Há 632 anos morria em Lisboa D. Fernando (o belo, o inconstante, ou o inconsciente) abrindo a porta à primeira crise dinástica portuguesa, ou seja a primeira verdadeira crise de sobrevivência da nação.
Fernando não deixou descendência masculina, mas deixou um belo de um nó cego, talvez inconscientemente, por desfazer. Em Maio de 1383, já muito doente, Fernando casou a sua filha Beatriz de 10 anos de idade com o rei João I de Castela. Deixou também Leonor Teles sua mulher (a aleivosa, como indica o nome nunca foi querida nem pelo povo nem pela burguesia, nem por alguma nobreza, fruto das circunstâncias em que terá casado com o rei) como regente do reino por menoridade da filha. Ficava o trono de Portugal reservado a um futuro e hipotético neto de D. Fernando que deveria ser trazido para Portugal três meses depois de nascer e ali criado e educado sob tutela da avó (Leonor Teles) ou em caso de morte desta, quem ela nomeasse. Esta alternativa desagradava, e muito, a muita gente dado que após a morte de D. Fernando, João Fernandes Andeiro (o amante galego de Leonor Teles) assumiu um papel preponderante na regência do país. Apoiado pelo povo e por alguma da nobreza, o mestre de Avis (irmão bastardo de Fernando) assume-se como pretendente ao trono.
Viveu-se então de 1383 a 1385 um período de anarquia e revolta em que o Conde Andeiro morre defenestrado, Leonor Teles abandona Lisboa e refugia-se em Santarém onde virá a abdicar da regência em favor da filha e do genro. A posterior invasão castelhana viria a resultar na Batalha de Aljubarrota de onde o mestre de Avis sairia vencedor. Iniciava-se então a dinastia de Avis.
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