22 setembro, 2018

Parece que estou a ouvir #267

Ontem à noite, ou melhor esta madrugada, em Barcelona
A Casa da Mariquinhas
original de Alfredo Marceneiro, ontem por Camané

É numa rua bizarra 
A casa da Mariquinhas 
Tem na sala uma guitarra 
E janelas com tabuinhas 
Tem na sala uma guitarra 
E janelas com tabuinhas 

Vive com muitas amigas 
Aquela de quem vos falo 
E não há maior regalo 
De vida de raparigas 

É doida pelas cantigas 
Como no campo a cigarra 
Se canta o fado à guitarra 
De comovida até chora 
A casa alegre onde mora 
É numa rua bizarra 
A casa alegre onde mora 
É numa rua bizarra 

Para se tornar notada 
Usa coisas esquisitas 
Muitas rendas, muitas fitas 
Lenços de cor variada. 

Pretendida, desejada 
Altiva como as rainhas 
Ri das muitas, coitadinhas 
Que a censuram rudemente 
Por verem cheia de gente 
A casa da mariquinhas 
Por verem cheia de gente 
A casa da mariquinhas 

É de aparência singela 
Mas muito mal mobilada 
No fundo não vale nada 
O tudo da casa dela 
No fundo não vale nada 
O tudo da casa dela 

No vão de cada janela 
Sobre coluna, uma jarra 
Colchas de chita com barra 
Quadros de gosto magano 
E em vez de ter um piano 
Tem na sala uma guitarra 
E em vez de ter um piano 
Tem na sala uma guitarra 

P'ra guardar o parco espólio 
Um cofre forte comprou 
E como o gás acabou 
Ilumina-se a petróleo. 

Limpa as mobílias com óleo 
De amêndoa doce, e mesquinhas 
Pasmam defronte as vizinhas 
P'ra ver o que lá se passa 
Mas ela tem por pirraça 
Janelas com tabuinhas
Mas ela tem por pirraça 
Janelas com tabuinhas

Sem comentários: