Foi exactamente uma semana que durou a incerteza no Zimbabué. No dia 15 de Novembro, quando soubemos que Mugabe estava em prisão domiciliária soubemos ainda que os militares negavam a existência de um golpe em curso. Mugabe conseguiu teimosamente ignorar o ultimato do seu próprio partido para que abandonasse o poder... não seria a primeira vez que Mugabe conseguiria manter-se em funções após acontecimentos adversos. Ontem finalmente foi lida (mas não pelo próprio) no parlamento a declaração de Mugabe renunciando à presidência e hoje o clima era ainda de festa nas ruas de Harare. Vive-se no entanto um ambiente de expectativa como conta o New York Times. Esperemos para ver o que acontece ao Zimbabué e a Mugabe.
O afastamento de Mugabe, aparentemente civilizado, sem escândalo nem violência, poderá não ser bom presságio para o Zimbabué na medida em que não haverá rotura com o regime que agora parece cessar. Pode isto simplesmente ser um sinal de que os militares e a ZANU-PF, não tenham nada para criticar na pessoa Mugabe nem nos 37 anos ele que esteve no poder. Poderão apenas e só não gostar de Grace Mugabe, de 52 anos, sua mulher designada para suceder ao ditador depois de este ter demitido o vice-presidente Emmerson Mnangagwa a 6 de Novembro. Com 75 anos, Mnangagwa é um dos mais antigos aliados de Mugabe tendo acompanhado o líder durante as negociações de independência do Zimbabué em 1980. Quem sempre foi leal a Mugabe não podia agora ser ultrapassado pela mulher do presidente (só desde 1996), que até há dois anos não tinha qualquer cargo político a não ser o de secretária presidencial.
No caso de só mudarem as moscas, Mugabe será quem menos tem a perder. Só não poderá vangloriar-se de que o Zimbabué é propriedade sua, mas continuará a viver sem dificuldade e não pagará pelo mal que fez ao país... a lealdade do novo líder assim o garantirá. Assim sendo, não se avizinha nada de bom nem para o Zimbabué nem para Grace Mugabe.
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