13 fevereiro, 2022

Num país a fingir #63

Num país a fingir, faz-se (e bem) um enorme esforço para automatizar o recenseamento eleitoral aquando da renovação do cartão de cidadão aumentando e muito o número de residentes no estrangeiro que podem votar por correio, pesem embora os serviços demorados dos correios internacionais.

No entanto, neste mesmo país a fingir ninguém se entende quanto ao processo de escrutínio dos votos do estrangeiro. Misturando-se os boletins de voto que cumpriram a lei (e as instruções escritas na documentação que acompanhava o boletim de voto incluindo uma cópia do cartão de cidadão a acompanhar o envelope fechado com o voto secreto e anónimo) com aqueles que não o fizeram, deixam de se poder distinguir os votos válidos dos não válidos.

Remédio, anular 157.205 dos 195.701 votos do círculo da Europa, o que equivale a OITENTA VÍRGULA TRINTA E DOIS POR CENTO dos votos enviados do estrangeiro por este círculo. Houve um erro? Houve. Será a melhor solução desrespeitar quem leu as instruções e cumpriu a lei? Não me parece. Se assim não fosse, atrasar-se-ía a tomada de posse da Assembleia da República? E depois? Os erros não teem consequências para quem os comete mas só para os que não podem reclamar?

Sabendo que há 80% de probabilidade de o meu voto não ter contado sinto tristeza por o meu país ter amadores em posições de responsabilidade que me afectam e afectam a minha voz sobre os destinos do meu país. Lastimável sim, mas seria de mais esperar um mínimo de seriedade? Ficam apenas as lástimas, num país a fingir.

2 comentários:

Atlantico Central disse...

Creio que não haverá alternativa a repetir a eleição nos círculos envolvidos
Não atrasa a tomada de posse da Assembleia (já com maioria absoluta) nem a tomada de posse do Governo

Atlantico Ocidental disse...

E ao que parece crês bem. Vamos ver em que termos.