Em 2016 fui a três funerais, todos concentrados nos últimos cinco meses do ano. Ontem fui a outro no primeiro dia de anos que o meu pai já não está cá para festejar.
Apesar de todos sabermos que toda a gente morre, e que cada nascimento corresponderá um dia a um funeral, é sempre difícil aceitar a partida. As crianças e os jovens têm a vida pela frente. Os jovens adultos apenas começaram a vida profissional ou pessoal e por vezes têm crianças pequenas aumentando a dimensão da tragédia. Os de meia idade ou os jovens idosos, já com alguns problemas mas ainda assim com saúde estável, teem ainda muito para viver e não gozam o merecido descanso da reforma. Os velhos de frágil saúde fazem-nos falta, especialmente quando não temos memória de um dia os ter conhecido pelo que contribuíram para aquilo que somos e fazem parte da nossa vida.
Das muitas palavras amigas que ouvi há cinco meses lembro que o momento da partida não representa os que se vão embora. O tempo nos ajudará a pôr essa memória em perspectiva no meio de tantas outras memórias felizes que temos, e ainda bem que as temos.
O meu tio teve uma longa vida que à sua dimensão construiu à conta do seu trabalho e dedicação. Generoso, sempre ajudou o seu próximo e ontem foi comovente ver tanta gente que isso reconheceu. Para mim em particular teve uma atitude que não esqueço. Quando me candidatei para estudar fora e fui depois aceite numa universidade, a certa altura aguardava ainda pelo resultado das candidaturas a bolsas de estudo para poder decidir se ía e quando ía. Foi nessa altura que o meu tio me disse que eu deveria continuar os meus estudos independentemente das candidaturas às bolsas porque ele me patrocinaria. Não foi necessário mas sei que que o teria feito com gosto.
Obrigada, tio.
1 comentário:
Cláudia, lamento que os últimos tempos não estejam a ser, de facto, fáceis...
Os meus sentimentos pelo teu tio, o qual, de acordo com as tuas palavras, sempre te deu força para a continuidade dos teus estudos, sendo sinal que acreditava em ti.
Certamente que essa postura te ajudou/ajuda no teu percurso, sobretudo quando aparecem algumas "pedras" no caminho que precisam de ser ultrapassadas.
Bjs e Força!
SP
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