Somos sempre três nesta galera. Dois para fazer conversa e eu para remar.
Como é duro o pão quotidiano, duro de ganhar e duro de pagar!
Estes dois tagarelas são a minha única distracção, mas de qualquer forma é duro vê-los comer o meu pão.
Estão sempre a falar. Se não estivessem sempre a falar, dizem eles que certamente a imensidão do oceano e o barulho das tempestades me esgotaria a coragem e as forças.
Fazer avançar sozinho um barco, com um par de remos, não é nada fácil. É melhor que a água não ofereça resistência ... mas oferece-a. Oferece-a, sobretudo certos dias ...
Ah! Como gostaria de abandonar os meus remos.
Mas eles estão de olho em mim, sem terem mais que fazer, alem de conversar, e comer-me o pão, a minha pequena ração já dez vezes diminuída.
de A NOITE REVOLTA
(Henri Michaux, Antologia, Relógio d’Água)
30 setembro, 2006
Palavras lidas # 14
No Times de hoje #7
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"If you think finding a space to park a car in New York City is hard, try finding a spot for a 203-foot-long supersonic jet. (...)
'Ideally, we’d want to keep it in Manhattan, in New York City, in some place that’s high in traffic on the tourism beat, so to speak,' Mr. Lampl said. But, he added, 'It’s not something that you can just park in the middle of Fifth Avenue.' (...)
He characterized the odds of finding a temporary home in Manhattan as “slim” but like a New York driver circling the block for the fourth time, he held out hope that a parking space would present itself.
'I think we’re going to find a home for it and I hope it’s one of prominence,' he said."
29 setembro, 2006
Cultura democrática
Segundo a imprensa de hoje o orçamento de Estado é elaborado tendo em consideração uma lei que nem sequer começou a ser discutida no Parlamento.
Regime democrático é isto: a proposta está tão bem feita, tão bem feita que, apesar de ter sido elaborada pelo Governo, e ser uma matéria da competência da Assembleia da República, o Governo tem a certeza que não será alterada.
Foi impressão minha, ou ainda hoje, o Governo admitiu que pudesse haver alterações?
Bem sei que ser apoiado pela bancada da maioria, e ainda por cima absoluta, é uma situação muito confortável! Mas, poupem-nos, ao menos façam-nos crer que respeitam as instituições.
Estamos de acordo Sr. Ministro
O Sr. Ministro das Finanças Teixeira dos Santos, embuído de espírito de justiça social, disse hoje que os aposentados da função pública vão passar a ser contribuintes da ADSE! Isso mesmo. Porquê mudar? Porque é INJUSTO que sejam todos os portugueses a pagar para que os aposentados da função pública tenham um regime distinto de assistência na doença. Eu também acho Sr. Ministro... olhe, se lhe serve de conforto, perante tanta contestação dos funcionários públicos, eu estou nesta consigo!! Sim sr!
Quem usufrui que pague!! Caso contrário é uma tremenda injustiça!
Mas já agora Sr. Ministro, eu que até não sou funcionário público e que até hoje tenho ajudado a pagar para que esses malvados tenham essa assistência que eu nem conheço, parecendo até que sou pai ou mãe deles, gostava de saber quanto é que vou deixar de descontar nos meus impostos? Sim, porque se vou deixar de pagar quero saber quanto é que isso me tem custado ... o mesmo é dizer, quanto é que já a partir do próximo ano me fica no bolso!! Quanto Sr. Ministro?
28 setembro, 2006
Guerras, pelo poeta popular
À guerra não ligues meia,
porque alguns grandes da terra,
vendo a guerra em terra alheia,
não querem que acabe a guerra.
Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo,
calai-vos, que pode o povo
q'rer um mundo novo a sério.
(António Aleixo)
Imagem daqui
27 setembro, 2006
Pássaros
Há pássaros que querem levantar voo,
e não conseguem. Não estão presos,
o céu está livre, nada os impede de voar.
Mas ficam parados, como se não tivessem
asas, ou a terra os hipnotizasse. Não
precisam de gaiola; podemos abrir
portas e janelas: o seu lugar é onde
estão, e hão-de ficar. Mas os dedos
que tocam o seu corpo frágil
sentem uma hesitação; e os olhos
que os fixam adivinham o desejo
de se libertarem. Porém, estão
imóveis. São os pássaros que
não conhecem outono nem inverno,
os que não sabem para que lado fica
o horizonte, os que nunca roçaram
o dorso das nuvens. Tenho estes
pássaros na cabeça; e mesmo
quando lhes abro o campo do
poema, não saem de dentro de mim,
ensinando-me o seu canto.
Nuno Júdice
Aqui
26 setembro, 2006
No Times de hoje #6
Ontem à noite juntaram-se mais de 900 pessoas em Times Square onde a famosa ópera foi transmitida em directo nos gigantescos ecrans da praça, juntamente com o trânsito caótico, o movimento acelerado de pessoas, as luzes dos neons publicitários, etc. Tudo isto a meros 20 blocos a sul do próprio Met no Lincoln Center. Ficam as fotos (skip the ad), o artigo e um excerto.
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Bicyclists and passers-by stopped, seemingly mesmerized by the giant images of “Madama Butterfly” glaring through the night sky over Times Square. About 900 people sat in red-cushioned chairs behind red velvet ropes on Broadway. Neon advertisements for beer and the Internet competed with a tenor and a soprano singing out their passion.
The Metropolitan Opera embarked on a new era with a season-opening gala last night that dripped wealth and celebrity but also included an unprecedented dose of populism: a simulcast in Times Square, where the giant Panasonic, Nasdaq and Reuters screens beamed Puccini’s tale of love and abandonment north to a blocked-off section of Broadway.
25 setembro, 2006
24 setembro, 2006
23 setembro, 2006
No Times de hoje #5
O anúncio do novo programa do Met de emissões em directo para salas de cinema em todo o mundo acompanhando o já regular programa de emissão em directo para rádio, foi mais um passo nesta grande máquina de expansão do público alvo do Met.
Ontem foi o dia de "casa aberta" (open house) para o ensaio geral da ópera de Puccini. Bastava ter ficado na fila na quarta feira para receber um bilhete que permitia passar a sexta feira no Met de borla, com direito a almoço, a ver o ensaio geral, sessão de perguntas e respostas e no final a passar pelo palco e bastidores.Vem tudo hoje no artigo "Puccini for the People: The Met’s Free Lunch" do New York Times de hoje.______
"It was open house at the Met, when the hoary and staid home of grand opera allowed the unwashed rabble (actually, many seemed to be opera lovers) through its doors, free, to wander the house, view exhibits and listen to a question-and-answer session."
22 setembro, 2006
Matar o mensageiro
O Ministério Público acusou hoje dois jornalistas do "24 horas" não discuto. Não conheço o processo, como a maioria dos portugueses não devia conhecer uma vez que se encontra, pelo menos teoricamente, em segredo de justiça. E digo teoricamente porque não foram os dois jornalistas hoje acusados que violaram tal figura.
O Ministério Público hoje, embora não surpreendentemente, matou o mensageiro. E os outros? Sim, e os outros?
No dia seguinte ao escândalo que estremeceu o país, ou no próprio não posso já precisar, o Procurador Geral da República foi chamado a Belém para esclarecer junto do Presidente da República o que tinha acontecido.
Na altura o Sr. Procurador não soube esclarecer, lembram-se?
Abria um inquérito para apurar responsabilidades, lembram-se?
O inquérito seria rápido, lembram-se?
Bem sei que o tempo é muito relativo mas passaram oito meses. Ainda é cedo?
De acordo com uma nota enviada pela Procuradoria-Geral da República hoje à Lusa, "não foram recolhidos indícios da prática de crime ou de qualquer responsabilidade disciplinar imputável a magistrado, oficial de justiça ou funcionário da Polícia Judiciária, em relação com a obtenção, depósito e manutenção no denominado processo Casa Pia de ficheiros contidos nas disquetes guardadas no envelope 9".
Na segunda semana de Outubro toma posse o novo Procurador e hoje foram acusados dois jornalistas.
Preciso, preciso mesmo, acreditar no funcionamento do sistema. Preciso acreditar que apesar das demoras, a justiça faz justiça.
Mas também não posso esquecer aquilo que já há uns anos aprendi "quem tarde vence fica vencido"
21 setembro, 2006
Debaixo do chão
Nesses dias, o monumento pode ser visitado gratuitamente entre as 10h e as 13h e, durante a tarde, entre as 14h e as 18h. O acesso às galerias, contemporâneas da cidade de Olisipo (nome romano de Lisboa), será feito em grupos orientados por técnicos do Museu da Cidade, permitindo conhecer uma rede de galerias perpendiculares de diferentes alturas, provavelmente utilizadas na época imperial romana para armazenamento e trabalhos técnicos.
Descobertas 16 anos depois do grande terramoto de 1755 no subsolo da Baixa de Lisboa, durante os trabalhos de reconstrução da cidade, as galerias romanas terão sido edificadas entre o século I a.C. e o século I d.C., tendo em conta as suas características arquitectónicas e construtivas.
Numa sala perto de mim #16
20 setembro, 2006
Foi neste dia #44 (1519)
Foi neste dia que o português Fernão Magalhães começou a sua grande aventura da circumnavegação terrestre, ao saír de Salúncar de Barrameda (província de Cádiz) na foz do Guadalquivir... faz hoje 487 anos!
19 setembro, 2006
No Times de hoje #4
Tudo a propósito de um tal de Clarence E. Hill, prisioneiro na Florida sentenciado à pena de morte para ser executado no inverno passado. O Supremo Tribunal suspendeu a execução em resposta ao apelo do Sr. Hill de que "o método de injecção letal causa tanta dor que viola o princípio constitucional relativo a castigos cruéis e fora do comum". Disse o Supremo Tribunal em Junho que o distrito federal de Tallahassee (a capital do estado da Florida) teria de considerar o argumento e fazer alterações ao procedimento. Foi um abrir de porta para novos processos por parte de outros presos condenados à morte por todo o país.
A semana passada o governador da Florida, Jebb Bush, voltou a marcar a execução do Sr. Hill antes que o tribunal distrital revisse o caso. De imediato o tribunal rejeitou novamente o caso, para surpresa dos grupos de oposição à pena de morte. Seguiu mais um apelo para o Supremo Tribunal e os advogados em ambos os lados do conflito estão expectantes para ver como o caso do Sr. Hill vai afectar o uso de drogas letais em 37 dos 50 estados norteamericanos.
A execução do Sr. Hill está marcada para amanhã dia 20 de Setembro.
18 setembro, 2006
Parece que estou a ouvir # 3
Desert Rose
I dream of rain
I dream of gardens in the desert sand
I wake in vain
I dream of love as time runs through my hand
I dream of fire
Those dreams that tie two hearts that will never die
And near the flames
The shadows play in the shape of the mans desire
This desert rose
Whose shadow bears the secret promise
This desert flower
No sweet perfume that would torture you more than this
And now she turns
This way she moves in the logic of all my dreams
This fire burns
I realize that nothings as it seems
I dream of rain
I dream of gardens in the desert sand
I wake in vain
I dream of love as time runs through my hand
I dream of rain
I lift my gaze to empty skies above
I close my eyes
The rare perfume is the sweet intoxication of love
I dream of rain
I dream of gardens in the desert sand
I wake in vain
I dream of love as time runs through my hand
Sweet desert rose
Whose shadow bears the secret promise
This desert flower
No sweet perfume that would torture you more than this
Sweet desert rose
This memory of hidden hearts and souls
This desert flower
This rare perfurme is the sweet intoxication of love
(Sting)
16 setembro, 2006
No Times de hoje #3
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"Juliet the carriage horse held forth for about two decades on the south end of Central Park taking tourists on slow romantic rides through the park. She was the cute white horse whose owner outfitted her head with the elegant white tassel that bobbed as she clip-clopped ahead of her carriage on loops from the Plaza Hotel to Tavern on the Green and other prominent spots.
But as elegant as Juliet was in life, she was undeniably inelegant in death on a rainy morning yesterday, lying flat on her back on the dungy concrete floor of a Hell’s Kitchen stable, her legs stiff in the air."
15 setembro, 2006
14 setembro, 2006
Numa sala perto de mim #15
13 setembro, 2006
Foi neste dia #43 (1993)
No Times de hoje #2
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"We would like a bottle of Pellegrino. The waiter brings the Pellegrino. There are four of us at the table. The waiter brings glasses for the Pellegrino. The glasses happen to be extremely tall. Tall glasses are not necessarily the best glasses for Pellegrino, but before I can say a word on this profound subject, the waiter pours the Pellegrino into the tall glasses.
When the waiter is done pouring, there’s a tiny amount of Pellegrino left in the bottle. My husband takes a sip of his Pellegrino, and the waiter is back, in a flash, with the last drops of our Pellegrino. He tops off my husband’s drink.
The first bottle of Pellegrino is now gone. We’ve been at the table for exactly three minutes and somehow we’ve managed to empty an entire bottle of Pellegrino.
“Would you like another bottle of Pellegrino?’’ the waiter says.
I haven’t even had any of this one!
I don’t actually say these words."
11 setembro, 2006
Foi neste dia #42 (1906)
Fica a frase: "An eye for an eye makes the whole world blind".
10 setembro, 2006
Parece que estou a ouvir # 2
Chega de Saudade
Vai minha tristeza
E diz a ela que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece
Que ela regresse
Porque não posso mais sofrer
Chega de saudade
A realidade é que sem ela
Não há paz Não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim
Não sai de mim
Não sai
Mas, se ela voltar
Se ela voltar que coisa linda!
Que coisa louca!
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos
Que eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços, os abraços
Hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calada assim,
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio
De viver longe de mim
Não quero mais esse negócio
De você viver assim
Vamos deixar esse negócio
De você viver sem mim...
(Tom Jobim & Vinícius de Moraes - 1956)
09 setembro, 2006
Num país a fingir # 7
Em 30 anos passou-se dos alunos vítimas dos maus tratos dos professores, para os professores que são vítimas dos maus tratos dos alunos.
Num país a fingir a legítima autoridade de um professor dentro de uma sala de aula é um conceito tão teórico como qualquer outro que faça parte do programa a ministrar pela vítima.
Como continuamos a olhar para a consequência e não para a causa cria-se uma linha telefónica com apoio psicológico e jurídico para os professores (será que esta categoria ainda existe?) vítimas de violência.
Em jeito de balanço
Henrique Monteiro, "Cavaco Silva, o sim e o mas", hoje no renovado Expresso
Foi neste dia #41 (1976)
Só a partir deste dia é que a China teve a possibilidade de crescimento económico que hoje é patente, graças a Deng Xiao Ping que começou o lento processo de abertura com "Um país dois sistemas". Deng, não tem o seu cadáver mumificado, nem uma fila contínua todos os dias à porta de um luxuoso mausoleu público na maior praça do mundo. Fica essa "sorte" para os verdadeiros tiranos da história do século XX: Mao (China), Lenin (Rússia), Ho Chi Minh (Vietnam), Kim Il Sung (Coreia do Norte)...
07 setembro, 2006
No Times de hoje #1
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Com uma nova gerência, o teatro de ópera de Nova Iorque - Metroplitan - anunciou ontem que iria adicionar à normal época de emissões de ópera em directo para rádios em todo o mundo, emissões em directo para salas de cinema nos Estados Unidos, Canadá e Europa. O objectivo é aumentar o público alvo do Met e, com os novos acordos, conseguir ainda mais financiamento para um negócio cujas produções encarecem a cada ano que passa. O artigo está interessante, mas o título está ainda mais "The Multiplex as Opera House: Will They Serve Popcorn?" ;-)
Cinco anos passados sobre o dia 11 de Setembro de 2001, o New York Times debruça-se neste artigo sobre a população actual de Nova Iorque, mostrando o contraste entre aqueles que já viviam na cidade antes daquele dia e dos que chegaram depois. Ficam as frases do autor do artigo, porque eu não consigo dizer melhor:
“On the side of those who lived in New York, you can share a sense of trauma both layered and ill-defined. (…) On the other side, you can feel like the new boyfriend at your girlfriend’s family reunion the year somebody died — somebody young, somebody you never met.”
Foi neste dia #40 (1822)
É o único caso de relocação de uma família real (em exercício) fora do seu país de origem. De tal forma gostaram do país que queriam fazer dele a cabeça do império passando Portugal a ser colónia. Quando a familia real teve de regressar em 1821, cedendo a pressões da nobreza e à ameaça inglesa, D. Pedro disse o famoso "eu fico!"... e ficou, como imperador de um imenso território.
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06 setembro, 2006
Ditto # 11
Manuel António Pina, acerca das declarações de Freitas do Amaral sobre a passagem de aviões da CIA por Portugal, "Jornal de Notícias", 06-09-2006