Há vinte cinco anos o Lusitânia Expresso era interceptado em águas de Timor Leste por quatro navios de guerra indonésios. Em missão de paz, o navio tinha como objectivo chegar a Dili e depositar uma coroa de flores no Cemitério de Santa Cruz em memória dos mais de 100 activistas pró-independência mortos no massacre daquele local em Novembro do ano anterior.
Com 120 activistas e jornalistas de 23 países a bordo, no dia 11 de Março o Lusitânia não foi autorizado a continuar viagem pelo que lançou ao mar a coroa de flores e regressou a Lisboa. Foi a partir desta data que a causa de Timor Leste e a brutal ocupação indonésia desde 1975 se tornaram visíveis para comunidade internacional. Sob a hégide da UNAMET, a missão das Nações Unidas para o território, realizou-se em 1999 um referendo que pôs à escolha dos timorenses maior autonomia dentro da Indonésia ou independência. A independência venceu com quase 80% dos votos. Seguiu-se um período de transição também sob administração das Nações Unidas (desta vez com a UNTAET) que veio a culminar na restauração da independência a 20 de Maio de 2002.
Para os portugueses, envergonhados com a atitude do seu país no verão quente de 1975, o Lusitânia Expresso foi o início de um processo educativo acerca do país que tinham abandonado à sua sorte e escolhido esquecer... foi o início da remissão dos erros que custaram vidas a um povo longe da vista e do coração. Os timorenses, com toda a legitimidade de ressentimento do antigo poder colonial, apenas veem solidariedade: na altura que era difícil puseram aos seus filhos nomes como Lusitânia ou Unamet e não esquecem o Barco das Flores:
"Quando soubemos que vinha aí o navio Lusitânia Expresso, percebemos que não estávamos sozinhos. Deu-nos força. E estávamos prontos a morrer outra vez. Obrigado pelo que fizeram por nós."
"Quando soubemos que vinha aí o navio Lusitânia Expresso, percebemos que não estávamos sozinhos. Deu-nos força. E estávamos prontos a morrer outra vez. Obrigado pelo que fizeram por nós."
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