22 outubro, 2017

Sem título #94

Os terríveis incêndios que percorreram centro e norte do país no passado fim de semana, mataram 44 pessoas (última contagem) e queimaram mais de metade da área ardida este ano, que já passa dos monstruosos 500,000 hectares. Este meio milhão de hectares é por sua vez mais de 50% da área ardida em toda a Europa em 2017. A tragédia humana, é comparável à dos incêndios da Califórnia que durante duas semanas consumiram menor área (cerca de 100,000 hectares ou 250,000 acres, a unidade de medida americana), mas essa mais densamente habitada.

Sem dúvida que as condições extraordinárias daquele fim de semana, combinando temperaturas e ventos anormais para esta altura do ano, potenciaram a dimensão da catástrofe ambiental. Mas tragédias humanas com esta dimensão em locais esparsamente povoados, resultam de falhas graves, sobretudo na organização de meios e pessoas no terreno, que infelizmente já tinham feito mais vítimas em Junho. 

Finalmente, parece que chegou a hora de parar com o discurso de que "vão continuar a acontecer tragédias destas." É altura de corrigir as falhas na cadeia de comando que não podiam ter acontecido. É altura de repensar a qualificação de meios e operacionais (bombeiros e protecção civil) que no terreno actuam porque só dedicação, muitas vezes não basta. É altura ainda de consolar os sobreviventes, em grande parte idosos, que perderam casa, sustento, família e que sem ajuda não conseguirão erguer-se da calamidade que lhes levou tudo e que, por capricho ou presunção, os deixou cá.

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