As alegrias e as desilusões futebolísticas (e do desporto em geral), são tanto maiores quanto menor a probabilidade do resultado em causa. No domingo passado os benfiquistas ficaram muito contentes com a vitória por 4-0 frente o Belenenses na Luz, mas uma vitória do Benfica era o evento mais provável ao início da partida dado que o Benfica jogava em casa e era a equipa mais forte. Tivesse o Belém ganho na Luz (evento de probabilidade bem mais baixa) e talvez os benfiquistas ficassem muito mais desiludidos do que com a derrota que sofreram em Dortmund a 8 de Março que os eliminou da Liga dos Campeões... não falo aqui do jogo que preferissem ganhar, apenas das probabilidades de ganhar cada jogo e das possíveis emoções associadas.
Ora, um jogo que desafiou, e muito, as probabilidades aconteceu também a 8 de Março para a Liga dos Campeões, quando o Barça venceu o Paris Saint-Germain por 6-1. A qualidade das duas equipas era mais comparável que no jogo Benfica-Belém, mas as probabilidades estavam contra o Barça que, apesar de jogar em casa, só poderia continuar na competição se superasse a desvantagem de 4 golos da primeira mão jogada em Paris três semanas antes. Um artigo da The Economist desta semana analisa este jogo em termos da teoria das probabilidades. Jamais na história da Liga dos Campeões (desde 1955) outra equipa tinha conseguido superar tal défice de golos e apenas oito conseguiram superar défices de 3 golos da primeira mão fora (3-0 ou 4-1), obtendo depois em casa a reviravolta. O caso do Barça é ainda mais espantoso porque até ao minuto 87 o resultado era 3-1, ou seja, para passar à fase seguinte o Barça teria de marcar mais três golos. Se a probabilidade de marcar 5 golos em 90 minutos era baixa, a probabilidade de marcar 3 golos em 3 minutos mais descontos mais ainda baixa seria... mas aconteceu.
Não sendo uma final, ainda assim foi um jogo que deu para bastantes emoções. A reacção dos adeptos foi de tal ordem que a terra tremeu nas imediações do estádio, nas ruas os carros e as motas não pararam de apitar tão cedo, o trânsito na rambla foi cortado devido ao mar de adeptos que festejavam junto à fonte de canaletas com bandeiras, cachecóis, saltos, gritos e canções. Em campo, os atletas cansados de um intenso jogo de 95 minutos correram em euforia para celebrarem juntos. O emocionante relato no estádio deu em gritos e lágrimas. Não resisti à comparação deste relato com outro igualmente emocionante que não me passará da memória tão cedo... e não cansa ouvir ;-)
The joys and woes of football (aka soccer, and of sports in general) are greater, the lower the odds overcome. Recent major events in American sports history were marked by several overcoming odds: down 3-1 games, the Chicago Cubs won the 2016 World Series against the Cleveland Indians; similarly the Cleveland Cavaliers overcame a 3-1 game deficit against the Golden State Warriors in the 2016 NBA finals; in the 2017 Super Bowl the New England Patriots overcame a 9-28 score in the third quarter to win in overtime 34-28. Fans rejoiced ecstatically in wins they no longer thought possible.
Another game that very much defied the odds was last week's Champions League game on March 8, when Barça won 6-1 over Paris Saint-German. The quality of the teams was pretty much leveled, but the odds were against Barça, who was playing home but could only continue in the competition if it overcame a 4-0 loss from the first round match played in Paris three weeks earlier. An article in this week's The Economist looks at that game from the perspective of probability theory. Never in the history of the Champions League (since 1955) had a team surpassed such goal deficit from the first round and only 8 teams in total overcame deficits of 3 goals from the first leg away (3-0 or 4-1), turning it around in the home game on the second leg. Barça's case is even more unusual because until minute 87 the score was 3-1, that is, to go on to the next stage Barça would still have to score 3 more goals. If the odds of scoring 5 goals in 90 minutes were low, the probability of scoring 3 goals in 3 minutes plus discounts would be even lower... but it happened.
Though it wasn't a final, the game was full of emotion. The fans reaction triggered an earthquake near the stadium, on the streets the cars and motorbikes made noise until late, traffic on La Rambla was shut down near fuente de canaletas where large crowds celebrated with flags, scarves, jumps, screams, and songs. On the field, after an intense 95 minute game the tired athletes ran euphorically to celebrate together. The emotional narration on the radio included screams and tears. I couldn't resist to the comparison of this narration with that of another equally emotional game that will not soon leave my memory... can't get tired of listening ;-)
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