07 outubro, 2015

Num país a fingir #53

Num país a fingir há um novo partido político que vai a eleições com uma plataforma que se baseia, entre outros aspectos*, em "resgatar as pessoas e as empresas" e na "renegociação da dívida". 

No rescaldo das eleições toda a vontade de mudar ficou pelo caminho sem eleger um único deputado. Não é só o emprego do dito líder partidário que está em causa, é também a subvenção estatal que não chega se o partido em causa não obtiver pelo menos 50,000 votos. Agora que murchou a papoila livre, vem o dito partido lançar uma campanha de angariação de fundos para pagar as dívidas que contraiu durante a campanha eleitoral "a bem da saúde financeira" dos pequenos fornecedores com quem contraiu grande parte da dívida no valor de €110,000.

Para além da falta de vergonha, falta aqui também um pingo de coerência. Salvar as empresas significa primeiro que tudo não as pôr em risco financeiro. Renegociar a dívida, pelos vistos, não é estratégia eficaz senão certamente teria sido esse o caminho tomado e não a angariação de fundos. Este Tempo de Avançar ensinou mais do mesmo ao país: primeiro endivida-te, pagar logo se vê!
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* Alguns reciclados de campanhas antigas com partidos igualmente defensores de ideologias demonstradamente utópicas. "Libertar o Estado da captura privada" soa bem melhor que "nacionalizar, nacionalizar, nacionalizar"... sempre a mesma cassette!

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