29 junho, 2020

Parece que estou a ouvir #318

Forte de Peniche

David Mourão Ferreira, Alain Oulman

Por teu livre pensamento
Foram-te longe encerrar
Tão longe que o meu lamento
Não te consegue alcançar
E apenas ouves o vento
E apenas ouves o mar
Levaram-te a meio da noite
A treva tudo cobria
Foi de noite numa noite
De todas a mais sombria
Foi de noite, foi de noite
E nunca mais se fez dia.

Ai! Dessa noite o veneno
Persiste em me envenenar
Oiço apenas o silêncio
Que ficou em teu lugar
Ao menos ouves o vento
Ao menos ouves o mar.

28 junho, 2020

Coisas que não mudam #552

Hoje é noite de São Pedro, mas também de São Paulo que curiosamente não é santo popular de celebração tradicional apesar daquele santo ter dado nome a tantas cidades. Pedro, que negou Cristo e o tentou dissuadir de ir para Jerusalém para cumprir o que estava escrito, mas que o reconheceu como o Messias filho do Deus vivo e que não se achou digno de morrer da mesma forma que Jesus pelo que escolheu outra, mais árdua. Paulo, que perseguiu cristãos, assistiu ao martírio de Santo Estêvão e que depois se converteu na estrada para Damasco dedicando o resto da sua vida à difusão da mensagem de Cristo. Santos de fim de estação, pedras rejeitadas que viraram pedras angulares. Redenção é possível. Sempre.
Crucifixão de São Pedro, Caravaggio 1601
Conversão no Caminho de Damasco, Caravaggio 1601

27 junho, 2020

Coisas bonitas #34

Another beautiful sunset last night

26 junho, 2020

25 junho, 2020

Coisas bonitas #33

The gradient of colors just after sunset
O gradiente das cores logo depois do pôr-do-sol

22 junho, 2020

Coisas bonitas #32

Um verão de pores-do-sol
A summer of sunsets

21 junho, 2020

Palavras lidas #464

Letter to Noah’s Wife
Maya C. Popa

You are never mentioned on Ararat
or elsewhere, but I know a woman’s hand
in salvation when I see it. Lately,
I’m torn between despair and ignorance.
I’m not a vegetarian, shop plastic,
use an air conditioner. Is this what happens
before it all goes fluvial? Do the selfish
grow self-conscious by the withering
begonias? Lately, I worry every black dress
will have to be worn to a funeral.
New York a bouillon, eroded filigree.
Anything but illness, I beg the plagues,
but shiny crows or nuclear rain.
Not a drop in London May through June.
I bask in the wilt by golden hour light.
Lately, only lately, it is late. Tucking
our families into the safeties of the past.
My children, will they exist by the time
it’s irreversible? Will they live
astonished at the thought of ice
not pulled from the mouth of a machine?
Which parent will be the one to break
the myth; the Arctic wasn’t Sisyphus’s
snowy hill. Noah’s wife, I am wringing
my hands not knowing how to know
and move forward. Was it you
who gathered flowers once the earth
had dried? How did you explain the light
to all the animals?

20 junho, 2020

Ditto #444

You must learn from the mistakes of others. You can't possibly live long enough to make all of them yourself.

--Sam Levenson

19 junho, 2020

Foi neste dia #361 (1865)

Emancipation was announced in Galveston Texas, the most remote state of the confederation 155 years ago setting those slaves free. Juneteenth occurred more than two months after the end of the Civil War on April 9th 1865, and more than two years after the Emancipation Proclamation on September 22, 1862.
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Emancipation

by Priscilla Jane Thompson (1871-1942)

‘Tis a time for much rejoicing;
Let each heart be lured away;
Let each tongue, its thanks be voicing
For Emancipation Day.
Day of victory, day of glory,
For thee, many a field was gory!

Many a time in days now ended,
Hath our fathers’ courage failed,
Patiently their tears they blended;
Ne’er they to their, Maker, railed,
Well we know their groans, He numbered,
When dominions fell, asundered.

As of old the Red Sea parted,
And oppressed passed safely through,
Back from the North, the bold South, started,
And a fissure wide she drew;
Drew a cleft of Liberty,
Through it, marched our people free.

And, in memory, ever grateful,
Of the day they reached the shore,
Meet we now, with hearts e’er faithful,
Joyous that the storm is o’er.
Storm of Torture! May grim Past,
Hurl thee down his torrents fast.

Bring your harpers, bring your sages,
Bid each one the story tell;
Waft it on to future ages,
Bid descendants learn it well.
Kept it bright in minds now tender,
Teach the young their thanks to render.

Come with hearts all firm united,
In the union of a race;
With your loyalty well plighted,
Look your brother in the face,
Stand by him, forsake him never,
God is with us now, forever.

Parece que estou a ouvir #317

De 1991!
A gente vai continuar
Jorge Palma

Tira a mão do queixo não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas p'ra dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem á batota
Chega onde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada p'ra andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada p'ra andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades, se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
A liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

Enquanto houver estrada p'ra andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada p'ra andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Parece que estou a ouvir #316

Do ido ano de 1987...
Trovante

Lembras-me uma marcha de Lisboa
Num desfile singular
Quem disse
Que há hora e momento para se amar?

Lembras-me uma enchente de maré,
Com a calma matinal
Quem foi, quem disse
Que o mar dos olhos também sabe a sal?

As memórias são 
como livros escondidos no pó,
As lembranças são 
os sorrisos que queremos rever 
devagar

Queria viver tudo numa noite
Sem perder a procurar
O tempo ou espaço
Que é indiferente p'ra poder sonhar

As memórias são 
como livros escondidos no pó,
As lembranças são 
os sorrisos que queremos rever 
devagar

Quem foi que provocou vontades
e atiçou as tempestades 
e amarrou o barco ao cais?
Quem foi que matou o desejo 
e arrancou um lábio ao beijo 
e amainou os vendavais?

As memórias são 
como livros escondidos no pó,
As lembranças são 
os sorrisos que queremos rever 
devagar.

18 junho, 2020

Sem título #118

Cats are simple, humans are complicated

15 junho, 2020

Coisas que não mudam #551

Gatos em perigo acabam em cima das árvores,
a uma altura considerável...

14 junho, 2020

Coisas bonitas #31

Esteve um belo pôr-do-sol hoje

13 junho, 2020

Coisas que não mudam #550

Em dia de Santo António, um manjerico
Quem não puder fazer grandes coisas, faça ao menos o que estiver na medida das suas forças; certamente não ficará sem recompensa.

--Santo António

12 junho, 2020

Sem título #117

Stage 3: time to call a friend

11 junho, 2020

Palavras lidas #463

The Tooth Fairy
by Dorianne Laux

They brushed a quarter with glue
and glitter, slipped in on bare
feet, and without waking me
painted rows of delicate gold
footprints on my sheets with a love
so quiet, I still can’t hear it.

My mother must have been
a beauty then, sitting
at the kitchen table with him,
a warm breeze lifting her
embroidered curtains, waiting
for me to fall asleep.

It’s harder to believe
the years that followed, the palms
curled into fists, a floor
of broken dishes, her chain-smoking
through long silences, him
punching holes in his walls.

I can still remember her print
dresses, his checkered taxi, the day
I found her in the closet
with a paring knife, the night
he kicked my sister in the ribs.

He lives alone in Oregon now, dying
of a rare bone disease.
His face stippled gray, his ankles
clotted beneath wool socks.

She’s a nurse on the graveyard shift,
Comes home mornings and calls me.
Drinks her dark beer and goes to bed.

And I still wonder how they did it, slipped
that quarter under my pillow, made those
perfect footprints…

Whenever I visit her, I ask again.
“I don’t know,” she says, rocking, closing
her eyes. “We were as surprised as you.”

10 junho, 2020

Ditto #443

Journalism taught me how to write a sentence that would make someone want to read the next one.

--Amy Hempel

09 junho, 2020

Conselhos úteis #17

Manter a calma e seguir caminho quando uma familia de gansos correr na sua direcção. Não eles não querem festinhas. Os pequenos gansos apenas imitam o que veem os pais fazer e felizmente um dos progenitores estava coxo e por isso não podia deslocar-se depressa. Seguir caminho é a melhor opção! 

Uns metros à frente, a seguinte familia de gansos teve exactamente o mesmo comportamento, mas o pai ganso não estava coxo e por isso movia-se apressado direito a mim com o pescoço estendido para a frente em tom de ameaça. Claro que não perdi tempo a tirar fotografia. Quando a familia de gansos me viu fora da zona de perigo começou distraidamente a comer a relva como se nada fosse. Danadinhos...

08 junho, 2020

Primavera #122

Serão as papoilas flores de fim de estação?
Are poppies flowers that mark the end of the season?

07 junho, 2020

Caprichos #591

Sunset: daily, weather allowing
Pôr-do-sol: diariamente, se o tempo permitir

05 junho, 2020

Primavera #121

A brevidade do tempo também se mostra na passagem das estações. Esta primavera passou rápido e pouco vista. Ficam os restos das flores e as pétalas caídas. O verão por enquanto ainda está indeciso.

04 junho, 2020

Caprichos #590

Bacalhau (de Portugal) com grão... não é todos os dias!

03 junho, 2020

Parece que estou a ouvir #315

This traditional American folk song, possibly originated from Canadian and US voyageurs on the fur trade, traveling down the Missouri river. Chasing the bright promise of a life they were never to attain. For me, the sound reminisces that of African American spirituals.  
The traper and his family, Charles Deas, 1845

Oh Shenandoah
Arrangement of James Erb for Choir

Oh, Shenandoah, I long to see you
And hear your rolling river
Oh, Shenandoah, I long to see you
way, we're bound away
Across the wide Missouri.

I long to see your smiling valley
And hear your rolling river
I long to see your smiling valley
way, we're bound away
Across the wide Missouri.

'Tis seven long years since last I've seen you
And hear your rolling river
'Tis seven long years since last I've seen you
way, we're bound away
Across the wide Missouri.

Oh, Shenandoah, I long to see you
And hear your rolling river
Oh, Shenandoah, I long to see you
way, we're bound away
Across the wide Missouri.

02 junho, 2020

Palavras lidas #462

Love is a Flame
by George Marion McClellan

Love is a flame that burns with sacred fire,
And fills the being up with sweet desire;
Yet, once the altar feels love’s fiery breath,
The heart must be a crucible till death.

Say love is life; and say it not amiss,
That love is but a synonym for bliss.
Say what you will of love—in what refrain,
But knows the heart, ‘tis but a word for pain.

01 junho, 2020

Ditto #442

I can write faster than anyone who can write better, and I can write better than anyone who can write faster.

--A.J. Liebling