A recente descoberta de (mais) falsos licenciados no governo faz lembrar a comédia dos anos 30 onde Vasco Santana, estudante, gostava mais de namorar, beber, folgar e cantar do fado do que de ir às aulas a que faltava sete dias por semana. Por isso não tinha ainda concluído a licenciatura apesar de estudar medicina há já muitos anos. A velha máxima mais vale sê-lo que parecê-lo não lhe servia, preferindo antes parecer doutor do que dar-se ao trabalho de o ser... chamarem-no doutor era suficiente e dava para convencer quem ele queria enganar, as tias da província que o sustentavam há anos e que o vieram visitar a Lisboa.
No caso dos actuais dirigentes governamentais apanhados em semelhante situação, a falta de licenciatura não os desqualifica das funções que desempenham porque detêm cargos de confiança política que não são sujeitos a concurso público e por isso não obedecem aos requisitos inerentes à execução de determinado nível na função pública. Se a declaração de falsa licenciatura não tem benefícios salariais, então só pode entender-se no contexto de um país que valoriza a fachada do título de "doutor"... já dizia Vasco Santana: vêem como eu sou doutor? Então sou, ou não sou doutor?! Chame-me doutor, homem! Mais alto!!
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