30 setembro, 2022

29 setembro, 2022

Parece que estou a ouvir #377

Expensive Soul

É contigo que eu quero partir
Mas às vezes tenho que fingir
Dizer-te: eu estou bem
Bem melhor sem ninguém

É contigo que eu quero casar
Mas às vezes deixas-me a pensar
E babe eu estou sem
Sem ver o que aí vem
1, 2,3

O que vem aí
É sobre ti
Se queres, eu quero
Se queres, eu quero
Se queres, eu quero-te mais

O que vem aí
É sobre ti
Se queres, eu quero
Se queres, eu quero
Se queres, eu quero-te mais

É preciso aprender a sorrir
Mas às vezes teimas em fugir
É um vai e vem
À procura de alguém

É contigo que eu sou feliz
Mas balanço sempre por um triz
Hey babe eu estou sem
Sem nada p'ra ninguém

O que vem aí
É sobre ti
Se queres, eu quero
Se queres, eu quero
Se queres, eu quero-te mais

O que vem aí
É sobre ti
Se queres, eu quero
Se queres, eu quero
Se queres, eu quero-te mais

Sei que é contigo
Que me sinto bem
Confuso no que digo
Mais do que convém

Bebo e fumo demais agora
Perco o rumo se vais embora
Para te ser sincero
Se queres, eu quero
Se tiras, eu dou
Se vens, não estou
Aliás estou no limbo
Como quem cai do cimo
E vai ao fundo
Sei que não sou o melhor do mundo
Tás permanentemente
Sempre à frente, és diferente
Transcendente, consciente
Independentemente, reticente
É a minha sina
Vou do Porto à China
Deliberadamente
Agora que está quente
E mais eficiente
É certo o que vem aí

O que vem aí (É sobre ti)
É sobre ti (Hein, hein)
Se queres, eu quero (Se que.)
Se queres, eu quero (Eu quero)
Se queres, eu quero-te mais

O que vem aí (Yeah, yeah)
É sobre ti (Ok, ok)

Estou cansado
Estou no limbo
Estou cansado
Estou no limbo

Se queres, eu quero
Se queres, eu quero
Se queres, eu quero-te mais

Espero dizer-te
Contigo é diferente
Se queres, eu quero-te mais
E no fundo
Tu sabes que te faz bem
Que te faz bem
Que me faz bem
Tu sabes que te faz bem
Que me faz bem
Que nos faz bem

É verdade
Estou no limbo
E só quero sair
Se queres
Eu quero

28 setembro, 2022

27 setembro, 2022

Parece que estou a ouvir #376

Do que um homem é capaz
José Mário Branco

Do que um homem é capaz?
As coisas que ele faz
Pra chegar aonde quer

É capaz de dar a vida
Pra levar de vencida
Uma razão de viver

A vida é como uma estrada
Que vai sendo traçada
Sem nunca arrepiar caminho

E quem pensa estar parado
Vai no sentido errado
A caminhar sozinho

Vejo gente cuja vida
Vai sendo consumida
Por miragens de poder

Agarrados a alguns ossos
No meio dos destroços
Do que nunca vão fazer

Vão poluindo o percurso
Com as sobras do discurso
Que lhes serviu pra abrir caminho

À custa das nossas utopias
Usurpam regalias
Pra consumir sozinhos

Com políticas concretas
Impõem essas metas
Que nos entram casa adentro

Como a trilateral
Com a treta liberal
E as virtudes do centro

No lugar da consciência
A lei da concorrência
Pisando tudo pelo caminho

Pra castrar a junventude
Mascaram de virtude
O querer vencer sozinho

Ficam cínicos brutais
Descendo cada vez mais
Pra subir cada vez menos

Quanto mais o mal se expande
Mais acham que ser grande
É lixar os mais pequenos

Quem escolher ser assim
Quando chegar ao fim
Vai ver que errou o seu caminho

Quando a vida é hipotecada
No fim não sobra nada
E acaba-se sozinho

Mesmo sendo os poderosos
Tão fracos e gulosos
Que precisam do poder

Mesmo havendo tanta gente
Pra quem é indiferente
Passar a vida a morrer

Há princípios e valores
Há sonhos e amores
Que sempre irão abrir caminho

E quem viver abraçado
Na vida que há ao lado
Não vai morrer sozinho

E quem morrer abraçado
À vida que há ao lado
Não vai viver sozinho

26 setembro, 2022

Coisas que não mudam #607

Totalitarian governments running sham referendums or elections in an attempt to legitimize their power
photo from The Economist

25 setembro, 2022

Parece que estou a ouvir #375

Handel: Acis and Galatea, HWV 49, Act 1

Happy we!
What joys I feel!
What charms I see
Of all youths/nymphs thou dearest boy/brightest fair!
Thou all my bliss, thou all my joy!
Happy…

24 setembro, 2022

23 setembro, 2022

Parece que estou a ouvir #374

Someone to you
Banners

I don't wanna die or fade away
I just wanna be someone
I just wanna be someone

Dive and disappear without a trace
I just wanna be someone
Well, doesn't everyone?
And if you feel the great dividing
I wanna be the one you're guiding
'Cause I believe that you could lead the way

I just wanna be somebody to someone, oh
I wanna be somebody to someone, oh
I never had nobody and no road home
I wanna be somebody to someone

And if the sun starts setting, the sky goes cold
Then if the clouds get heavy and start to fall
I really need somebody to call my own
I wanna be somebody to someone
Someone to you
Someone to you
Someone to you
Someone to you (someone to you)

I don't even need to change the world (change, change the world)
I'll make the moon shine just for your view
I'll make the starlight circle the room (circle the room)
And if you feel like night is falling
I wanna be the one you're calling
'Cause I believe that you could lead the way

I just wanna be somebody to someone, oh (somebody)
I wanna be somebody to someone, oh
I never had nobody and no road home (I don't have)
I wanna be somebody to someone (somebody)

And if the sun starts setting, the sky goes cold
Then if the clouds get heavy and start to fall
I really need somebody to call my own
I wanna be somebody to someone
Someone to you
Someone to you
Someone to you
Someone to you

The kingdom come, the rise, the fall
The setting sun above it all
I just wanna be somebody to you

I just wanna be somebody to someone, oh
I wanna be somebody to someone, oh
I never had nobody and no road home
I wanna be somebody to someone

And if the sun starts setting, the sky goes cold
Then if the clouds get heavy and start to fall
I really need somebody to call my own
I wanna be somebody to someone
Someone to you
Someone to you
Someone to you
Someone to you
Someone to you

22 setembro, 2022

Parece que estou a ouvir #373

A Little Respect
Silence 4 (melhor que o original, by Erasure)

I try to discover
A little something to make me sweeter
Oh baby refrain from breaking my heart
I'm so in love with you
I'll be forever blue
That you gimme no reason
Why you make-a-me work so hard

That you gimme no
That you gimme no
That you gimme no
That you gimme no

Soul, I hear you calling
Oh baby, please, give a little respect to me

And if I should falter
Would you open you arms out to me?
We can make love not war
And live at peace with our hearts
I'm so in love with you
I'll be forever blue
What religion or reason
Could drive a man to forsake his lover?

Don't you tell me no
Don't you tell me no
Don't you tell me no
Don't you tell me no

Soul, I hear you calling
Oh baby, please, give a little respect to me

I'm so in love with you
I'll be forever blue
That you gimme no reason
You know you make-a-me work so hard

That you gimme no
That you gimme no
That you gimme no
That you gimme no

Soul, I hear you calling
Oh baby, please, give a little respect to me

Soul, I hear you calling
Oh baby, please, give a little respect to me

21 setembro, 2022

Palavras lidas #526

Fractured
by Hali Sofala-Jones

My grandmother is only one day
into her infirmity and doped up
on Morphine. Her shoulder is immobile

beneath layers of plaster.
Her eighty-five-year-old frame droops
from the weight of it.

My mother confesses:
she cannot take care of her mother.
I am not she says a nursemaid.

My mother is angry. Angry
at my sister who didn’t give enough
support, angry at my grandmother

for shuffling her feet, angry even
at the dog that was tucked beneath
my grandmother’s arm

as they all three tried to squeeze
into the door of the vet’s office.
She calls me from the emergency room

to say that grandmother fractured her shoulder
in three places. She’s become an invalid
overnight, she says. My sister calls her cruel

for refusing to run the bathwater, refusing
to wash my grandmother’s naked body, for
not even considering renting

a wheelchair for her to move from place
to place. When grandmother whispers
that she is afraid to walk, my mother

tells her that there’s nothing wrong with
her legs, tells her she’ll have to go to a
nursing home if she won’t walk

to the bathroom: one piss in the bed is
understandable, two is teetering too
close to in-home care.

My sister does not understand that there
is too much to overcome between them—
always the memory of the black dress

grandmother refused to wear
on the day of her husband’s funeral—
the way she turned to my mother and said,

I am not in mourning.

20 setembro, 2022

Ditto #525

The books we enjoy as children stay with us forever.

--Sid Fleischman

19 setembro, 2022

Coisas que não mudam #606

História de família bem catalogada

18 setembro, 2022

Sem título #272

Alpaca and bumble bee... who would have thought! 😂

17 setembro, 2022

Coisas que mudaram #23

Desde que foi anunciado que segunda-feira dia 19 é feriado por causa do funeral da rainha, teem-se seguido os emails anunciando os novos horários (ou a ausência deles) para esse dia. Todas as mensagens vêm acompanhadas de fotografias da rainha... mais ou menos sorridente por ocasião do seu funeral.

15 setembro, 2022

Parece que estou a ouvir #372

Album lançado em 1996!
Zap Canal
Três Tristes Tigres

Play on zap canal
Chuva na sala, cravo no quintal
Play back mau astral
A vaca d'oiro tem seu animal

Olho vivo, perna morta
Não dou mais salsa a quem bate à porta
Olho pisco, perna torta
Dá-me um sono de alto risco, de sonhar estou farta e morta

Anos noventa bem medidos
Corpo em câmara lenta
Corações mais distraídos e
E matéria mais cinzenta

Leve seja a terra
A quem não ladra, a quem não ferra
Dura seja a cama
De quem não perde, de quem não se dana

Glória a Deus Pai
Na baixeza, os fracos à sobremesa
Paz na terra Mãe.
A cabidela dos fortes digere-se muito bem.

Anos noventa bem medidos
Corpo em câmara lenta
Corações mais distraídos e
E matéria mais cinzenta

Anos noventa bem medidos
Corpo em câmara lenta
Corações mais distraídos e
E matéria mais cinzenta

Dura seja a cama
De quem não perde, de quem não se dana

Anos noventa bem medidos
Corpo em câmara lenta
Corações mais distraídos e
E matéria mais cinzenta

Anos noventa bem medidos
Corpo em câmara lenta
Corações mais distraídos e
E matéria mais cinzenta

14 setembro, 2022

Caprichos #691

Pratos de peixe, mantem-se o cebolinho

13 setembro, 2022

Parece que estou a ouvir #371

Going Home
by Sophie Zelmani

Not very often have we met
But the music's been too bad
Can only sense happiness
If the music is sad

So I'm going home
I must hurry home
Where a life goes on

We're too old to make a mess
Dreams will keep me young
Old enough to stress
Only mirrors tell the time

So I'm going home
I must hurry home
So will my life go on

Yes, I'm going home
Going home alone
And your life goes on

So I'm going home
I must hurry home
So will my life go on

Yes, I'm going home
Going home alone
And your life goes on

12 setembro, 2022

11 setembro, 2022

Caprichos #690

Feijoada à transmontana enlatada, da Nobre. E que boa que é!

Palavras lidas #525

The Sleeping Husband
by Monica Ferrell

This massive apartment: a whole room left
Empty to air, where we used to sleep.
So many steps on the waxed wood, like off turns
On the dial of a lock whose combination one’s lost—
All decaying about me like empire,
The moldings moldering while I sit frozen
As a swan on the surface of a lake changing to ice.
Fruit flies and mosquitoes, a water bug,
Carpet beetles, the mouse found behind the couch
Months after it’d shrunk to a puff of fur:
Nothing to eat here but beer and more dark.
The shower where someone’s young wife died
In an explosion of epilepsy while he slept.
One wonders what he was dreaming then.
The same dreams we once made here, maybe.

10 setembro, 2022

Coisas que mudaram #22

Já com um novo rei, multiplicam-se as referências à rainha anterior 

Ditto #524

Nothing travels faster than the speed of light with the possible exception of bad news, which obeys its own special laws.

--Douglas Adams

09 setembro, 2022

Coisas que mudaram #21

No dia seguinte está a cidade assim...

07 setembro, 2022

Caprichos #689

Salmão fumado com pepino e abacate em vinagre balsâmico
e queijo cottage com azeite e pimenta

06 setembro, 2022

Sem título #270

Just forget other people...

05 setembro, 2022

Caprichos #688

Ovelhinhas sonolentas

04 setembro, 2022

03 setembro, 2022

Coisas que mudaram #20

Abaixo a tradução completa do obituário de Mikhail Gorbachev na The Economist. No dia do funeral do homem que enterrou a União Soviética (mesmo sem o desejar) merece bem mais a pena saber um pouco mais sobre ele, do que de um ditador cuja proximidade linguística prende o nosso país à televisão por uma semana. 

_______________

Mikhail Gorbachev não queria que a União Soviética terminasse daquela maneira

O último líder soviético morreu a 30 de agosto, aos 91 anos
30 Agosto 2022

Os grandes heróis do panteão de Mikhail Gorbachev foram dois pensadores socialistas do século XIX, Alexander Herzen e Vissarion Belinsky, cujas principais preocupações eram a dignidade do indivíduo e cujos livros ele conhecia quase de cor. Quando eles apareceram no palco russo, na trilogia de Tom Stoppard “A Costa da Utopia”, ele foi vê-los. Ao final da apresentação, ele foi chamado ao palco e aplaudido de pé por uma plateia que, em sua maioria, mal havia nascido quando, em 1985, ele se tornou o último secretário-geral da União Soviética.

A perestroika (“reestruturação” ou “reforma”) que ele então iniciou, nunca chegou ao destino que ele queria, um socialismo democrático e humano – talvez porque esse destino fosse a Utopia, e não um lugar real. Para a elite da Rússia moderna, ele é visto com estranheza, se não um traidor: um tolo que provocou o colapso da União Soviética e não ganhou dinheiro com isso. Ele tinha poder, uma vida confortável e o destino de centenas de milhões de pessoas nas mãos – e deixou tudo para trás quando, em 25 de dezembro de 1991, renunciou ao cargo de presidente da União Soviética.

Passou oito horas numa reunião com Boris Yeltsin, presidente da Rússia e seu rival, discutindo a transferência de poder. Depois, foi-se deitar no seu escritório – pela última vez. Quando Alexander Yakovlev, seu camarada mais próximo, entrou, viu lágrimas nos olhos de Gorbachev. “Vês, Sasha”, disse o presidente, “é assim que acontece”.

Ele não pretendia que a União Soviética morresse assim. O homem que acabou com a Guerra Fria, que mudou o curso da história do século XX, não era um dissidente nem um revolucionário. Ele pretendia reformar a União Soviética, não destruí-la. Mas a sua aversão à violência e a sua crença no Iluminismo foram suficientes para acabar com um sistema sustentado por repressão e mentiras.

Gorbachev nasceu em 1931, logo depois de Stalin tomar o poder absoluto e lançar a coletivização que eliminaria os camponeses. Cresceu no sul da Rússia, uma rica região agrícola habitada por cossacos que nunca conheceram a servidão, numa vila chamada Privolnoe, que significa “livre-arbítrio”. Um de seus avôs tinha ícones ortodoxos nas paredes; o outro preferia retratos de Marx e Lenin. Como muitos da sua geração, ele preservou o bom senso e a cautela de um camponês. Ele também tinha a força física de alguém que trabalhou a terra desde tenra idade.

Foram essas sensibilidades e instintos humanos que, anos depois, permitiram a Ronald Reagan ver nele não apenas um marxista-leninista, mas alguém com quem tinha muito em comum. Ambos eram auto-didatas que começaram em pequenas comunidades agrícolas, ambos acreditavam na decência, ambos encarnavam o otimismo e a confiança dos anos do pós-guerra. O fim da Guerra Fria foi determinado tanto pela sua afinidade com Reagan quanto pela inadequação da economia soviética. Como estava mais preocupado em melhorar as condições de vida dos seus compatriotas do que com o status da superpotência (que ele tinha como certo), não via sentido em continuar a corrida ao armamento.

Foi a conclusão lógica de uma jornada que começou com a morte de Stalin. Quando Nikita Khrushchev denunciou o culto à personalidade de Stalin em 1956, Gorbachev foi um dos jovens líderes do partido que teve de espalhar a mensagem entre os comunistas das bases. Limpar o socialismo das distorções do stalinismo seria o trabalho de toda a sua vida. Chegou ao poder sem nenhum plano ou programa de reformas: apenas, após 18 anos de estagnação, a simples convicção de que “não podemos continuar a viver assim”. Em vez disso, ofereceu à União Soviética juventude, energia e – mais ainda – humanidade.

A Perestroika começou com um mau presságio: uma explosão nuclear em Chernobyl. O acidente, que o governo tentou encobrir, resumiu a sua total disfunção, arrogância e desprezo pela vida humana. Aproveitando a oportunidade, Gorbachev condenou um sistema “penetrado de servilismo, lambe botas, perseguição a quem pensa diferente, faz de conta, ligações pessoais e grupos de interesse”. Em seu lugar, ele ofereceu glasnost, abertura. Isso sim, disse ele aos colegas, era o verdadeiro socialismo.

Nesse espírito, em 1989 declarou as primeiras eleições competitivas para o Soviete Supremo. Também concordou pela primeira vez com debates televisivos. Milhões de pessoas viram Andrei Sakharov, um físico dissidente que ele chamou do exílio, desafiá-lo abertamente. Em poucos dias, o monopólio político do Partido Comunista foi quebrado, juntamente com o mistério de seu poder.

Isso também foi um sinal para toda a União Soviética de que esta se estava a dissolver. No início de 1991, tentando desesperadamente segurar o país, Gorbachev aliou-se fatalmente às forças da repressão, enviando tanques soviéticos para a Lituânia. Alguns meses depois, as mesmas forças lideradas pelo KGB orquestraram um golpe e o colocou em prisão domiciliária na Crimeia, onde estava de férias. Quando o golpe falhou Gorbachev voltou a Moscovo, escolhendo ir para casa para cuidar de sua esposa Raisa, que tinha sofrido uma trombose, em vez de tomar o lugar de um político público.

Na sua nunca escondida afeição por sua esposa, ele violou o código que exigia dos governantes russos uma completa abnegação da vida privada. Colocar a vida privada acima dos interesses efémeros do Estado era seu principal credo. Deixar o Soviete Supremo não foi o seu fim, como o foi para a maioria dos seus antecessores. E, ao contrário de seus sucessores, ele não tinha nada a temer, nenhuma riqueza a esconder. Nos primeiros anos após sua demissão, fez anúncios à Pizza Hut para ganhar dinheiro. Pelos padrões da elite russa de hoje, ele era um homem pobre. O dinheiro de seu prémio Nobel da paz de 1990 foi usado para criar a Novaya Gazeta, um jornal liberal da Rússia.

Quando Raisa foi diagnosticada com leucemia, ele acompanhou-a a uma clínica alemã para a segurar nos seus braços de camponês. Pouco depois de a enterrar, apareceu numa festa de bastidores do Teatro de Arte de Moscovo. Um actor chamou o ex-presidente para ler ou cantar alguma coisa. Todos ficaram paralisados ​​de vergonha, excepto Gorbachev. Deram-lhe espaço, e ele cantou o poema de Lermontov, “Sozinho eu parti na estrada. O caminho de pedra está brilhando na névoa.”

02 setembro, 2022

Palavras lidas #524

Forgiveness
by Christopher Soto

for Dad

I’m writing you
         10 years later
     & 2,000 miles
                   Away from
     Our silence
My mouth a cave
             That had collapsed
      I’m writing
While you
You wear the
             Hospital gown &
      count failures
Such as the body’s
Inability to rise
         I see your fingers
Fumbling in the
      Pillbox as if
         Earthquakes are in
Your hands
           I think it’s time
For us to abandon
Our cruelties
         For us to speak
So    s  o  f   t
We’re barely
          Human.

01 setembro, 2022

Ditto #523

What matters in life is not what happens to you but what you remember and how you remember it.

--Gabriel García Márquez