São como os livros -- não se pode ler tudo, nunca se sabe nada.
Feliz quem conhece só um deus, e o guarda em segredo.
Tenho todos os dias crenças diferentes --
Às vezes no mesmo dia tenho crenças diferentes --
E gostava de ser a criança que me atravessa agora
A visão da janela abaixo --
Comendo um bolo barato (ela é pobre) sem causa aparente nem final,
Animal inutilmente erguido acima ds outros vertebrados
E cantando, entre os dentes, uma cantiga obscena de revista...
Sim, há tantos deuses...
Mas dava eu tudo ao deus que me levasse aquela criança daqui p'ra fora...
Álvaro de Campos, Poesia
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É esta a entrada de hoje - domingo de Páscoa - no poemário Fernando Pessoa 2009.
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