar:
"A magistrada disse aos arguidos - em tom de conselho - que «se querem aparecer na televisão» devem procurar formas socialmente mais sadias de o fazer."
:)
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